Luísa 01/03/2019Feminismo de mercadoA princesa salva a si mesma neste livro é um livro que se propõe a ser empoderador. Porém não é. Para começo de conversa, ao contrário do que o título sugere, a "princesa" não salva a si mesma. Na realidade, ela só se sente "salva" depois que começa a namorar o "príncipe", antes disso, ela é amargurada e infeliz.
Sobre esse relacionamento, ele reforça estereótipos nada libertadores, na verdade bastante clichês, como a ideia de que a garota precisa do garoto para ser feliz. Além disso, o que ela expressa em relação à primeira experiência sexual do casal é simplesmente ridículo, reforçando uma ideia de que a virgindade é um dote que a mulher concede ao belo príncipe uma vez que o ama muito. Como se não bastasse, a perda dessa virgindade é uma experiência doce e maravilhosa, apesar de resultar em sangramento por parte da mulher. Isso não me parece nada empoderador.
Além dos problemas da narrativa construída nesse livro (que vão além dos que eu mencionei aqui), a escrita deixa muito a desejar, ela é imatura e não parece ter passado por muita reflexão. A impressão que fica é que a autora selecionou uma série de tweets e separou-os em várias linhas de forma aleatória. Não me pareceu que a separação em versos foi pensada ou que a linguagem dos poemas foi bem trabalhada.
De forma geral, esse livro é um belo exemplo do feminismo de mercado, que não propõe transformações de fato, apenas muda a aparência da opressão.