Entre Irmãs

Entre Irmãs Frances de Pontes Peebles




Resenhas - Entre Irmãs


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Filho Amado 08/03/2018

Pensei que não seria capaz mas o livro e melhor que a serie, que final perfeito.
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Driely Meira 01/03/2018

Um tesouro que deve ser lido por todos <3
Ela vai conseguir o que quiser. Vai fazer tudo o que puder, mas companheiros, sempre vai ser mulher! – página 305

Criadas pela tia, as irmãs Emília e Luzia não poderiam ser mais diferentes. Bela, morena e moderna para a época. Emília só queria se casar com algum cavalheiro (e não com os rapazes locais brutos e sujos) e se mudar para a capital (Recife). Já Luzia não tinha tantos objetivos na vida; sofrera um acidente quando criança e aleijara um de seus braços, o que significava que nunca iria se casar, então ela não se esforçava como a irmã. Na verdade, Luzia simplesmente fazia o que sentia vontade de fazer, era livre.

Tudo muda quando o grupo de cangaceiros do temido Carcará (conhecido por arrancar os olhos de suas vítimas) aparece em Taquaritinga do Norte e humilha o coronel local, além de levarem Luzia consigo. Ela havia chamado a atenção do capitão daquele grupo, e como logo a tia morreria e Emília iria embora, o que sobraria para ela? Sendo assim, Luzia aceita seu destino e acaba indo para o meio da caatinga com aqueles desconhecidos temidos por todos.

Por mais que eu estivesse doida para ler este livro quando ele foi relançado pela editora, enrolei MUITO para lê-lo, o que me dá até vergonha, pois a editora havia me dado um e-book de cortesia, mas eu queria porque queria ter o livro em mãos, então acabei comprando-o e só então o li. O início demorou um pouquinho para me envolver; a história começa no ano de 1935, quando Emília já está vivendo “outra” vida, e se preocupa com o destino da irmã. Depois voltamos no tempo e acompanhamos as meninas durante a infância, e como a história apresenta o ponto de vista de ambas (em terceira pessoa) é muito fácil perceber que uma inveja a outra.

Ao longo do livro, vamos acompanhando Emília vivendo em Recife, no meio de famílias tradicionais e novas, tentando se encaixar numa sociedade que a vê apenas como a garota que veio do interior, e que poderia ter morrido por causa da seca. Ela sofre num casamento sem amor (haviam se casado porque ambos precisavam daquele casamento), vive com pessoas que a criticam o tempo todo, e pensa na irmã perdida para o cangaço, imaginando o que Luzia estaria fazendo, e se ainda estava viva. Depois que a irmã se foi, a tia de ambas (Sofia) morrera de desgosto, deixando Emília sozinha e desamparada.

“Uma boa costureira tem de ser corajosa. ”

Já Luzia passa fome, cansaço e sede no meio da seca da caatinga, onde aprende o que pode beber, comer e usar para curar doenças e infecções. Ao mesmo tempo em que tem a afeição e o interesse do Carcará, ela também possui o ódio e desgosto de outros cangaceiros que acreditavam que ter uma mulher no grupo dava azar, e mesmo após conquista-los aos poucos com seus bordados e sua coragem, ela ainda precisava mascarar seus sentimentos e não deixar transparecer muitas coisas, ou seria deixada de lado.

Eu custei a gostar de Emília, enquanto Luzia me conquistou desde o início. Talvez seja por ter se machucado e depois ter sido tachada de “Vitrola” – por causa da deformação do braço, - mas eu sentia uma afeição muito grande por Luzia, e gostava até mesmo de alguns dos cangaceiros. Acho que isso pode ter a ver com o fato de eu ter adorado a novela Cordel Encantado (rede Globo, 2011) e ter gostado dos cangaceiros de lá...haha’ mas eu simplesmente adorava os momentos em que a história focava em Luzia, e torcia muito para que ela conseguisse levar uma vida tranquila e decente depois de tudo aquilo.

Já com Emília foi um pouco mais difícil. Entendi que ela queria deixar a cidade fofoqueira para trás e recomeçar num lugar grande, onde seus sonhos coubessem, mas no início ela me pareceu um pouco fútil, e eu só fui começar a gostar dela quando vi que Emília lutava pelo o que acreditava, e até sufragista virou, participando de movimentos que lutavam pelos direitos femininos ao voto, e também tentou criar um negócio só seu, o que me deixou orgulhosa. Além disso, era ela quem se preocupava com os atos do marido (Degas) infiel e da irmã (conhecida agora como Costureira, tanto por ser ela quem fazia bordados nas roupas de seus companheiros como por ser ótima atiradora) cangaceira, o que era um fardo e tanto.

Sentiu um estremecimento de raiva. Estava habituada a ser objeto de falatórios – tanto em Taquaritinga quanto no Recife, as pessoas faziam fofocas a seu respeito. De um modo geral, porém, era por causa dos seus próprios atos, não dos de outra pessoa. Agora parecia que Degas e a Costureira podiam fazer o que bem entendessem, ao passo que a ela só restava se preocupar com as consequências. – página 480

Esse livro é simplesmente incrível, não acredito que haja outra palavra para descrevê-lo. Eu não sou fã de muitas descrições, mas Frances me conquistou com sua escrita, e eu me apaixonei pela história. Além de mostrar a relação linda (e verdadeira) entre as irmãs, o livro também mostra a pobreza e os problemas causados pela seca no Nordeste, passa pela Revolução de 30, a ditadura Vargas, a seca de 1932, a quebra da bolsa de NY em 1930 e alcança até mesmo o início da Segunda Guerra Mundial, quando Vargas se aproximou de Hitler, e depois seu suicídio. O livro traz também o movimento feminista sufragista, além de um costume horrível da época que consistia em cortar a cabeça de cangaceiros para medir seus crânios – acreditava-se que quando a pessoa possuía um crânio maior, isso demonstrava sua criminalidade.

