Os Demônios

Os Demônios Fiódor Dostoiévski




Resenhas - Os Demônios


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950 05/07/2023

Obra de arte
Um dos melhores livros que eu já li, começa narrando a vida mundana no interior da russia, mas eu gosto tanto do jeito que o Dostoiévski escreve, com esse estilo meio irônico, que ele poderia falar das coisas mais comuns do mundo que ainda acharia incrível de ler- e a medida que a trama se desenvolve só vai ficando mais e mais interessante. Com certeza lerei mais do autor.
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Sassenach 08/06/2023

"Não reconheço mais nada... Só que nossos tempos hão de voltar, e tudo o que estiver tropeçando agora seguirá outra vez, com firmeza, o caminho certo. Senão, o que será de nós?"
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Alessandro232 21/05/2023

A obra-prima apocalíptica de Dostoiévski
"Os Demônios" é considerado por muitos leitores e críticos literários o livro mais difícil de Dostoiévski. Realmente ler essa obra é uma experiência desafiadora. Por isso, eu não recomendo que você comece a ler as obras do autor a partir de "Os Demônios".
É um livro que exige uma grande "bagagem cultural". Ou seja, se você quer entende-lo plenamente - se é que isso possível- é necessário conhecer as principais vertentes de filosofia política, e, principalmente do contexto social da Rússia durante um período que abrande de 1840 a 1872 - ano que a obra foi publicada pela primeira vez.
Também soma-se a isso que o romance começa de forma um pouco confusa. Nas primeira duzentas páginas de calhamaço - tem mais sessenta páginas- o autor nos apresenta uma grande galeria de personagens por meio de comentários e extensos diálogos - um dos principais traços autorais de Dostoiévski.
Mas, se o leitor persistir, a leitura engrena e você dificilmente vai larga-lo. Ao contrário de "Crime e Castigo", "Os Demônios" tem passagens engraçadas - à moda de Dostoiévski, em que o humor bem acompanhado de uma boa dose de crítica social. De maneira implacável, Dostoiévski faz uma sátira corrosiva aos intelectuais defensores das ideias socialistas. Propositalmente, o autor os ridiculariza das mais diversas formas, seja a maneira empolada como um intelectual se expressa com palavras francesas para demonstrar sua erudição, ou os monólogos de alguns personagens - bastante extensos, que apaixonadamente defendem os princípios do socialismo, que á época da publicação do livro ganhava forma na Europa.
Mas, se o romance é engraçado em algumas passagens, uma grande sátira à visão deturpada dos socialistas a respeito da "Nova Rússia", por outro lado, ele tem trechos bastantes dramáticos, que também revelam a face mais terrível dos movimentos revolucionários.
Dois desses revolucionários (Nikolai e Piotr) que são líderes de um grupo secreto, com tendências socialistas e com características muito peculiares. Assim, grande parte dos eventos da trama giram em torno desses personagens - uma clara referência "os demônios" do título.
Em ambos chamam a atenção os traços demoníacos e as intenções malignas e até mesmo traços de psicopatia em suas ações terríveis.
É importante notar que Nikolai tem características (uma aura de mistério, enorme poder de sedução entre as mulheres, um certo desdém pela humanidade) que o associam aos vilões góticos que por seu turno tem como referência Lord Byron, um dos grandes representantes do Romantismo Inglês. - será "Os Demônios" - um livro antiromântico, que alerta sobre os perigos da idealização?
Seu amigo e companheiro de causa, o também muito misterioso Piort em alguns aspectos remete à figura o demônio tentador, que instiga a maldade em alguns personagens até levando-os a cometer crimes abomináveis.
Ou seja, é por meio da maneira como ambos são descritos, o autor sugere que eles são fruto da ideologia política de sua época, a qual eclodirá no movimento niilista que literalmente tocará o terror na Rússia, conforme demonstra uma das passagens mais marcantes o romance.
Vale lembrar que a inspiração do livro surgiu a partir de um evento real, no qual um crime brutal foi cometido na defesa de uma causa socialista. Dostoiévski ficou tão chocado com a notícia que a partir de então desenvolveu o enredo de "Os Demônios" que reflete com maestria sua preocupação e ansiedades diante das mudanças sociais e na política de seu país que, fatalmente, desembocaria no massacre durante a revolução Bolchevista.
Irônico, engraçado, e também bastante trágico e pessimista na maneira como enxerga a Rússia e, principalmente a sociedade russa sem uma identidade cultural, "Os Demônios" pode ser compreendido também como um importante registro histórico.
Nesse romance, o autor em muitos trechos faz de "Os Demônios" um poderoso manifesto político, filosófico religioso (às avessas) que de forma profética, com contornos apocalípticos, prevê os horrores que viriam a ocorre na Rússia na defesa dos ideias que, posteriormente, dariam origem ao regime comunista.
Em sua visão profética, o autor sinaliza as radicais mudanças socias e políticas que mudariam de maneira drástica a rotina do povo russo. Sendo assim, "Os Demônios" é sua obra- prima apocalítica, que como poucos previu o turbilhão ideológico que atingiria e reverbera na Rússia até a época atual.
É o tipo de livro que deve ser lido pelo menos uma vez na vida e demonstra a genialidade do autor, assim como sua habilidade de ver e revelar o que há de pior na natureza humana. Para mim, no que se refere a qualidade, está no mesmo patamar que "Crime e Castigo".
Sobre a edição: Minha experiência de leitura de "Os Demônios" foi feito com duas edições. Uma da Martin Claret e outra mais recente lançada pelo Sétimo Selo. Eu tinha comprado a primeira e por recomendação adquiri a segunda. Alternei lendo a do Sétimo Selo e em outro momento a da Martin Claret. Para isso foi interessante porque uma edição complementou a outra. A do Sétimo Selo é traduzida por Felipe e Nina Guerra considerados grandes tradutores do autor russo. Mas, devo dizer que a minha compressão de alguns trechos foi melhor na tradução do Oleg Almeida, que também revelou saber muito como traduzir Dostoiévski um dos mais geniais autores da Literatura Universal.
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Jorlaíne 07/05/2023

