spoiler visualizarMarília 15/07/2018
Piano Vermelho - o sobrenatural no pós-guerra.
Foi o segundo livro do autor que li, mais um que ressoará em mim como Caixa de Pássaros.
Um som misterioso e maligno que sai de uma cratera do deserto de Namibe que causa pânico no exército norte americano, pois ao seu ressoar, todas as armas se tornam inúteis. Será uma arma nuclear?
Por se tratar de um som, após duas tentativas fracassadas, o exército mandou os veteranos da banda marcial da 2a Guerra Mundial para investigar o som.
Entre o momento em que chegam ao deserto e o momento em que Philip Tonka desvenda o caso na sua 2a incursão à cratera, para mim ficou claro que a música, ao expressar os sentimentos de quem enlouqueceu com as guerras, atraia para a mina abandonada e para o deserto espíritos afins, espíritos que haviam enlouquecido tanto quanto os dois músicos que lá tocavam para os mineiros. Por isso, as armas não funcionavam. Ao verem os espíritos, os militares usavam a visão espiritual, a percepção astral dos elementares criados/ancorados pela música infernal, assim, as armas sendo físicas não funcionavam.
Acho que, talvez, a figura do bode e a fantasia de bode usada pelo espírito do músico na mina tem algo de demoníaco, conforme ele tocava a música, atraia mais energias devastadoras, causava todo o mal estar em quem ouvia, o que lhe dava ainda mais energia para continuar.
Quando Tonka toca sua música Be Here, coloca a situação no PRESENTE, todos os espíritos que, por sua vez, vivem no PASSADO desaparecem, terminando assim com sua maldição.
A própria filhinha da enfermeira apareceu na mina, pois sua morte foi causada pela negligência de seu pai que era um veterano perturbado da 2a Guerra.
"O meu sol me refaz" é muito significativo, e a tecla FA, a escolhida por Tonka, marca o FAZER, o que, ao meu ver, expressa a capacidade individual de FAZER seu renascimento no pós-guerra.
Seu sol, para mim, são os amigos, a música e, por fim, sua namorada.