Jose 08/03/2023
Um Pedaço de Madeira e Aço, de Cristophe Chabouté, foi lançado aqui pela editora Pipoca & Nanquim. Eles já podem ser considerados a casa do autor no Brasil, visto que o apresentaram ao público brasileiro em 2017 com sua adaptação de Moby Dick e estão realizando o grande feito de publicar um Chabouté por ano.
Um Pedaço de Madeira e Aço é um quadrinho similar em vários aspectos ao Solitário. Ambos são mudos em sua maior parte, mas Solitário ainda tem mais palavras, visto que tem alguns poucos diálogos e lemos o dicionário do protagonista. Já Um Pedaço de Madeira e Aço não têm NENHUM diálogo, e as poucas palavras que lemos são, por exemplo, pichações no banco, escrituras em camisas, jornais, livros, etc. E por falar em banco, vamos ao personagem principal do gibi.
É o próprio banco que acompanhamos na história. Ele não tem características humanas, não fala, não pensa, é um banco de praça comum. A genialidade do Chabouté é tamanha que ele nos faz criar interesse, sentimentos e preocupação com um simples banco imóvel. A história gira em torno do banco e as várias situações que ocorrem ao redor dele. Um corredor que para perto dele e o usa para fazer alongamentos, senhoras que se sentam para conversar, vários acontecimentos do cotidiano que muitas vezes estão escondidos da nossa visão e foco, tornam o quadrinho uma leitura interessantíssima e singelamente, tocante.
Um Pedaço de Madeira e Aço é uma das melhores experiências em quadrinhos que já tive o prazer de ler. Ele estimula o leitor e te prende, para que você interprete seus quadros sem palavras e tire disso, uma mensagem pessoal. Cristophe Chabouté é um gigante de um autor, e a cada obra lida, me sinto mais puxado e atraído a sua maneira ímpar de contar histórias. Se você tiver a oportunidade, por favor, leia Um Pedaço de Madeira e Aço, é poesia em formato de quadrinhos.