O livro retrata, inicialmente, as conversas de um círculo de amigos em torno de Stiepan. Tais conversas versavam sobre a Rússia, o povo russo, a existência de Deus.
O romance trata, principalmente, da formação do grupo de anarquistas, o quinteto, e se baseia em fatos reais, do estudante Ivanov que, por divergir politicamente do grupo liderado por Nietchaiév, foi executado.
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carlosdeangellis 24/03/2023

Puro suco de Dostoiévski
Simplesmente formidável. Uma obra à altura do autor. Foi o último dos cinco grandes romances que li e atendeu às expectativas.
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Marcos606 24/03/2023

Vagamente baseado em reportagens sensacionalistas da imprensa sobre o assassinato de um estudante de Moscou por colegas revolucionários, ele retrata o caos destrutivo causado por agitadores externos que se mudam para uma cidade provincial moribunda. O enigmático Stavróguin domina o romance. Sua personalidade magnética influencia seu tutor, o intelectual liberal poseur Stepan Verkhovensky, e o filho revolucionário do professor, Pyotr, assim como outros radicais. Stavróguin é retratado como um homem de força sem direção, capaz de bondade e nobreza. Quando Stavróguin perde a fé em Deus, no entanto, ele é tomado por desejos brutais que não compreende totalmente.
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Reginaldo Pereira 21/03/2023

?É espantosa a atualidade de Os Demônios?
Foi essa a frase que o tradutor Paulo Bezerra menciona no posfácio desta edição e que resume a grandiosidade desta obra!

Este é o meu quarto Dostoiévski (após ?Crime e Castigo?, ?O Idiota? e ?Os Irmãos Karamazov?) e finalmente posso afirmar que este gênio da literatura finalmente me arrebatou! E muito!

A obra ter sido motivada por um fato verídico; a grandeza dos vários personagens (por mais que Stavróguin seja o ?herói?, ele em nada ofusca a importância dos demais); o formato narrativo de alguém que faz parte da trama e a conta em ?sua crônica?; e toda a discussão (e atualidade!!) política, religiosa e social fizeram desta obra uma daquelas que, com certeza, ficarão pra sempre comigo!

E ainda citando uma parte do posfácio (citação de Boris Tarássov): ?A leitura do romance hoje deixa a impressão de que nada parece haver mudado na essência, de que houve apenas uma renovação dos cenários sociais e mudança de traje das personagens??

