Isa 21/08/2023
?Beleza é terror.?
?Beleza é terror. O que chamamos de belo provoca arrepios. E o que poderia ser mais aterrorizante e belo, para mentes como a dos gregos e a nossa, do que a perda total do controle? Soltar as amarras do ser por um instante, estraçalhar a estrutura de nossos egos mortais? ?
Talvez daqui um tempo eu consigo realmente ter uma opinião pra esse livro. Claro que amei, favoritei, e li como se minha vida dependesse dessa leitura para sobreviver. Mas o misto de emoções que sinto logo após terminar, é indescritível.
Posso começar com o básico: é uma leitura que te prende do começo ao fim. Logo no começo, no prólogo, já somos apresentados ao personagem que foi assassinado, e ao decorrer da primeira parte, conhecemos esse seleto e incomum grupo de seis estudantes de grego, liderados por um carismático professor, que é visto como uma divindade para eles.
Apesar de ser narrado em primeira pessoa, pelo ponto de vista de apenas um, você consegue visualizar e entender (?) todos os outros personagens. A escrita da autora é instigante, não deixa você parar de ler, e a maneira poética é o toque perfeito. Donna Tartt é uma autora acima da média, faz com que você se veja parte do grupo de amigos, que você está presente naquela história de algum jeito. Você sente as angústias, as emoções, os medos, anseios, os momentos bons e ruins, não apenas como espectador, mas como um protagonista.
A partir da segunda metade, após as explicações de como chegou ao assassinato, vemos as consequências do ato. Os sentimentos de remorso e arrependimento, o desespero, devaneios e loucuras dos cinco que sobraram é palpável. Você sente tudo junto com eles.
No final do livro, a autora conseguiu surpreender ainda mais. Não acho que posso chamar nenhum personagem daqui de herói, são todos completamente anti-heróis, são personagens cinzas, e não branco ou preto. Mas as atitudes finais de alguns foram dignos de heróis de tragédias gregas. São acontecimentos que ninguém prevê, pelo menos pra mim, me deixaram em choque.
Nas últimas trinta páginas, minha cabeça só sabia tocar ?Skyfall?, da Adele. São tantos segredos, em um emaranhado tão grande, que a qualquer momento do livro, todos poderiam ter a glória, ou encontrar a perdição juntos.