Me afeiçoei tanto às personagens que, quando o livro estava acabando, comecei a me sentir angustiada e melancólica, pois não queria me despedir das irmãs, e não queria aceitar que uma delas não conseguiria alcançar tudo aquilo que merecia, mas assim como fez com o restante do livro, a autora criou um final maravilhoso. Se eu chorei? Claro. Quis ler tudo de novo e torcer para que o desfecho houvesse mudado? Ô se queria, mas consegui aceitar e até vi um pouco de poesia na maneira como a história de uma delas acabou, foi um desfecho maravilhoso, e Entre Irmãs entrou para os livros favoritos da vida.

Me arrependo um pouco por ter enrolado tanto para lê-lo, mas acho que não poderia tê-lo feito em melhor época. Emília e Luzia me inspiraram com sua força, coragem, determinação e ambição. Elas sabiam o que queriam e foram atrás, conquistaram respeito em meio a um ambiente totalmente machista (ambas) e mostraram o que podiam fazer. Claro que não aprovei todas as ações de Luzia, principalmente depois de anos no cangaço, mas até um certo ponto, eu a entendia. Essa é uma história que eu não vou esquecer tão cedo, e é uma história que merece ser lida e apreciada por todos.

“Já que vivo das armas, vou morrer pelas armas, não é?”


site: http://shakedepalavras.blogspot.com.br
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Ana 22/02/2018

Quando eu terminei de assistir Entre Irmãs — no formato de minissérie que passou na Globo —, fiquei tão mexida com a história das irmãs Luzia e Emília que não consegui parar de pensar na adaptação por muito tempo. Foi só um tempo depois que me toquei que o filme/minissérie foi baseado em um livro, publicado originalmente como A Costureira e o Cangaceiro, e que minha querida editora parceira havia relançado essa obra tão maravilhosa. Hoje, dias após ter finalizado a leitura, ainda penso nas melhores costureiras de Taquaritinga do Norte com um aperto no peito.

Emília e Luzia são duas jovens do interior de Pernambuco que foram criadas pela tia Sofia após a morte precoce dos seus pais. As irmãs não podiam ser mais diferentes: além das características físicas totalmente opostas, enquanto o sonho de Emília é se casar um cavalheiro e se tornar uma dama da sociedade para ir embora de uma vez do lugar onde vive, Luzia já aceitou o seu destino desesperançoso. Após um acidente ainda criança, a jovem ficou com o braço deformado e, obviamente, para os padrões daquela época — a história se passa nas décadas de 20 e 30 —, não despertava o interesse de nenhum rapaz.

Porém, a vida das irmãs toma um rumo totalmente diferente quando um bando de cangaceiros invadem Taquaritinga do Norte. Antônio, o Carcará e líder do grupo, se encanta com a personalidade de Luzia e resolve levá-la consigo. Não gosto muito de dizer que ela foi obrigada a acompanhar os cangaceiros, porque a todo momento Peebles deixa claro através dos pensamentos da personagem que ela foi por livre e espontânea vontade — até hoje não decidi se foi por medo de um dia ficar sozinha ou se foi porque ela também se encantou pelo Carcará.

Algum tempo depois da partida da irmã, tia Sofia acaba morrendo de desgosto. Sozinha e sem perspectiva nenhuma, Emília é "salva" por Degas Coelho, um estudante de Direito que mora em Recife e é da uma família extremamente respeitada na Capital. Assim, apesar de as coisas não acontecerem exatamente como ela imaginava, Emília se casa com Degas e, num piscar de olhos, se torna a sra. Coelho. Com uma narrativa em terceira pessoa que intercala os pontos de vista entre as duas protagonistas, vamos acompanhando os percalços de Emília para se integrar à sociedade ao mesmo tempo em que Luzia vai se tornando a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros.

Frances de Pontes Peebles conseguiu, com maestria, intercalar o real com o ficcional. Isso porque, apesar de todos os personagens terem sido criados pela autora, ela inseriu fatos históricos que realmente aconteceram, como a Revolução de 1930 (movimento que chega ao poder encabeçado pelo político gaúcho Getúlio Vargas), o direito do voto feminino até mesmo a atividade da frenologia, uma teoria que dizia que era possível determinar o caráter e o grau de criminalidade das pessoas pela forma da cabeça. O mais legal de tudo é que em nenhum momento essas informações se tornaram cansativas, tudo era parte essencial da história de Luzia e Emília.

E por falar nas protagonistas, é impossível falar delas sem citar da força que ambas carregam consigo. Luzia, de longe minha personagem preferida, enfrenta não só o machismo dos cangaceiros — em certo ponto, acaba conquistando o respeito de todos —, mas também a caatinga, que era tão impiedosa quanto os homens. Emília, apesar de não passar fome ou sede, acaba se vendo mais sozinha que nunca, pois o casamento não é nem um pouco o que ela esperava. Além disso, tem que enfrentar, a todo momento, uma sociedade hipócrita e cheia de segredos.

Preciso confessar que, no começo, achei muito estranho o fato de a editora ter alterado o nome da obra, principalmente por minhas partes preferidas serem as relacionadas à Costureira e o Carcará, mas o título Entre Irmãs é realmente muito mais pertinente. Apesar de estarem separadas, vivendo vidas totalmente opostas, Emília e Luzia nunca deixavam de pensar uma na outra. Era uma sensação diferente e emocionante vê-las acompanhando a vida de cada uma apenas através dos jornais. O amor, a preocupação, o sentimento de cumplicidade e confiança nunca deixaram de existir, e é justamente por isso que, ao meu ver, o livro juntava a vida das duas.

No Brasil, o cangaço é considerado como um fenômeno de banditismo, por causa dos crimes e da violência extrema cometidas pelos bandos. Mas, pelos olhos de Luzia, eu só conseguia enxergar seres humanos tão frágeis quanto quaisquer outros, que sentiam fome, frio, dor e tristeza. Na maioria das vezes, eles só queriam justiça, e eu conseguia entendê-los. Apesar da matança e da crueldade, eu não conseguia ficar contra o bando de Carcará. Para ser sincera, eu sentia ódio dos políticos por caçarem o bando, ódio das pessoas que julgavam, ódio de quem queria medir a cabeça do Carcará, de Luzia e do resto dos seus seguidores para comprovar o mau-caratismo deles.

