Willsp 13/02/2023
A cura não existe.
Aline Bei que escrita poderosa é essa que você possui minha filha? Soube trabalhar todas as dores, os traumas e todo clima fúnebre de forma poética extraindo significados tão complexos a partir de palavras tão simples.
Eu nem ia falar nada sobre o livro, só iria dar 5 estrelas e cabousse. Achei essa a análise mais difícil de se fazer, porque o livro não é de review, é de sensações. Uma leitura difícil, densa, mas digo em relação sentimentais. Me tocou profundamente, me fez sofrer muito em poucas páginas, término de folheio rápido, mas que acabou me acompanhando por horas.
O peso do pássaro morto me deixou tão reflexivo no que diz respeito a vida, a experiência da lida foi um tanto quanto pesada para mim, pois sou uma pessoa que não lido muito bem com a morte. Só de imaginar que ela pode chegar a qualquer momento e entrar sem pedir licença, me faz ter 8915928 tipos de ansiedade diferentes. A obra expõe não somente essa morte propriamente dita, mas também a morte em vida. Outro ponto é que não tem elo no mundo que consiga fazer uma conexão onde ambos sentem-se aliviados por estarem longe um do outro, por mais que haja um esforço unilateral o laço nunca irá se transforma em nó, muito pelo contrário, irá se desatar num piscar de olho. Tudo escorre e tudo é perda
mesmo quando estar se fazendo algo que imaginou que gostaria de estar fazendo. Por fim, é um livro duro, reflexivo e melancólico que mostra o quanto a vida pode ser insuportável. Eis aqui uma boa leitura com altas doses de realidade, bom para quem quer levar um choque, não esquecer tão cedo e ficar no canto do quarto chorando sem reação.
Imaginar o mundo deve ser mais bonito mesmo.