Os Demônios

Os Demônios Fiódor Dostoiévski




Resenhas - Os Demônios


98 encontrados | exibindo 91 a 98
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7


Tiago sem H - @brigadaparalela 07/10/2014

A história é ambientada em uma província da Rússia, onde começamos a acompanhar a história de Stepan Verkhovenski e sua amizade com Varvara Pietrovna ao longo dos anos. Pela locução de Anton, um amigo de Stepan, serão descritos a sociedade da época, seus costumes, as intrigas e todos os entrelaçamentos decorrentes dos conflitos gerados por seus habitantes.

Nunca pensei que o primeiro livro que leria do autor fosse outro se não Crime e Castigo, até pela importância e fama que a obra tem no meio literário. Graças ao RGBC, Os Demônios passou na frente e mesmo que o livro tenha me consumido quase 2 meses de leitura, foi uma experiência única.

Os Demônios também é conhecido como Os Possessos em edições antigas e como nunca li nada do autor, não tenho padrões para comparar entre suas obras, porém, posso afirmar que o livro é muito atraente. Primeiramente pelas descrições que Dostoiévski faz dos cenários e das roupas da época, o leitor consegue personificar quase com precisão o ambiente criado, além das descrições dos personagens. À medida em que mais e mais personagens são acrescentados à história, temos os detalhes de suas roupas, suas fisionomias e em certos casos até um pouco do seu passado, caso seja pertinente naquele momento e esse padrão vai desde os personagens principais e coadjuvantes a até aquele figurante que tem apenas uma fala.

Temos como núcleo principal no início da história, o desenrolar da estranha amizade de Stepan, um professor aposentado e Varvara, uma viúva muito rica e importante da província, contudo, com o decorrer dos anos e da trama, os núcleos são alterados e logo, a história é focada em Piotr (filho de Stepan) em Nikolai (filho de Varvara) e na sociedade secreta por eles organizada, sociedade esta chamada de Os Demônios.

Desde o primeiro momento, cada personagem, por mais simples que ele seja, irá significar uma peça importante para o quebra-cabeça montado por Fiódor e aquele livro que começou um pouco lento e arrastado, começa a ter uma sequência de mortes importantes para a trama e que deixa o leitor de boca aberta.

O meu grande problema com o livro foram os nomes russos, sendo que lá na metade do livro, não sabia quem era quem...o que tive que fazer? Voltar a leitura toda e fazer anotação dos personagens, ai sim a trama fluiu do jeito que eu esperava e que o livro merecia.

O ponto religioso também terá influência na obra e temos conflitos da existência ou não de Deus entre os personagens, conflitos estes bem sustentados por diálogos inteligentes e sagazes que só quem sabe escrever muito bem é capaz de articular.

Com uma história intricada, que absorve o leitor para a Rússia e permite que ele sinta todo o ambiente criado pelo autor, Os Demônios é um bom início para as obras de Dostoiévski, apesar de que são mais de 700 páginas de narrativa, o que pode cansar a alguns leitores.

site: http://brigadaparalela.blogspot.com.br/2014/10/rgbc-01-os-demonios-fiodor-dostoievski.html
comentários(0)comente



spoiler visualizar
Franc.Assis 04/01/2017minha estante
Há uma pequena inconsistência: Nietzche não poderia profetizar acerca dos personagens deste livro já que o mesmo o antecede em pelo menos uma década. Na verdade o personagem Kirilov seria quem poderia estar profetizando Nietzche.




Arsenio Meira 28/07/2013

Dostoiévski: gênio e profeta


E o encanto permanece intacto: a experiência de ler mais um Dostoievski foi arrebatadora, apesar do início meio travado, pois a primeira das três partes do livro se arrasta.

Fiódor Dostoiévski apresenta o perfil de alguns personagens, dá algumas pistas sobre o contexto social da Rússia na segunda metade do século XIX, e retrata o ambiente rural de um vilarejo chamado Skvoriéchniki.