Apesar das quase 600 páginas, a leitura flui muito naturalmente. A escrita de Peebles é tão ágil que, quando a gente percebe, 100 páginas já se foram numa velocidade incrível. A história em si não foi nenhuma surpresa para mim — aliás, a adaptação de Breno Silveira segue quase fielmente a saga criada por Frances, o que eu amei —, mas ainda assim me surpreendi. A partir dos detalhes, Frances de Pontes Peebles apresenta uma trama tão bem alinhavada quanto as costuras de Emília e Luzia.

site: http://www.roendolivros.com.br
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mabelslivros 09/02/2018

📚 RESENHA: Entre irmãs 📚

Mais uma leitura concluída e talvez eu não tenha palavras suficientes para descrever esse livro. "Entre irmãs" traz para os leitores uma história acima de tudo de força, mas também de garra e coragem. Imaginar a vida e os sofrimentos retratados nesse livro de forma tão realista, deixa os leitores sem fôlego. Muitas vezes me peguei sentindo na pele, o sol escaldante, a seca impiedosa, outrora a repreensão feita por uma sociedade que só sabe julgar.
A saga das irmãs Emília e Luzia começa na pequena cidade de Taquaritinga do Norte, uma pequena cidade do Agreste de Pernambuco. As duas irmãs órfãs vivem com a tia, seus pais morreram quando elas ainda eram pequenas. Emília e Luzia eram consideradas as melhores costureiras da região, aprenderam a profissão com a tia Sofia, mas elas queriam mais.

Emilia era a mais sonhadora das duas, sonha em viver na capital, longe daquelas terras secas. Queria sua própria casa, possuir luxos, um marido que fosse cavalheiro. Já Luzia perdeu muitos de seus sonhos depois de ter caído de um pé de manga e ficado com o braço deformado. Ela passou a ser A Vitrola - apelido que ganhou pós acidente -, sabia que nunca se casaria, que estava destinada a viver ali para sempre.

Mas a vida das duas muda completamente depois que chega à cidade um bando de cangaceiros liderados pelo Carcará, um homem temido por todos. Luzia segue caminho com os cangaceiros, passando a viver embrenhada na caatinga, comendo e bebendo quando tinha, vivendo do pouco que conseguia achar, aprendendo a lutar, a se esconder, a atirar, ganhando a confiança dos homens. Luzia agora não é mais a Vitrola, agora é a Costureira, temida e respeitada.

Já Emília, casa-se com o filho do respeitado criminologista Dr.Coelho e vai morar em Recife. Mas a vida dela assim como a de Luzia não será nada fácil. Aprenderá a se vestir, a se portar, a ser uma dama, tudo sobre o olhar atento da sogra. Vivendo sempre com constantes julgamentos e muitas vezes com medo.

A vida das duas volta a se cruzar. Mesmo depois de tantos anos, o respeito e o cuidado entre as duas prevalecem. O laço mais forte que pode existir.


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Maik 05/02/2018

Viva Carcará!
Tive vontade de ler o livro depois de assistir à minissérie da Globo, e não me decepcionei. O livro e a adaptação para a TV são ótimos, cada um a sua maneira. Mas falando especificamente do romance, é uma delícia de ler, um calhamaço de quase 600 páginas mas com uma escrita ágil que faz a leitura fluir muito prazerosamente. As protagonistas são cativantes, e a abordagem dos temas aqui é muito interessante, principalmente por trazer aspectos pouco mostrados quando se fala no nordeste do início do século XX e no cangaço. As personagens femininas são fortes e não estão lá para assumir papel de vítima. Alguns detalhes da seca e da jornada dos flagelados são mostrados de forma instigante, como pouco se fala, detalhes mórbidos e cruéis inclusive. Um retrato histórico interessante, e que enriquece a história.
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San... 27/01/2018

Fico muito chateada e indignada com determinados "macetes" que induzem as pessoas a erro. No Brasil livro não é barato. No Brasil, para infelicidade nossa, há uma cultura feia de querer levar vantagem em tudo. Esse livro é muito bom e, quando o li, em 2011, sob o título "A COSTUREIRA E O CANGACEIRO" (procurem nas minhas resenhas e vão encontrar meu comentário na íntegra), afirmei que o livro era um sério candidato às telinhas, com premiação garantida, porque é realmente muito. Tão bom que a rede globo exibiu minissérie em 4 capitulos, de 02 a 05 de janeiro/2018, com Marjorie Estiano e Nanda Costa (ambas na capa do livro) como protagonistas. Mas vamos combinar, mudar o nome do livro (mesmissimo livro e mesmíssima autora), chega a ser, no mínimo, desonestidade com o leitor, que adquire um livro que, por ser muito bom, já pode estar fazendo parte de seu acervo, mas com outro nome. Isso não é correto. Fica o alerta.
Silvana (@delivroemlivro) 27/01/2018minha estante
Concordo!


Márcia Naur 27/01/2018minha estante
Revoltante! A Globo como sempre controlando tudo.


João 19/06/2019minha estante
a arqueiro só usou o nome original do livro em ingles é pegou embalo do filme fora que titulo é capa ficaram mais vendaveis




Biia Rozante | @atitudeliteraria 26/01/2018

Me surpreendeu.
Demorei para iniciar a leitura de ENTRE IRMÃS mesmo sendo um livro ao qual estava super ansiosa para ler. Ainda que eu seja uma leitora ávida me intimidei por seu tamanho, é aquela velha história de se ter muitos livros para ler e não querer ficar preso a apenas um por muito tempo – quanta ignorância de minha parte -, até porque mesmo contendo mais de quinhentas páginas o li em um final de semana e a leitura foi surpreendente.