E só um mestre como Dostoiévski é capaz de ter feito isso! ???
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Arthur 20/03/2023

Os Demônios
Nessa obra temos a história de uma sociedade secreta que busca uma revolução na Rússia czarista, vemos nesse livro que o descontentamento com o governo já vinha desde 1860~1870. Além disso, vemos uma crítica por parte do Dostoevski acerca desses movimentos, crítica essa que foi vista com maus olhos na época do lançamento, mas, de toda forma, o livro superou essa crítica e hoje se tornou um romance importante desse autor, onde observamos algumas das características de líderes totalitários que surgiram no século XX.
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Leonan 17/03/2023

Em Os Demônios, Dostoievski busca defender a tese de que a dessacralização do mundo pelo homem e seu consequente niilismo levariam a humanidade a amoralidade e, portanto, a cometer atrocidades em nome do novo mundo idealizado, não vendo nem mesmo as pessoas como obstáculos para alcança-lo. Neste contexto, temos dois personagens chave, sendo eles Nikolai Stavróguin e Piotr Verkhovenski. Os demônios no título do livro são materializados na figura de ambos e uma breve descrição de cada um deles é essencial.

Nikolai é um hedonista, sua satisfação é obtida através “do êxtase que vinha da angustiante consciência da baixeza” e toda sua vida tem como objetivo alcançar este êxtase, que como uma droga, a cada experimentação entorpece menos o personagem. Seu comportamento não indica nenhum tipo de culpa ou sentimento de responsabilidade e em praticamente nenhum momento sabemos se ele está falando seriamente ou arquitetando circunstâncias para divertimento próprio. Stavróguin apoia discursos contrários diante de dois personagens. Com Kiríllov, que é um representante do ateísmo, apoia a descrença. Já diante de Chátov, representante do cristianismo e alvo de uma conspiração de assassinato, apoia a fé.

Piotr é líder da organização e manipula a tudo e todos para alcançar seus objetivos, sendo as pessoas apenas ferramentas em suas mãos. Durante todo o livro é claro seu comportamento dissimulado e sua tentativa de apresentar o discurso mais adequado para convencer seu interlocutor. Todas as desgraças ocorridas durante o livro têm como origem, direta ou indiretamente, Verkhovenski.
Neste brilhante livro vemos o ateísmo (na persona de Kiríllov) e o cristianismo (Chátov), como reféns de homens cruéis, desprezíveis e indiferentes perante a humanidade, demônios como Stavróguin e Verkhovenski.
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Nathan0 06/03/2023

Os Demônios Revolucionários
Muitos menos aclamado pela mídia do que "Crime e Castigo" e "Os Irmãos Karamazov", Os Demônios é uma das grandes obras de Dostoiévski, um esplêndido romance político, relatando nele a história de uma sociedade secreta, um grupo de pessoas revolucionárias, socialistas e subversivas que começam a se infiltrar lentamente em uma pequena cidade provinciana, uma cidade totalmente desgovernada e despreparada para enfrentar qualquer revolta de ordem social, política e econômica.

Esta obra, atemporal e profética, talvez seja o romance em que o realismo trágico de Dostoiévski mais se aproximou dos fatos históricos. Anteviu tempos obscuros da humanidade, a título de exemplo, enxergamos o terrorismo político no Império russo, a sangrenta ascensão dos bolcheviques, a guerra cívil e o fanatismo de Hitler e Stalin.

O livro também apresenta para o leitor diversos personagens interessantíssimos, tal como Piotr Stepânovitch, vilão, assassino, terrorista, e líder do grupo revolucionário. Mentindo amiudadamente, distorce os fatos para manipular a realidade e as pessoas em sua volta. É tomado por muitos, o próprio diabo. Temos támbem Nikolai Stavroguin, niilista, ateu e membro do grupo revolucionário. Dominado por um enfadonho em seu íntimo, sempre está em busca de sensações e prazeres. Há do mesmo modo Kirilov, engenheiro, niilista, suicida e membro revolucionário, possui a filosofia que, somente quando o ser humano for capaz de controlar e dominar o medo da morte é que ele é capaz de tornar-se Deus. Apreciamos também de Stepan Trofimovitch, o teor cômico da obra, um professor intelectual vaidoso e bastante fracassado, sendo sustentado por sua amiga viúva que constantemente o trata como uma criança ou até mesmo por seu filho. Há de mencionar Yulia Mikháilovna, esposa do governador da cidade em que o grupo revolucionário se infiltra. Ambiciosa e leviana por natureza, tinha o desejo de alavancar sua carreira política e ter uma corte própria. Por fim, Varvara Petrovna, viuva, muito rica, orgulhosa e magnânima, possui um certo controle sobre Stepan Trofimovitch.

