Carous 28/07/2020Nem só de decepção com autores negros foi marcado novembro. Tive a oportunidade de ler esta obra da Chimamanda Ngozi Adichie que ganhei no Clube do Livre da Saraiva do Riosul, em Botafogo - ou o clube mensal da Frini.
Na época, não tinha o hábito de ler contos. Achava que ler contos servia apenas para trapacear o balanço mensal ou anual de leituras. Até cogitei passar o livro adiante.
Tanto o Brasil quanto a Nigéria foram colonizados e saqueados por países europeus brancos, cujos reflexos dessa invasão são nítidos até hoje. Atualmente, os dois buscam recuperar a identidade desmontada pelos colonizadores. Porém o processo é diferente.
Notei similaridades entre a Nigéria e outros países latinos cujos cidadãos correm atrás de uma vida melhor para si e sua família migrando para os Estados Unidos. Apesar do choque de cultura, da dificuldade no idioma, de, às vezes , se submeterem a subempregos, há orgulho e alívio de buscarem sua parte do sonho americano.
Esse pensamento atinge de outra forma o Brasil, a meu ver. É outra classe social que sonha em morar na terra do Tio Sam ou na Europa. A recepção desses países com imigrantes brasileiros sempre soou para mim menos turbulenta.
Estou surpresa, mas não deveria, de saber que a Nigéria é um país tão machista quanto qualquer outro.
Comentei tudo isso porque nos doze contos deste livro encontraremos personagens que passam por essas situações, vivem conflitos pessoais sobre seu país natal, valorizar o estrangeiro mais que sua terra, sua cultura, seu país.
Acho que escrever gostei/não gostei dos contos é muito limitado e simplório. Eu refleti bastante enquanto lia as histórias. Nunca tive oportunidade de enxergar a Nigéria e gostei que a obra da Chimamanda me deu essa oportunidade.