Janaína Moraes 01/10/2009
Fã, de carteirinha.
Tá certo, eu confesso, ando mesmo meio que relapsa com as minhas leituras.
Isso vai mudar, já está mudando, calma.
A poucos dias baixei nada mais, nada menos do que dezoito e-books que sempre quis ler mas que nunca tive a oportunidade. Um desses livros é essa coletânia maravilhosa de crônicas do crítico, cineastra, escritor e brasileiro, Arnaldo Jabor.
Não conheço uma pessoa se quer que ainda não tenha lido ou que não conheça pelo menos um texto do Jabor.
Seus textos tem sempre a mesma base, uma escrita malandra, um toque de sarcasmo, uma elegância distinta e aquela pitada de crítica, seja a quem for, que ele engloba no contexto dizendo e não dizendo a sua opinião sobre o fato.
Amor é prosa. Sexo é poesia.
Dentre os trinta e seis textos selecionados para fazer parte dessa coletânea divertidíssima, claro que existem os que, para mim, se tornaram mais do que meros textos. Um exemplo claro do que digo é uma crítica que ele faz àquelas mulheres que tem os seus 15 minutos de fama mostrando o bumbum em revistas para o público masculino.
Quando saiu o boato de que Juliana Paes mostraria o seu, ele confessa que ficou curioso, mas que assim que o viu, percebeu a falta de encanto.
Uma crítica a levianidade? Ao não pudor? À falta de erotismo por se mostrar tudo antes de se posar realmente nua?
Coisas de Jabor.
A crônicas sobre os chatos. Quem não conhece um? Eu mesma sou uma, daquelas que tudo duvida, tudo questiona, implica por tudo, briga por tudo.
E o avô, uma malandro carioca de "prima". Me fez lembrar do meu, que apesar de não ser carioca também era de "prima".
Tem uma ainda que ele personifica a relação utópica de um padre e sua esposa. Os diálogos são perfeitos, engraçadíssimos. São leves e ao mesmo tempo carregados de maldade.
Eita homem que tem maldade no coração essa Jabor.
Jabor não se envergonha de contar fatos de sua infância, como a sua não crença em Papai Noel. De sua mocidade, de seus amores não revelados, das "fodas" não dadas, das saudades que sente do carnaval carioca da sua época. Onde está o Brasil de antigamente?
A incansável procura dos homens por mulheres que não existem. Hilário, fantástico, perfeito.
Sim, algo me deixou triste ao final do livro. A primeira crônica que lí do Jabor não estava na coletânea.
É aquela assim: "Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta."
Quem não conhece?
É a minha preferida. Ela se encaixa no meu contexto, me serve como uma luva.
Bom, é isso.
O livro vale muito a pena. Seja ele em brochura ou em e-book.