spoiler visualizarChris 31/01/2022
Leitura UERJ 2020.
"Acreditava que, se Deus fez o homem conforme a sua imagem, então a justiça de Deus deveria ser feita por intermédio do homem, já que todo ser humano é a manifestação de Deus na terra. Quando um homem mata um homem, ele mata a imagem de Deus, e assim a imagem de Deus torna-se assassina e assassinada ao mesmo tempo."
Retirando esse trecho, e destrinchando um pouco, podemos lembrar de outra referência, de outro livro: a Bíblia.
"Pai nosso que estás no céu, santificado seja o vosso nome, ASSIM NA TERRA COMO NOS CÉUS"
O reino referenciado na bíblia é totalmente diferente do reino referenciado aqui - EMBAIXO DA TERRA - e é pelo nome que o livro já começou a me ganhar.
Aqui, fala-se sobre o mal, não somente o mal do homem, mas o próprio mal místico, o mal do passado e do presente.
Para contextualizar, a história se passa em uma colônia penal no Brasil para onde ladrões indo até assassinos e matadores de aluguel estão lá dentro para serem reabilitados para convívio em sociedade, mas a realidade é totalmente oposta, a colônia é uma colônia de extermínio. Não há interesse nenhum, e nunca haverá, do Estado em reabilita-lós e sim em extermina-lós.
Levando a figura marginalizada em que os indivíduos dentro do campo estão, pensamos a partir disso o mal místico e como devemos explorar de certa forma esse detalhe. O mal místico está nesse local desde antes de ser uma colônia de extermínio, pois há um passado de uma fazenda escravocrata nele.
Pois é, aqui entrego o grande enfoco do livro. Tanto homens da época do Brasil colônia quanto homens dessa colônia penal são homens subjulgados e marginalizados pela sociedade.
E o foco e a postura desse livro é totalmente anti punitivista. A grande necessidade desse livro é que a pessoa que vai ler, pense, e pense muito, para que caia em reflexão sobre o sistema carcerário no Brasil. Não podemos ser ingênuos, o Brasil tem 67% da população negra que compõe a população carcerária brasileira, o Brasil é racista, eugenista e punitivista. No nosso país cidadãos de bem saem as ruas para dizer "bandido bom é bandido morto" e ao mesmo tempo elogiam e fazem devoção a torturadores da época da ditadura.
A leitura é sobre o Brasil. E a reflexão que fica é: Como o seu passado ainda é referenciado e idolatrado?