Finalmente, é o romance mais político de Dostoiévski, abordando diversos assuntos, citando como exemplo, a própria mãe Rússia, o cristianismo, ateísmo, socialismo, liberalismo, suicídio, filosofia, Deus, eslavofila e etc. É, sem dúvida alguma, uma obra maravilhosa e, na minha opinião, tão bom quanto o aclamado Crime e Castigo pela crítica. É um livro bastante lento no começo e que apresenta muitos personagens, de forma calma e detalhada, isso talvez possa vir a causar tédio em alguns leitores, o que não aconteceu comigo. É uma leitura que precisa de atenção e paciência e, quem passar por algumas boas páginas, irar usufruir de uma grande obra, escrita por um dos maiores escritores da humanidade.
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Wanderley 11/02/2023

Os porcos da intolerância
Em 1872, Fiódor Dostoiévski publicou Os Demônios, romance de características, a meu ver, premonitórias (a percepção de que os sentimentos do presente gestavam uma realidade futura sombria e próxima), escrito a partir de um caso real: o assassinato do estudante Ivan Ivanov por seguidores de Serguei Nietcháiev, um dos autores de O Catecismo Revolucionário (1869), livreto que defende, em nome de um novo mundo, o terror e o assassinato como métodos políticos.

O enredo de Os Demônios narra o início e o desenvolvimento das atividades de um grupo de jovens niilistas sem perspectivas, uma espécie de célula política com função desestabilizadora. Sua motivação é a raiva. No começo, parecem patéticos, pois são poucos e às vezes deliram. Mas eles sabem que existem outras células (que não se conectam diretamente para em caso de prisão, não conseguirem delatar as demais). Seus membros se imiscuem em vários órgãos do Estado e sua missão é criar problemas, de forma a excitar o descontentamento geral e preparar uma revolta que é, sobretudo, um desejo de vingança. A distância entre o deslumbre dos salões nobres e a miséria dos camponeses na Rússia, entre o luxo dos poderosos e as necessidades dos cidadãos comuns, alimenta um ressentimento social pronto para ser manipulado por fanatismos religiosos e políticos.

Uma das difculdades do livro é a grande quantidade de personagens. Mesmo assim, de modo brilhante, quase sobrenatural, Dostoiévski expõe aos seus contemporâneos, as bases de um processo de degradação social que terminaria, quase cinco décadas depois, na Revolução Russa e seu legado de horror: 30 milhões de vítimas. Mais do que isso, ele desnuda a gênese de qualquer movimento radical que pregue a destruição como método, no que eles têm em comum: o ódio ao contraditório.

Li Os Demônios em 2014 e desde logo fui obrigado a concordar com Albert Camus, para quem Dostoiévski – e não Karl Marx – é o grande profeta do Século XIX. De fato, 45 anos antes do totalitarismo Russo, seguido depois pelo Alemão e tantos outros, de diversas fontes ideológicas, Dostoiévski captou logo no início a essência daquelas manifestações que mudaram a Rùssia e o mundo.

Logo no início de Os Demônios há uma passagem bíblica, o Evangelho de Lucas (8, 32-36), que dá título ao livro: "Uma grande manada de porcos estava pastando naquela colina. Os demônios imploraram a Jesus que lhes permitisse entrar neles, e Jesus lhes deu permissão. Saindo do homem, os demônios entraram nos porcos, e toda a manada atirou-se precipício abaixo em direção ao lago e se afogou. Vendo o que acontecera, os que cuidavam dos porcos fugiram e contaram esses fatos, na cidade e nos campos, e o povo foi ver o que havia acontecido. Quando se aproximaram de Jesus, viram que o homem de quem haviam saído os demônios estava assentado aos pés de Jesus, vestido e em perfeito juízo, e ficaram com medo. Os que o tinham visto contaram ao povo como o endemoninhado fora curado".