O cenário é o Brasil da década de 20 e 30, mais precisamente o nordeste brasileiro, a transição da republica velha até a ascensão de Getulio Vargas. Duas irmãs que só tem uma a outra. Que após a morte de seus pais foram viver com uma tia. Ali aprenderam sobre o ofício de corte e costura, religião e economia. Emília é uma jovem de beleza encantadora, do tipo sonhadora e romântica, que sempre nutriu o desejo de se casar com o amor de sua vida e se mudar para a capital. E Luzia é a menina desengonçada, atrapalhada, religiosa e aventureira que após a queda de uma arvore ainda na infância ficou com um braço torto, ganhado o apelido de vitrola, vista por muitos como inútil e incapaz de ser “mulher de alguém”. Jovens que pouco possuem em comum, a não ser o talento pela costura e o amor que nutrem uma pela outra. Que terão seus caminhos separados, mas que jamais se esquecerão.

“Lá no alto o céu era uma imensidão escura. Luzia se sentiu pequena diante dele, e teve medo. Mas se lembrou daqueles passarinhos que libertava, tanto tempo atrás. Lembrou que, depois que ela abria a portinhola, eles sempre ficavam parados, hesitando, na beirada da gaiola. E, então, saíam voando.”

Do outro lado temos cangaceiros. Não qualquer um, o mais cruel e temido de todos, Carcará e seu bando, que por onde passam espalham medo e devastação, que ao pousar os olhos sobre Luzia se encanta e não pensa duas vezes em levá-la junto a eles – escolha que ela toma de livre e espontânea vontade, ela se junta ao bando porque quer. Emília por sua vez fica para trás e precisa lidar com a morte da tia, uma sociedade crítica e injusta, aceitando assim um casamento sem muito amor e uma partida para a cidade grande – que mesmo sendo o que ela tanto sonhava -, se revela um grande arrependimento depois. Vidas separadas pelas escolhas e o destino, onde uma se torna expectadora da outra e seguem nutrindo o carinho que sentem e torcida para que a outra esteja bem e feliz. Duas realidades completamente diferentes, onde uma tenta ser aceita e se ascender socialmente, enquanto que a outra precisa se endurecer e sobreviver em meio a um sertão cruel, imprevisível e cangaceiros. É como seguir lendo duas histórias distintas, mas que ainda assim se paralela.

Duas jovens fortes, determinadas, que muito irão sofrer e precisar enfrentar. Cada uma a seu modo, mas não por isso menos impactante e doloroso. Emília exala simplicidade, sonhos e vontade de conquistar algo que a leve além, em alguns momentos a enxerguei como a mais frágil e me enganei, porque ela se revela muito mais determinada e decidida do que eu esperava. Já Luzia, essa me deixou arrepiada, mesmo tendo um braço torto ela não se limita, muito pelo contrário, vai à luta, enfrenta, afronta, sofre muito, sobrevive a uma seca assustadora e... Só lendo para sentir.

“(...) Certas coisas, porém, nem valia a pena consertar."

ENTRE IRMÃS é mergulhar em conflitos familiares, que fazem nossas emoções duelarem, é conhecer uma realidade que mesmo sendo tão real e presente até hoje por diversas vezes fechamos os olhos e só ignoramos. O fato é que é difícil falar desta obra sem mencionar toda sua riqueza cultural, a retratação do cangaço. A autora não poupou esforços para nos situar na época e misturou ficção com fatos reais, portanto é um livro rico, que nos ajuda a compreender e conhecer um pouquinho mais sobre a nossa própria história. Preciso mencionar também o machismo tão presente, ler uma obra que retrate isso só reforça o quanto já conquistamos, o quanto essa luta é importante e o longo caminho que ainda temos a percorrer. Além claro de falar de amor, amor entre irmãs que mesmo longe uma da outra jamais se esquecem, seguem torcendo, e se questionando como a outra está. Sobre se encontrar, descobrir seu lugar e se firmar ali. Sobre as muitas reviravoltas, dificuldades e obstáculos que sempre encontraremos no caminho, independente das escolhas que fizermos.

Eu gostei muito da leitura, me surpreendeu absurdamente, mas serei honesta e direi que alguns excessos nas descrições e detalhes me incomodaram por tornar a leitura um pouco cansativa. Falando sobre famílias, direitos das mulheres, preconceito, violência exagerada, cangaço, força, política e muito mais... ENTRE IRMÃS é uma obra envolvente, um misto de emoções, intensa, densa, um retrato da sociedade da época, de atos e ações que refletem até hoje.

O enredo está muito bem construído e estruturado, é notória a quantidade de pesquisa que a autora fez. Os personagens são bem desenvolvidos e apesar do foco ser as irmãs, todos os demais também conseguem passar sua mensagem e ter certa notoriedade. Os cenários foram muito bem explorados e essa facilidade da autora em descrever o lugar e os fatos nos permite se sentir inseridos na época, vivendo aquelas emoções. Acredito que a autora tenha usado de licenças poéticas para algumas cenas o que só enriqueceu ainda mais seu enredo. É uma obra repleta de referencias históricas, cheia de reflexões e muitas emoções. Vale muito a pena a leitura.

site: http://www.atitudeliteraria.com.br/2018/01/resenha-entre-irmas-frances-de-pontes.html
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thamirisdondossola 19/01/2018

Entre irmãs
"Entre irmãs", livro de Frances de Pontes Peebles, publicado pela editora Arqueiro, é um livro sobre família e laços que, mesmo com a distância e as consequências da vida, jamais são cortados.

Emília e Luzia são irmãs e moram com a tia Sofia, por conta da morte de seus pais. Elas são as melhores costureiras de Taquaritinga, uma cidadezinha simples do interior. As irmãs se amam, mas são completamente diferentes uma da outra. Emília quer se casar com algum homem sensível e cavalheiro da capital e sair logo do lugar onde vive. Já Luzia, por ter um braço deformado, não tem muitas esperanças para a sua vida, então passa seus dias costurando e rezando pela felicidade da irmã e pela saúde da tia.

