Luís Otávio 12/06/2020
Um padre herege e um ateu cheirando a incenso
Sempre que converso com religiosos sobre questões relacionadas a Deus, em algum momento da conversa eles me indicam o filme "Deus Não Está Morto"; penso que se eles tivessem um pouco de perspicácia, indicariam esse livro.
Uma obra primorosa, com dois profundos conhecedores da teologia, da filosofia e das questões humanas. Pe. Fábio de Melo e Leandro Karnal nos proporcionam reflexões importantíssimas, com temas delicados, tratando sobre a hipocrisia, sobre o amor, sobre a humanidade, a respeito do sobrenatural, sobre a vida, sobre a morte, sem medo de quebrar tabus e estereótipos que tanto um religioso quanto um ateu tem que carregar.
O respeito demonstrado por ambos é uma coisa realmente tocante, principalmente tendo em vista o sectarismo que estamos vivendo na nossa sociedade. Eu, como ateu, saí muito mais fortalecido na minha descrença; mas eu, como pessoa criado dentro da igreja católica, saio com um respeito ainda mais profundo à religiosidade alheia, aos símbolos, à importância que a religião tem para o mundo, seja para o bem ou para o mal.
É um debate realmente muito rico, muito esclarecedor e, em diversos momentos, hilário! Difícil dizer quem é mais cômico. Parafraseando o professor Leandro " quem dera se nós tivéssemos mais debates que não pretendessem desqualificar a razão alheia, mas conhecê-la."
A mensagem que fica é que, religioso ou ateu, o importante é sempre ter conhecimento, empatia e amor, pois são coisas fundamentais para o convívio harmônico com os demais seres humanos. Coisas fundamentais para o convívio harmônico consigo mesmo. Encerro com um frase dita pelo padre Fábio de Melo em diversos momentos do livro: "A quem não tem Deus, que tenha, pelo menos, Aristóteles."