É uma imagem poderosa, pois o mundo parece ainda parece bem agitado por demônios que habitam os porcos da intolerância, à procura de um abismo.
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Johnny Blue Heart 27/01/2023

Baita livro! Baita livro! Baita livro!
Às vezes, uma ninharia chama a atenção e a absorve exclusivamente por um tempo. A maior parte do que tenho a contar sobre o jovem Stavróguin virá mais tarde. Mas observo agora, com curiosidade, que de todas as impressões que a estada em nossa cidade lhe causou, a mais nítida em sua memória foi a figura feia e quase abjeta do pequeno funcionário provinciano, a família grosseira e ciumenta. Déspota, o mesquinho agiota que recolhia as velas e os restos que sobraram do jantar e, ao mesmo tempo, era um crente apaixonado em alguma ?harmonia social? futura visionária, que à noite se regozijava em êxtase com imagens fantásticas de um futuro falanstério, em cuja realização se aproximava, na Rússia e em nossa província, ele acreditava tão firmemente quanto em sua própria existência. E que no próprio lugar onde havia economizado para comprar uma ?casinha?, onde se casara pela segunda vez, recebendo um dote com a noiva, onde talvez, por cem milhas ao redor, não havia um homem, ele mesmo incluído, que era o que menos se parecia com um futuro membro ?da república humana universal e da harmonia social?.

Um belo resumo da mente revolucionária. Obrigado por essa obra-prima, Dostoiévski!
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Karin né? 19/01/2023

Os capirotos da vida mundana
??para abalar sistematicamente os alicerces, para decompor sistematicamente a sociedade e todos os princípios; para desencorajar todos e transformar tudo num mingau, e depois, quando a sociedade ficasse, dessa maneira, desengonçada, esmorecida e doentia, cínica e descrente, mas com alguma cede infinita de alguma ideia norteadora e de sua autopreservação, para dominá-la de supetão, hasteando a bandeira da rebelião??

Essa não é uma resenha sobre a perspectiva geral do livro, até porque eu acredito que mesmo que tentasse, não conseguiria analisar todos os pontos relevantes dessa narrativa, bem como a sua construção em si. É só um comentário sobre um ponto específico que me chamou atenção já nas últimas páginas:

Você já ouviu o ditado ?cachorro que ladra não morde?? Então, esse é um ótimo exemplo do que aconteceu aqui, ao longo da história nós percebemos a dinâmica desse grupo secreto, suas conversas e aspirações, a teor sempre foi duvidoso mas no final eles se veem na precisão de bolar algo extremo, algo que exigiria que eles saíssem do teórico e sujassem as próprias mãos. É interessante perceber que durante o encafifar da peripécia todos se mostravam dispostos, falando do futuro morto com tanta impessoalidade que parecia até que estavam falando sobre como matariam um peru de natal, mas quando acontece de fato eles perdem totalmente o fio da meada pois dão de cara com a realidade terrível do que estavam fazendo, e isso é o suficiente para enlouquece-los, ou pelo menos a maioria deles.
A verdade é que cada personagem do livro carrega um demônio dentro de sua própria história, que os engole aos poucos, matando-os por fim, tirando qualquer traço de sanidade que poderiam ter, ou qualquer vestígio de paz que poderiam desejar.

É um livro denso, mas isso não é novidade, no começo pode gerar desconforto pra o tipo de leitor que ainda não é habituado, mas logo você se acostuma e passa a esperar por esse exagero de detalhes, e no meu caso, foi justamente isso que me deu certa frustração em relação ao final, pois não é um final altamente descritivo, ele é suficiente para o entendimento e fechamento da história, mas nem de longe é descritivo como as partes anteriores.
Como é o meu primeiro livro do autor, não sei se é um costume dele, se é algo intencional pra trazer a tona algum sentimento? mas de todo modo, não estraga a experiência, e com certeza não tira o mérito dessa obra incrivelmente crítica e visionária.
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Leandro190 17/01/2023

E a manada jogou-se precipício abaixo
Eu me sinto constrangido em escrever ou opinar sobre alguns autores, Dostoiévski é um deles. Tenho tentado ler ao menos um livro dele por ano, me parece necessário, mas não há dúvida de que uma única leitura de cada livro é insuficiente para devida compreensão e absorção, mesmo que parcial, de tudo aquilo que ele oferece aos leitores. A construção dos personagens é belíssima, é um trabalho feito sem pressa nenhuma cuidando de cada detalhe o que dá a estória uma densidade incrível. Se você, caro leitor, ainda não leu nada de Dostoiévski, não comece por "Os Demônios", afinal de contas demônios só se exorcizam ou com muita fé ou com muita ciência. Prepare-se e experimente. Ah, já ia esquecendo de algo que gostaria de partilhar, o pano de fundo da obra é uma tentativa de golpe político, como se vê a vida imita a arte e a arte imita a vida sempre de forma atemporal.
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