spoiler visualizarMay 03/03/2024
Podre
Que livro desgraçado. Cara, o tanto que isso é pesado, não está escrito. Quer dizer, está sim. Jamais leria de novo, mas o livro é bem bom. Primeiro de tudo, fiquei impressionado com a capacidade de alguém escrever sobre algo tão horrível e doente, juro que nem no meu dia mais louco eu imaginaria uma temática dessa. Ponto para a autora aí, porque realmente é um choque. Segundo, a dissociação é bizarra, tudo o que é bonito e inocente consegue ser totalmente arruinado aqui. É impossível, de forma alguma ser e ver as coisas do mesmo jeito depois de ler. No fim, percebe-se que a história tem essa intenção, esse é o ?modus operandi? do Jardineiro. Ele inconscientemente destrói tudo o que é bom na intenção e na convicção de que está fazendo algo bom. Outro ponto alto do livro. Terceiro, a união e sororidade das garotas diante de um trauma em comum é a coisa mais linda desse livro todo. É tocante, e as partes onde elas cuidam uma das outras é de uma sensibilidade contrastante com todo o lixo que rola durante todo o resto do tempo. Além disso, muitos pontos positivos pro personagem Hanoverian, é a melhor definição de como um pai deveria ser. Um querido, que só não vou definir como sendo um ?homem escrito por mulheres? porque essa mulher em questão escreveu o Jardineiro, Desmond e Avery, o suprassumo da podridão. Sendo assim, é aqui que eu paro de tecer elogios. Até a metade o livro promete muito, o plot tem potencial e é até eletrizante, dentro do que pode ser considerado eletrizante nessa bizarrice. A jornada de como a Maya foi parar no Jardim tem toda uma explicação sensível, empática e altruísta, mas confesso que me brochou muito. Eu tinha uma visão da resiliência dela lá dentro que como todo o resto, foi arruinado depois que a revelação foi feita. Avery, um personagem que fosse tirado da trama, ninguém ia notar. Ele é só um reforço desnecessário de maldade. O livro já é uma desgraceira só, o que o jardim faz com essas meninas não tem terapia no mundo que pague, não acho que tem necessidade nenhuma de uma forma diferente, a mais de abuso. O Jardineiro já configura todo tipo de abuso possível. Desmond apesar de ter uma aparição breve é um dos mais importantes, porque ele prova que em sua maioria, os homens sentem atração por mulheres, mas amam e buscam aprovação de outros homens. Ou seja, se surpreenda, mas sempre espere a decepção por parte de um homem. Afinal, não era a Jardineira. E por fim, o Jardineiro. Acho que deixar o leitor com esse duelo de moralidade é uma puta sacada para popularidade, mas é muito fácil de dar merda. E é isso que acontece em certo momento da história. Sinto que rolou uma humanização descabida aqui. Até porque, não teve evento traumático na infância, nem nada que chegasse de perto de explicar as ações desse querido. Ele simplesmente distorceu algo que viu o pai fazer, porque a cabeça dele é trelelê de natureza. E não há nada minimamente decente que ele faça que apague ou compense o resto. Nem a esposa doente, nem o filho escroto se esforçando pra ser bom, nem ele ?cuidando? das borboletas depois de cometer 1562671 tipos de abuso. Ele é simples e genuinamente odiável. Por fim, não indico, mas é bom.