De repente, a vida dessas duas moças muda completamente. Luzia é levada pelo bando de cangaceiros liderados pelo Carcará e sua vida começa a mudar completamente enquanto ela se transforma em uma cangaceira também. E pouco tempo depois, com a irmã desaparecida e a morte da tia, Emília se vê realizando seu sonho de se casar e se mudar de Taquaritinga, mas todas as coisas não são como ela esperava.

Emília e Luzia ficam sabendo da vida uma da outra por meio dos jornais. Enquanto Luzia tem a visão de que Emília se tornou uma mulher respeitável para a sociedade, Emília se dá conta de que a irmã agora é uma das líderes do bando do Carcará.

"- Eu fecho o meu corpo - disse ela então, e o lado esquerdo do rosto do Carcará se ergueu num sorriso." (p. 92)

"Entre irmãs" é um livro recheado de detalhes, e boa parte desses detalhes são baseados em histórias que realmente aconteceram, como por exemplo, o fato de os cangaceiros existirem. A história é, de modo geral, muito bem construída, tão bem construída que eu vibrava muito a cada ponto bem amarrado pela autora. É um livro longo, então detalhes são uma consequência, e apesar de amar imensamente essa história, algumas vezes os detalhes me entediaram um pouquinho.

A princípio, eu me senti atraída apenas pela história de Luzia, seu relacionamento com Carcará, sua evolução no bando de cangaceiros. Luzia é a minha favorita, não há como negar, e ela é uma personagem extremamente bem construída, minha nossa! Mas, com o decorrer das páginas, Emília foi se mostrando uma personagem muito especial também. Depois de casada, ela se envolveu com questões dos direitos das mulheres e o feminismo é bastante exposto por meio das ações de Emília (além, é claro, de também ser exposto por meio de Luzia, afinal, ela é a primeira cangaceira mulher). Isso e outras atitudes suas me fizeram admirar Emília também.

"- Os homens de verdade assumem a responsabilidade pelo que fazem. Não ficam botando a culpa na sorte. Ou nas mulheres." (p. 280)

Depois que você entra na história de "Entre irmãs", é quase impossível largar o livro, tudo é muito instigante, o leitor precisa saber o que vai acontecer com Emília e Luzia, se elas vão se reencontrar algum dia, como estão vivendo, se estão felizes, se pensam uma na outra. E tudo isso em meio a muita política, com a eleição de Getúlio Vargas, e medo, com o bando de cangaceiros do Carcará, que faz uma série de ataques em várias cidadezinhas.

"Entre irmãs" também aborda o problema que é a seca, a violência exagerada, o preconceito e também o bullying (com Luzia sendo chamada de “vitrola”), além de abordar o amor e como ele se constrói em situações inusitadas, a importância que uma irmã tem para a outra e mais uma porção de temas em suas 572 lindas páginas.

Se você procura ou gosta de histórias intensas, "Entre irmãs" é o livro ideal. Também é uma fonte de conhecimento sobre costumes e o que estava acontecendo no Brasil nos anos de 1920 e sequência. É um livro incrível, com uma história arrebatadora que pode prender o leitor de uma forma inexplicável. Leia! Apenas assim você entenderá a grandiosidade desta obra.

site: http://thamirisdondossola.blogspot.com.br/
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Leninha Sempre Romântica 19/01/2018

Quando soube da publicação desse livro fiquei completamente eufórica, ainda mais quando vi que ele seria adaptado para o cinema, com duas atrizes que admiro e acompanho. Só que boa leitora como sou não podia ler o livro depois de ver o filme, gosto sempre de comparar, ver as diferenças propostas na história e tal. Então, assim que recebi o livro já passei na frente na leitura, porém... tive alguns contratempos e não consegui ler de imediato, então o filme foi lançado, a vontade de ir no cinema era imensa, mas resisti bravamente.

Comecei a ler por partes, já que a história é bem descritiva e de certa forma forte.

Ler Entre Irmãs foi mais que um presente, o livro é um riqueza em forma de páginas e mais páginas, onde o amor fica em segundo plano e a narrativa envolve o leitor de tal maneira que fica impregnado na gente.

Emília e Luzia são duas mulheres completamente diferentes, uma é doce e sonha com um grande amor, e em ser uma dama da sociedade, enquanto a outra só quer viver no seu cantinho, costurando e amando sua irmã. Mas o destino faz das suas graças e acaba afastando essas duas pessoas que só tem uma a outra na vida.

Luzia é levada por um grupo de cangaceiros e acaba descobrindo um mundo totalmente diferente. Já Emília tem seu sonho realizado ao conhecer Degas, um homem da cidade que pode transformar sua vida, tirá-la do sertão e finalmente tornar seu sonho em realidade.

Acho que a maioria das pessoas ou assistiu ao filme, ou a minissérie apresentada pela Globo no começo do ano, mas se não leu o livro sinto informar, você perdeu muita coisa. O livro é rico em detalhes e alguns fatos que foram retirados do filme que por menor que tenha sido fez aquela diferença. Se você já se decepcionou com alguma adaptação sabe do que estou falando.

Não tem como não se sentir em meio à Caatinga junto de Luzia e os cangaceiros, sentir toda a sua revolta, seus medos, e vê-la usar de toda a sua coragem para se manter viva num ambiente inóspito. E não tem como não ver pelos olhos de Emília o quanto seus sonhos eram vagos, pequenos diante de tudo pelo que viveu depois que saiu do sertão e o quanto ela precisava aprender em meio à sociedade que a tratava como uma reles nordestina pobre e sem classe.

E temos tanto para descobrir nessa história, tantas nuances que vão deixando o leitor apaixonado, hipnotizado e refém dessa história única e enriquecedora. Eu amei cada página e me senti mortificada com o seu final.

