Dilalilac 30/03/2020Um livro triste sobre uma jovem que quis sonharO livro é mesclado com o relato da própria Christiane (bem cru e real) que compõe uns 95% do livro, e uns 5% são opiniões da mãe, da polícia, dos médicos, de estudiosos que acompanharam ela em algum momento e etc.
É meio assustador como ninguém quer ver a situação da droga. O governo se isenta, como se dissesse: "A culpa não é minha, que deixei a sociedade saturada e insustentável por querer trabalhadores robôs que brigam em casa pelo estresse e acabam sem dar atenção aos filhos, que crescem em meios às brigas e em uma cidade de cimento sem lazer, a culpa é das crianças e dos estrangeiros".
Profissionais se recusando a tratar, afinal as instituições não recebiam apoio e nem sabiam como lidar com essa nova onda de drogados com menos de 16 anos.
O sistema de "Não vamos tratar, vamos prender" (sendo que nas cadeias tem droga igual).
A operação limpeza ao invés do tratamento, porque é cômodo e conveniente ignorar e fingir que está tudo bem.
Pais desesperados ao perceberem a situação dos filhos e sem nenhuma ajuda.
Pais que preferem o filho longe de casa, porque assim não têm que lidar com isso.
Pais que desistem das crianças.
E ainda tem o caso da prostituição infantil para arcar com a droga. E mais uma vez não há ajuda, pois pessoas que são "pais de família" querem usar essas crianças viciadas por meio dessa pedofilia institucionalizada.
As crianças que, para fugir da realidade, foram para as drogas, se sentindo acolhidas entre outras crianças com vidas tão complicadas quanto as suas próprias, acreditando que as doses em seus corpos fosse como sonhar, em um mundo que não lhes permitiu isso.
É um livro muito profundo e triste e que ensina muito. A Christiane realmente é muito inteligente, ela merecia um mundo melhor.