luiza 23/07/2022
Só sei que estou aqui. E estou viva. E não estou sozinha.
"Nos meus sonhos, estou correndo em círculos no topo de um penhasco, mas tem um garoto de chapéu vermelho que me pega todas as vezes que eu tento saltar."
Um Ano Solitário é narrado por Tori Spring, uma adolescente de 16 anos, introvertida e desacreditada da vida, que cruza caminho com Michel Holden, um garoto alegre e vibrante. Os dois são atraídos a um mistério em comum: o anônimo Solitaire, e acabam descobrindo mais conexão do que imaginavam.
Não é novidade que a Alice Oseman consegue retratar sentimentos incrivelmente bem, sempre criando uma conexão inevitável com cada um de seus personagens, e nessa história não foi diferente.
Em todos os livros dela que leio me conecto muito com sua narrativa, sinto que ela escreve sobre adolescentes como se estivesse olhando de dentro, sob experiência própria de cada sensação corrosiva dessa fase, e é isso que torna seus livros tão bons.
Me identifiquei muito com a Tori, ela é uma adolescente que vive imersa em si mesma, e entrar na sua cabeça foi uma leitura angustiante, porém muito esclarecedora.
Esse livro me trouxe um acolhimento, de entender ser "normal" sentir certas coisas, como não estamos sozinhos em nossos conflitos mentais, e não temos que estar. Muitas vezes precisamos de alguém para reacender nossa luz.
E essa luz foi acesa na amizade entre a Tori e o Michel, os dois com seus extremos e suas próprias formas de observar o mundo, mas que, mesmo com toda dificuldade entre si, se entenderam e se fortaleceram no fim. Ambos não desistiram um do outro, nem se deixaram desistir.
Acredito que a mensagem que fica é que nem sempre nossa mente tem razão sobre as coisas. Mesmo sentindo que tudo ao redor aponta contra nós, tentativas sempre são válidas. Às vezes só numa mudança de perspectiva já se faz um novo mundo.
E por mais que a Tori odeie romances, essa história foi exatamente como um filme improvável, pois um Michel Holden não aparece do nada para nos salvar.
Acho que desaprendi a escrever resenha, mas o que importa é que eu gostei muito e recomendo demais!!!