A sensação de tédio que toma conta da leitura parece ser proposital, pois não creio que exista algo casual em Dostoievski. Com o cuidado de um pintor de pinceladas lentas e cautelosas, ele vai retratando o lugar pequeno, os intelectuais da província, vidinha sem novidades, gente que vem do exterior, blá-blá-blá sem fim de saraus que não levam a lugar nenhum. Rotina.

É preciso ter paciência. Perseverança. Acredite: é uma beleza a arquitetura desse romance e o leitor paciente será recompensado logo depois.

A primeira parte, aliás, me fez lembrar um texto menor que li deste russo genial, uma novela chamada "A aldeia de Stiepanchikov e seus habitantes", escrita 12 anos antes de "Os demônios" e cujos elementos parecem ter sido usados como matriz para compor o cenário do romance, tanto que um dos personagens principais se chama Stiepan e é um sujeito meio pateta, que posa de grande intelectual, mas que nunca produziu nada de interessante.

Em "Os Demônios", Dostoievski não oferece nada de graça para o leitor. Dois parágrafos acima usei a expressão “dá algumas pistas”, um jeito bom para definir o que ele faz o tempo todo ao longo do romance.

Os confusos e incompletos diálogos da primeira parte contêm indícios do papel que cada personagem irá representar no desenrolar da trama.

A prosa muda de rumo e velocidade a partir do início da segunda parte. Aos poucos, a confusão de falas, ataques histéricos e a multidão de personagens começam a fazer sentido e o leitor vai montando o quebra-cabeça.

Quem já leu Nélson Rodrigues vai identificar fácil, fácil o estilo literário que impactou e influenciou o nosso maior dramaturgo.

A história contada pelo barbudo Fiodor com seu arsenal de recursos técnicos, seu estoque de imaginação e sua genialidade expõe os grupelhos radicais e de escassa ideologia que se espalharam pela Rússia nas décadas finais da monarquia czarista.

Em alguns momentos, ele também recorre ao humor, elemento raro em sua obra. Mesmo sem perder o prumo da história e da sociologia do seu tempo, Dostoievski desce à esfera dos indivíduos, vai direto no coração, na alma das pessoas que se mobilizavam para mudar a Rússia, o mundo, alguns por convicção, outros por idealismo, outros mais por revolta mesmo. E muitos por ambição, mesquinharia ou sede de poder.

Seus personagens revelam as extremidades do idealismo. E revelam mais: como um sujeito pode alcançar a proeza de manipular os idealistas, os convictos, os ambiciosos e os revoltados para que se cometa um crime em nome de uma etérea “causa comum”, que nada tem de causa e pouco tem de comum.

Não falta sangue em "Os demônios", com o perdão do involuntário trocadilho sombrio. Dostoievski não economiza realismo quando o assunto é assassinato, ele não poupa personagens nem leitores do sofrimento. Não há eufemismo, suaves plagas, intuições tergiversais, conversa fiada.

Sobre "Os demônios" as resenhas e textos críticos – como o ótimo texto do ótimo tradutor Paulo Bezerra, no final do volume – costumam dizer (com acerto) que o livro antecipou as ideologias totalitárias que serviram de arrimo para os crimes genocidas de Stálin, de Hitler, dos generais latino-americanos, de Bush, de Israel e dos fundamentalistas islâmicos.

É verdade, mas o barbudo faz isso com enorme talento, identificando na aldeia, aquilo que é universal. Ou melhor, o que ainda viria ser universal, muito antes de ocorrer. Além de Gênio, um Profeta.
Bruno 06/05/2020minha estante
resenha incrível, meu parceiro!!!




RH 04/12/2011

Os Demônios - Fiódor Dostoiévski.

Quando comecei a ler este livro as primeiras 50 páginas não me pareceram o início da história, pensei que fosse o prefácio, mas à medida que fui lendo e vi que não acabava folheei o livro e constatei que a história já tinha começado!
O estranho é que as 100 páginas iniciais não davam a entender que a história tomaria o rumo que a contra-capa disse.
Mesmo achando chato não desisti da leitura, o que foi bom pois no final descobri uma trama intrincada, em que tudo se encaixa e que nos mostra como Dostoiévski foi um gênio de sua época.


