@sentiroslivros 01/06/2020
Ninguém tá bem.
Ao pegar Estamos Bem, obra escrita por Nina LaCour e publicada pela Plataforma 21 (cuja capa com ilustração de Adams Carvalho conseguiu sintetizar a obra em perfeição), não fazia ideia que era temático LGBTQIA+ e fiquei encantada com a opção da autora por não alardear o fato. A trama dá um tom suave a todos os relacionamentos da personagem principal, não apenas ao amoroso.
Marin foi para a faculdade antes do previsto, perceptivelmente por fugir de algo, mas o recesso de fim de ano chega para que ela encare o que aconteceu e assim consiga seguir em frente. Para termos uma percepção clara de seus traumas, o livro intercala os capítulos entre presente e passado. Sabemos os seguintes fatos: sua mãe faleceu, ela morava com o avô e tem uma (ex-)melhor amiga ? Mabel, a qual evita de tal forma, que faz com que o contato entre ambas cesse. Mabel decide visitá-la por um fim de semana antes de ir para a casa dos pais. Nesse reencontro regado de desconforto e nostalgia, Marin se depara com as questões não resolvidas que tanto recusa.
?Tentei sorrir, mas falhei. O problema da negação é que, quando a verdade chega, você não está pronta.?
Uma obra repleta de significados, desde os diálogos até os silêncios. Temos acesso direto aos pensamentos da personagem principal, o que nos dá o real tamanho da depressão em que se encontra. A solidão atua como protagonista junto com Marin. No desenrolar da trama, somos expostos a todas as feridas que ela achava não ter como curar, que por existirem já estavam resolvidas. Marin se considera um fardo, então estar sozinha é seu destino.
É maravilhoso todo o seu processo de cura. Mesmo não tendo ajuda profissional, o que é indispensável em casos como esse, ela assume para si o problema, quer melhorar, e tem que se abrir para se redescobrir, em meio a todo o caos em que a dor a transformou.