Não entendo como as pessoas ainda preferem os filmes, já que os livros são tão ricos, tão mais profundos do que eles. Então, sendo assim, deixo aqui meu conselho: quer realmente conhecer a história de Luzia e Amélia? Leia Entre Irmãs, garanto que você vai se apaixonar.

site: http://www.sempreromantica.com.br/2018/01/entre-irmas-frances-de-pontes-peebles.html
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Galáxia de Ideias 11/01/2018

Um misto de sentimentos

De um lado, Emília. A jovem sonhadora e apegada às revistas femininas, dona de cachos bem definidos e curvas que a tornavam cobiçada pelo universo masculino na pequena cidadezinha onde vivia, da qual tinha em mente sair assim que encontrasse o amor de sua vida. Do outro, Luzia. Aventureira e devota à seus santos, a garota desajeitada que recebia dos moradores da mesma cidadezinha o apelido de Vitrola, devido ao braço torto que provinha da queda de uma árvore. Para a primeira, casar-se com alguém que a amasse e a quem pudesse amar de volta, era a grande meta. Já para a segunda, esta não era uma opção. Além do amor e habilidade pela costura, a única coisa que as irmãs mantinham em comum era, talvez, o amor uma pela outra.


"Duas meninas, uma ao lado da outra. Ambas de vestido branco. Ambas com um missal nas mãos. Uma delas tinha um largo sorriso no rosto. Seus olhos, porém, não combinavam com a felicidade rígida que a boca expressava. Pareciam ansiosos, na expectativa de algo. A outra tinha se mexido no momento em que a foto foi tirada e estava, portanto, fora de foco. A menos que se olhasse bem de perto, e que fosse alguém que a conhecesse, ficava difícil saber exatamente quem era."


Desde à morte dos pais, quando ainda eram crianças, Emília e Luzia viviam com a tia Sofia. Suas vidas giravam em torno de tecidos, religião e economias que precisavam ser feitas para a boa vivência do trio. A chegada de cangaceiros à cidade, de um cangaceiro em especial, pode ser, entretanto, o que está prestes a virar a vida de Luzia ao avesso. Emília, por outro lado, encontrará a chance com a qual tanto sonhara de mudar-se para a cidade grande... mas a promessa de uma vida melhor pode se tornar apenas mais um de seus grandes arrependimentos, mais tarde.


"Emília fora negligente com a própria vida. Vivia tão ansiosa para deixar o interior que escolheu Degas sem analisá-lo, sem avaliá-lo. Nos anos que se seguiram à sua fuga, tentou consertar os erros inerentes àquele começo apressado. Certas coisas, porém, nem valia a pena consertar."


Após anos separadas e vivendo vidas que eram ainda mais distintas do que qualquer uma delas poderia imaginar, as irmãs serão novamente ligadas por algo muito mais forte do que os laços de sangue... e que as manterá unidas, ainda que fisicamente sigam distantes, pelo resto de seus dias.







Entre irmãs foi um livro que me despertou um misto de sentimentos contraditórios do início ao fim. Horas me apaixonei, horas me senti um tanto entediada.

Considero um dos pontos mais positivos do enredo as descrições feitas a cerca dos lugares e da época. Dá para notar que foi tudo muito bem pesquisado antes de ser descrito, a riqueza de detalhes nos cenários e pessoas nos levam diretinho à década de 1930 e tornam as cenas muito gostosas de serem lidas. O livro também aborda temas atuais e bastante interessantes, aos quais não nomearei para evitar spoilers, mas que incrementam as páginas. E, por fim, a lealdade, que é um sentimento constantemente presente no decorrer da história e que me despertou grande admiração.

As personagens da história, por outro lado, foram a cereja que faltou no bolo para mim. Não consegui me apegar ou cativar seriamente por nenhuma delas, embora tenha sentido um certo carinho por Emília e Luzia (principalmente pela segunda) ao longo dos capítulos. Mas penso que elas poderiam ter sido trabalhadas de forma mais aprofundada. Talvez, essa falta de profundidade que senti nos personagens, seja justamente o que me levou a cochilar em algumas partes. Confesso que também senti falta de um romance bem construído. Eu já imaginava que esse não seria o foco da história, claro, mas ainda assim fez falta. O único casal no qual eu comecei a enxergar pitadas de romance foi muito pouco desenvolvido para que eu pudesse, de fato, criar emoções relacionadas a isso.

É um livro de escrita super fluída e agradável, o que novamente o fez subir em meu conceito.

Posso concluir que entre irmãs, apesar de não estar em minha lista de favoritos, é um bom livro e vale a pena ser lido, especialmente por aqueles que curtam romances ricos em detalhes históricos.

site: http://www.rillismo.com/2017/11/resenha-entre-irmas-por-frances-de.html
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Doug 03/01/2018

"Entre Irmãs": Trama impecavelmente bordada, que deixa as emoções em retalhos.
Com o anúncio do lançamento do livro "Entre Irmãs", pela editora Arqueiro, descobri que o romance em questão também viraria filme e, futuramente, seria exibido como minissérie pela TV Globo. Após me encantar pela sinopse do livro, não pensei duas vezes e logo o adicionei à minha lista de leituras.

Com 576 páginas, levei duas semanas para terminar de lê-lo (fiz questão de terminá-lo antes que a minissérie fosse liberada na Globo Play para assistir). E durante esse tempo, me vi encantado pela narrativa da autora e por seus personagens tão bem desenvolvidos.

(Resenha completa, no link abaixo)

site: https://blogventonorte.blogspot.com.br/2018/01/resenha-entre-irmas-frances-de-pontes-peebles.html
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Michelle Trevisani 28/12/2017

Um romance inspirador!
Entre Irmãs, de Frances de Pontes Peebles, conta as histórias de Emília e Luzia, duas irmãs que acabam separadas depois que Taquaritinga do Norte, sua cidade, é invadida por um bando de cangaceiros. Muito mais do que isso, descreve vidas sofridas marcadas por uma época, por um lugar, por tradições, pelo clima, por circunstâncias e que, apesar de tudo, não deixam de alimentar seus sonhos e suas esperanças de uma vida melhor.
O livro é dividido de forma bastante interessante. Os capítulos são separados em “Emília” e “Luzia”, e relatam os acontecimentos dentro de um período de tempo. Mesmo havendo esta divisão, a narrativa é bastante clara, e os fatos não ficam soltos.