Autora da resenha: Radige Hanna.
comentários(0)comente



Gláucia 14/06/2011

Os Demônios - Fiódor Dostoiévski
A narração se desenvolve a partir de um episódio real, o assassinato de um estudante por um grupo niilista. Li esse livro há uns 5 anos e levei quase 2 meses para terminá-lo pois é repleto de citações filosóficas que precisam ser consultadas para que se compreenda um pouco cada personagem.
comentários(0)comente



Joao 20/02/2011

Faz uns cinco meses que li esse livro, e desde tal data eu tento (começar a ) fazer uma resenha dele. Mas é difícil: não sei por onde começar: tantas coisas notáveis nesse livro que acabo me perdendo. Poderia começar falando do fato verídico que "inspirou" (melhor dizendo chocou) Dostoiévski para começar a escrever este livro, que em minha opinião é seu segundo melhor trabalho - sem contar Memórias do Subsolo: deste nós encontramos reminiscências em todos seus livros posteriores.

Pois bem, comecemos pelo motivo do livro: um grupo formado por pessoas de ideias liberais (niilismo, pricipalmente), comandados por um camarada chamado Nietcháiev planejam o assassinato de um estudante, Ivanov, por este não concordar mais com as ideias do grupo e querer se afastar deles. Dostoiévski ficou a tal ponto chocado com esse fato, que abriu mão de seus projetos (na verdade, ele "fundiu") para escrever este livro, como uma crítica e uma amostra do que estes verdadeiros demônios podem fazer.

O livro começa lento, um passo de cada vez. Toda a primeira parte serve apenas para narrador, dar uma ideia dos personagens que estarão envolvidos com a trama nas outras duas partes do livro. Somos apresentados a todos os personagens, bem como suas personalidades na pequena cidade do interior da Rússia. O foco é principalmente em Stiepan Trofímovitch e Varvara Pietrovna. Pais de dois dos "demônios". Nas outras duas partes, vemos os tais demônios em ação, de diversas formas.

O mais notável nesse livro, são os diferentes personagens e suas ideias. Uma parte são apenas de pessoas que acham importante o fato de estar por dentro das mais novas ideias filosóficas, mas alguns se destacam e merecem uma citação: Stravóguin, filho de Varvara Pietrovna, é um daqueles personagens raros da qual nunca nos esquecemos pelas suas atitudes "demoníacas"- em especial a que foi censurada do livro. Chigailóv, um personagem que prova a visão de futuro (ou o incrível chute) de Dostoiévski sobre o que estaria por vir: o Chigailovismo (um sistema elaborado por Chigáilov) é o stalinismo, praticamente. O angustiado Kirílov, pela sua filosofia louca e sua intensa fé nela - o detalhe é que ela se parece muito com a de Nietzsche. Qualquer passagem do livro que tenha o (nem tanto) indiferente Stravóguin em ação, ou Kirílov falando sobre filosofia é de alto nível, um dos pontos altos dos textos Dostoiévski - ao lado das investidas sutis de Porfíri Pietróvitch ao Rodka, ou a conversa de Ivan Karamázov com Aliocha, ou com o Diabo.

Creio que este livro não seja tão lembrado por ser ofuscado por Crime e Castigo.
comentários(0)comente



j_almansa 11/10/2010

A mente revolucionária, sua estratégia de destruir a moral cristã, debochar dos valores e pregar o niilismo para alcançar o poder, com a justificativa de construir um mundo perfeito. Tudo isto num só livro antecipando todos os movimentos e ações do socialismo.
Julio Verne dos movimentos revolucionários dos século XX (comunismo, nazismo, gramscismo).
Stampede 19/02/2011minha estante
Isso mesmo colega.

Só acrescento que esse livro também antecipa a política internacional estadunidense, e que o próprio Piotr não se considerava um socialista.




98 encontrados | exibindo 91 a 98
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR