spoiler visualizarraf 13/12/2020
não há verão
A personagem principal é extremamente conveniente para a história, recebendo o papel do clichê enraizado de sempre. A introdução, em que a autora nos dá uma ideia rasa de confiança e força, não dura nem um único capítulo. O plano de fundo com a família é passado, basicamente, para nos dar a ideia de que a Analu não é uma mulher manipulável, quando a protagonista nos mostra o contrário o tempo inteiro. Murilo só precisou aparecer duas vezes para que ela se sujeitasse a ele novamente, parecendo esquecer todo aquele drama no início da história em um piscar de olhos. Não vou dar abertura para comentar dos personagens, porque é fácil imaginá-los como qualquer militante "desconstruído" do twitter por aí. Tentam dar a famosa lacrada, a típica frase de efeito, a qualquer custo (e momento), quando tudo o que fazem é tomar decisões ("óbvias") erroneamente para tornar a leitura propícia e, consequentemente, mais extensa. A escrita fluiu, no começo, mas os diálogos forçados goela abaixo em um nível disney de sensibilização, personagens sem nenhum contraste (e desenvolvimento), simplesmente destruíram qualquer agrado anterior. Tudo se resolve em um passe de mágica clichê e frustrante, mas fiquei incrédula com a forma monótona e com as preocupações triviais que passam pela cabeça da protagonista durante todo o percurso.
A escrita começa formal e simples, leve de se ler, mas ao decorrer da leitura isso muda completamente (não estou incluindo gírias do cotidiano etc), a sensação que fiquei durante a leitura foi que a autora se perdeu completamente depois dos 30%.
Acontecimentos ilógicos, a "devoção" patética que a personagem principal tem pelos mocinhos (intercalando entre papéis de "não preciso de macho", para na página seguinte correr atrás deles), a falta de uma protagonista, personagens simples e mal aproveitados em um nível absurdo de se ler e essa pisada constante na tecla "traição" são atributos desse livro. Analu parece se concentrar em julgar e apontar o dedo para os demais que se esquece completamente de olhar para ela mesma, o que é frustrante quando devidamente não temos tanta mudança, mesmo depois que você já leu centenas de páginas. E, aliás, acontece tão pouca coisa relevante que fiquei chocada com as 300 páginas.
Enfim, acho que entrei no livro com bastante expectativa por já conhecer o mínimo da autora pelo canal dela, e a decepção veio com tanta força que mal acreditei. Mesmo que o livro tenha sido postado em 2017 e eu só o li agora, não pretendo arriscar os demais títulos da autora, embora respeite o seu trabalho.