Diogo 11/05/2020
Primeira leitura essencialmente feminista
Decidi começar meus estudos sobre o feminismo com esse livro de Marcia por ser alguém que eu já admirava e por ser uma leitura "introdutória" mesmo (comecei por ele, mas no meio do caminho li "Sejamos Todos Feministas" de Chimamanda Ngozi Adichie que tem um estilo completamente diferente)
Me arrependi um pouco. No geral, o livro é bom e traz discussões e questionamentos importantes. Afinal, o trabalha da filosofa não é responder perguntas, mas instigar discussões engrandecedoras.
Contudo, a leitura não é das melhores por alguns motivos que considero problemáticos em um livro teórico. O primeiro deles é que não há referências suficientes. Ela coloca uma nota ou outra, cita algumas pensadoras en passant e é basicamente isso. A ideia da nota não é somente dar o crédito a quem pensou, estudou e publicou primeiro sobre o tema, mas apresentar ao leitor outros pensadores e caminhos de estudo.
Depois tem o fato de Marcia ir e voltar com o mesmo assunto diversas vezes no livro e, em muitos momentos, sem se aprofundar neles (tudo bem, é um livro introdutório, mas isso só gera confusão). E, ao que me parece, há certas contradições em seu discurso. Essa última parte não sei se é devido à minha interpretação leiga e de homem branco ou ao fato de existirem muitas vertentes do feminismo. Só para exemplificar, em determinado momento, ao discutir lugar de fala, fiquei com a impressão de que seres não mulheres devem participar do movimento sim, mas conter tal ato ao apoio da causa. Apesar disso, mais para o final do livro, ela dá até um exemplo de um caso em que um homem teve o lugar de fala em um movimento feminista e foi aparentemente bem sucedido.
Eu entendo que o movimento é uma constante construção, mas algumas coisas geraram dúvidas. Enfim, é um bom livro, com ressalvas. Vale a leitura para reflexão, concordando ou não, com os posicionamentos da autora.