As irmãs são jovens muito diferentes. Emília é sonhadora, tem uma visão romântica do mundo, anseia por uma vida melhor na qual sua casa seja azulejada, e ela, uma dama. Sente uma certa inveja da chamada liberdade que Luzia obteve desde que ficou aleijada, mas ao mesmo tempo gostaria de ter a velha Luzia de volta, já que sente que a irmã não se permite ser mais leve.

"... Sempre desejou ter uma irmã normal, que gostasse de vestidos elegantes, de revistas, de maquiagem e de dançar. Que quisesse ir embora de Taquaritinga tanto quanto ela. Ver Luzia dançando assim desajeitada, diante do espelho, só confirmava a esperança que sempre teve – de que, por baixo do braço aleijado e da cara séria, sua irmã era, afinal, uma moça como outra qualquer”.

Luzia é não aparenta ser sonhadora. Sofreu uma grande queda de uma árvore quando criança, e a fratura mal curada a deixou aleijada. As crianças a apelidaram de Vitrola por causa do braço, e todos a viam como uma mulher sem perspectivas de casamento (talvez o maior objetivo para as mulheres da época). Quando os cangaceiros invadem a cidade onde moram, Antônio, mais conhecido por Carcará, líder do bando, decide levá-la com eles, e é então que as irmãs se separam, e suas vidas se transformam.

Emília se casa com Degas Coelho, um estudante da capital, Recife, que passava férias na fazenda do Coronel Pereira, onde ela trabalhava como costureira. Luzia vai, aos poucos, se integrando ao bando dos cangaceiros.

A narrativa é bastante descritiva, consegue fazer com que o leitor sinta as dificuldades que cada uma das personagens enfrenta. Apesar de Emília também viver momentos complicados após sua chegada à capital pernambucana com a sogra – uma mulher um tanto arrogante e sistemática -, para ser aceita na sua nova casa e na sociedade e com os difíceis e marcantes momentos políticos que enfrentam, foram os capítulos de Luzia pelos quais eu mais ansiei.

Leia o restante da resenha no meu blog > LIVRO DOCE LIVRO

site: https://meulivrodocelivro.blogspot.com.br/2017/12/resenha-entre-irmas-de-frances-de.html
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Nina 18/12/2017

No Nordeste do Brasil da década de 1920, Emília e Luzia são duas irmãs órfãs que foram criadas pela tia Sofia, uma costureira que ensina para as meninas a arte de costurar. As duas levam uma vida humilde e sem muitas perspectivas, mas tudo muda quando Luzia é levada por um grupo de cangaceiros. Sozinha e sem o apoio da irmã, Emília se casa com um herdeiro de uma importante família do Recife e vai viver entre a alta sociedade pernambucana. Com o passar dos anos, as irmãs se acompanham pelos jornais: Emilia aparece nas páginas sociais e Luzia nas manchetes policiais, ao lado do cangaceiro Carcará. Elas não podem ter contato direto porque Emilia deve proteger o segredo de que a fora da lei é sua irmã, mas o laço de amor entre as duas não se abala através dos anos, e elas fazem de tudo para proteger uma a outra.

A historiadora aqui só tem uma coisa a dizer sobre esse livro: simplesmente fantástico! É a história do Brasil recontada pelo olhar dos que sempre estiveram à margem da política e que clamam por dignidade nos sertões corroídos pela miséria, seca e fome. E para melhorar o que já está muito bom, o livro traz como pano de fundo a verdadeira face da presidência de Getúlio Vargas, um governo paternalista que desejava, mais do que atender às necessidades de seu povo, impor suas vontades.

E em meio a esse confronto entre os interesses do governo e as necessidades do povo, surge a figura do cangaceiro, que divide opiniões como justiceiros ou simples bandidos. Carcará, o líder do bando, se encanta com a sagacidade de Luzia e ela acaba sendo “voluntariamente” sequestrada, já que vislumbra um futuro menos tenebroso ao lado do bando do que à mercê do bullying social em que vive. É impressionante acompanhar o dia a dia de Luzia entre eles, enfrentando as terras áridas e o machismo imperante.

Essa vida não é como as roupas. Não podemos vesti-la hoje e tirá-la amanhã. Mesmo que tivéssemos terras, ninguém nos chamaria de fazendeiros. Continuaríamos sendo cangaceiros. Pior: cangaceiros que desertaram. Vargas continuaria querendo a nossa cabeça (...) Não há escapatória para gente como nós.

Vivendo em Recife, era de se esperar que Emília tivesse um futuro melhor, mas a garota acaba cercada por uma sociedade hipócrita e sem escrúpulos, que ameaça sufocá-la com seus segredos. O casamento não é o que ela esperava e Emília acaba mais sozinha do que nunca.

Com uma excelente narrativa e um enredo genuinamente brasileiro, Entre Irmãs me surpreendeu muito! O livro é ficção, mas todo o contexto histórico é verdadeiro e nos mostra a vida difícil no nordeste e as limitadas alternativas de sobrevivência, além de mostrar a verdadeira face do governo ditatorial e populista de Getúlio Vargas.

É um livro longo, mas o requinte dos detalhe é o que o torna tão excepcional. Descrições das pessoas, terra, roupas, comida, contos populares, superstições e tradições simplesmente me levaram a sentir como se estivesse vivendo no Brasil da década de 30. Fascinante, trágico, esperançoso e valioso em cada página, está muito mais que recomendado.

Todo mundo já deve saber mas não custa ressaltar: Entre Irmãs foi adaptado para os cinemas com Marjorie Estiano e Nanda Costa nos papéis das irmãs costureiras. Infelizmente o filme não teve tanto sucesso de bilheteria, mas vai virar minissérie da Globo agora em janeiro, então teremos uma excelente oportunidade de acompanhar a saga na telinha.

site: http://www.quemlesabeporque.com/2017/12/entre-irmas-frances-de-pontes-peebles.html
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Kamila 08/12/2017

Entre Irmãs vai contar a história das irmãs Luzia e Emília, que vivem na pequena Taquaritinga do Norte, no sertão pernambucano. Elas vivem com a tia Sofia e são costureiras de mão cheia. Emília sonha em se casar e ter uma família; já Luzia, por causa do braço defeituoso, não será muita coisa na vida, já que ninguém vai querer se casar com uma moça com um “problema grave”. A coitada era chamada de “Vitrola” porque o braço ficou dobrado, como se fosse uma vitrola de disco de vinil.

