Leh Paiva 21/07/2021
Nem todas as decisões fáceis são as certas a serem tomadas
É bom quando encontramos personagens diferentes dos milhares iguais nos romances de época. Talvez se fosse outra história, o conde seria o melhor partido de todos, o galã que apesar de não procurar casamento, é cercado de matronas doidas para casar suas filhas.
Mas não. Aqui encontramos um conde viúvo, marcado em seu interior pela raiva, amargura e tristeza, e em seu exterior por marcas de varíola. Toda sua família foi morta pela doença, sendo ele o único sobrevivente e responsável pela perpetuação de sua linhagem. Sua primeira mulher morreu no parto e agora ele precisa de uma nova esposa, capas de dar filhos a ele.
Por outro lado, poderíamos esperar uma viúva bela e rica, tentando recomeçar sua vida e abandonando o luto pelo homem pelo qual era apaixonada pois reencontrou o amor.
Mas não. Aqui nós vemos uma viúva estéril, pobre, que ainda mora com a sogra, que não sente qualquer sentimento pelo marido falecido e que não tem perspectivas de um novo relacionamento ou um emprego para prover a renda de sua casa. Seu marido morreu precocemente, não deixando uma boa situação financeira para seus familiares.
Até que a personagem principal fica sabendo que o conde precisa de um novo secretário e assume a vaga para si. O relacionamento entre os dois desde o início é consideravelmente bom, levando em consideração o péssimo temperamento do homem. Claro que soltam algumas farpas, mas são atraídos um pelo outro rapidamente.
A leitura é boa, já que considero que comigo a escrita foi bem fluída. Claro que para um livro escrito a mais de vinte anos atrás, não é perfeito. O comportamento do conde algumas vezes é inadequado, as vezes tem comportamentos agressivos, mas, infelizmente na época que foi escrito, esse comportamento era basicamente aceito e descrito em muitos romances de época. O que não significa que temos que tolerá-los, o que faz com que minha nota do livro caia um pouco. Além disso, se tornou cansativo em algumas partes, porque qualquer coisa que a Anna fizesse, ele ficava duro. Era irritante.
Mas, apesar de tudo, o livro tem várias partes divertidas e com várias pimentinhas. A personagem principal pode ser considerada um pouco empoderada por não agir conforme o esperado na época, mas algumas vezes quer voltar atrás em sua decisão devido a o que os outros iriam pensar. Mas, não podemos julgá-la por isso, porque a reputação era o que a mulher tinha de mais importante e era o que garantia o respeito perante toda a sociedade.
?-Então por que não aceitar a ajuda do doutor? É tão mais fácil simplesmente fazer o que as pessoas esperam de você, Anna.
-Pode ser mais fácil, mas não é necessariamente a coisa certa a fazer, mãe. A senhora entende isso, não é??