Myca2 09/07/2021
Uma história delicada
Laylee é uma menina de treze anos, que vive sozinha desde que sua mãe morreu e seu pai perdeu o juízo. E tem um trabalho muito pesado, de limpar mortos e os guiar para o além. Ela tenta ignorar a solidão e a dor, porém elas são tão grandes que aos poucos vão tomando conta de seu corpo, fazendo-a perder suas cores aos poucos.
Esse livro se relaciona com outro da autora, "Além da magia". Não chega a ser uma continuação direta, de forma que pode ser lido individualmente, porém muita coisa se torna muito mais clara se lendo-o depois. Pois aqui vemos novamente os nossos protagonistas de "Além da magia", mais velhos e mais maduros, e com uma missão de ajudar Laylee.
Passei por muitas emoções lendo esse livro, pelo fato que a autora descreve de forma tão perfeita as emoções de Laylee que eu conseguia sentir tudo aquilo em mim. Da dor às descobertas das virtudes da amizade, é um desenvolvimento digno de lágrimas.
Além disso, é fascinante a forma como se fala da morte, do luto e da depressão. O elemento fantástico ao redor disso acaba nos trazendo muitas metáforas, muito realistas, que nos dão muito para refletir.
"Laylee não tinha como saber o nível de danos que havia infligido a seu próprio corpo, mas sabia o suficiente para entender uma coisa: estava irrevogavelmente doente, de dentro para fora, e não tinha ideia do que fazer"
Confesso que amei "Além da magia", mas, "A magia do inverno" ganhou um espaço maior no meu coração. É uma história delicada, que nos trás a beleza do despertar para a vida.
"Talvez não fosse ingenuidade, mas sofrimento, que inspirava bondade. Talvez, pensou, fosse a dor que inspirava a compaixão".