Estamos na década de 1920 e o cangaço está em seu auge. O Carcará, por onde passa, causa estragos. Ele e seu bando são o terror dos coronéis. Aliás, o coronelismo é muito forte no lugar (o que não é diferente de hoje, em cidades pequenas/povoados do Nordeste). As moças têm uma vida até tranquila: fazem as tarefas domésticas, vão à escola do padre Otto e costuram para a esposa do coronel Pereira, cliente fiel, além de frequentarem o curso de costura dado pela esposa do coronel quando esta comprou uma máquina Singer.

Porém, a vida delas vai mudar quando Carcará chega à Taquaritinga do Norte e “solicita” os serviços de Sofia e das moças. E será nesse momento em que elas vão se separar. Anos depois, Emília é a senhora Degas Coelho, uma família tipicamente recifense. Os Coelhos são conservadores e, por causa de sua relevância na cidade, são muito respeitados. O dr. Duarte Coelho, pai de Degas, não mediu esforços para abrir o Instituto de Criminologia, que tem como objetivo principal medir e verificar os crânios das pessoas – principalmente dos cangaceiros.

Sim, naquele tempo era comum medir a cabeça das pessoas para verificar se era possível saber, entre outras coisas, se uma pessoa seria criminosa ou honesta. Na época, tinham vários estudos sobre isso no país e o dr. Duarte era uma referência no assunto. Enquanto o patriarca estava às voltas com suas cabeças, Emília sofria em aprender as regras morais da sociedade local – por incrível que pareça, nada muito diferente de hoje.

Naturalmente, as opiniões das mulheres não tinham lá muita importância, elas sequer votavam! Assim como a autora descreve, as mulheres brasileiras só puderam votar a partir de 1932, após intensa movimentação durante o governo Vargas. Emília, que já não era mais a jovem inocente da caatinga, tinha diversas obrigações, mas nunca se esqueceu da irmã.

Luzia agora era a “Mãe” do bando de Carcará. Depois que se uniu ao bando – de livre vontade, devo dizer – ela comeu o pão que o diabo amassou para obter o respeito dos homens. Mas, pior que os cangaceiros, era a caatinga. Cruel e implacável, o sertão transforma homens e mulheres em sobreviventes. Não há água, o sol suga a energia das pessoas, para onde você olha, seca e mais seca. É uma lástima, de verdade. E Luzia, que nunca teve grandes expectativas, passou a ser alguém. E, como não podia ser diferente, também nunca esqueceu a irmã.

Primeiro, tenho que dizer que estou encantada com a trama! Nem parece que Frances passou boa parte da vida fora do país, tamanha facilidade em explicar os termos sociais/culturais/econômicos do país entre as décadas de 20 e 30. Dado o tempo em que Emília e Luzia viveram, infelizmente o machismo é visível em boa parte da obra. Mas isso não deve afastar o leitor, pelo contrário, são livros como esse em que podemos compreender bem a importância de lutar contra o machismo, e entender como esse mal não vem de hoje e está tão arraigado na sociedade que acabou virando lugar-comum.

Conforme entramos na leitura, parece que podemos ver tudo claramente: o sertão, a casa de tia Sofia, a escola do padre Otto e, mais adiante, a mansão da família Coelho, as mulheres das duas grandes sociedades locais, que faziam o bem não pensando no próximo, mas pensando em aparecer nas colunas sociais. Muita coisa que hoje parece abominável, naquela época era considerado natural – não necessariamente honesto ou não. Além disso, só o fato de que o livro ganhou um prêmio importante, portanto, estrangeiros demonstraram interesse pela história, já é algo muito relevante, tendo em vista que nem todas as opiniões sobre o Brasil são as melhores, infelizmente.

Por um forte desgaste mental, acabei demorando muito para concluir a leitura, mas se você tem tempo livre, em quatro dias você percorrerá as duas décadas de história. Aliás, o livro em si, mesmo se tratando de uma trama de ficção, tem muito de História do Brasil. É o tipo de livro que professores podem muito bem indicar aos alunos para que possam entender o que foi a República Velha, por exemplo. Claro que não se conta tudo, porém as personagens conseguem situar o leitor no período, fazendo com que ele compreenda o início da República com grande facilidade.

Por mais que a autora seja brasileira e o Brasil seja o retratado, eu não considero essa obra literatura nacional, pois não foi publicado originalmente aqui, mas isso não significa que não tenha sua importância. Aliás, só o fato de não ter sido publicado aqui é algo a se reparar. Quantas editoras americanas publicariam algo sobre um país da América Latina que fuja dos estereótipos? Não sabemos. Talvez o cangaço e a caatinga tenham lá seu charme fora do país.

Sendo assim, faz-se necessário dizer que a escrita da autora é muito boa. O Booklist indicou o livro para os fãs de Isabel Allende. E eu, como fã da chilena, posso afirmar que o site tem razão. E olha que não sou dessas de confiar em indicações de sites especializados, já que nem sempre eles acertam. A ficção com pitadas de fatos reais (uma coisa que amo, aliás) é marca registrada de Isabel, e como disse, tem muito no livro de Frances.

Enfim, recomendo o livro para aqueles que querem entender uma parte importante da história do país e também para quem quer conhecer uma realidade cruel e intocável do Brasil. A Arqueiro fez uma edição impecável, sem nenhum tipo de erro e a capa é o pôster do filme, que conta com as atrizes Nanda Costa e Marjorie Estiano nos papéis principais.


site: http://resenhaeoutrascoisas.blogspot.com.br/2017/12/resenha-entre-irmas.html
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