spoiler visualizarAnocass 05/06/2024
Charlie Gordon e seu Ratatouille
"De qualque forma aposto que sou a primeira peçoa burra no mundo que discobriu algo importante pra siência. Eu fiz algo mas não lembro o que. Intão axo que é como se eu tivesse feito isso para todas as peçoas burras como eu na residênsia Warren e em todu mundo. A deus professora Kinnian e dotor Strauss e todo mundo...."
A construção desse livro foi tão bem feita, e percebemos isso logo na forma da narração de Charlie com sua escrita, sendo analfabeta e no nível acadêmico.
O livro retrata Charlie Gordon, um homem adulto retardado que sofreu em sua vida por ser taxado de inferior por pessoas ao seu redor e até por sua família. Charlie não enxergava isso, por ser um rapaz doce e ingênuo, mas ao ser chamado para ser cobaia de um estudo científico capaz de aumentar seu QI, ele logo teve sua vida virada de ponta cabeça.
Charlie começou aos poucos melhorando em uma velocidade absurda, passando até mesmo dos estudantes de psicologia da faculdade onde frequentava. Mas as consequências foram a responsabilidade de conviver com os sentimentos, pois com a liberdade vem o vazio. Eu não gostei muito do Charle cínico que só pensava em si mesmo, mas logo após a discussão dele com o doutor Strauss eu consegui entender a proposta do autor, de nos mostrar como era dentro da cabeça do novo Charlie. Ele era apático e não se importava com os sentimentos alheios, e isso me incomodava, só fui compreender depois que Charlie não era chato e sim era uma consequência da esplêndida inteligência acelerada.
Sua ligação com Algernon foi bem trabalhada, em como ele se identificava com o animal e que alertava nós leitores sobre o destino interligado de ambos.
As grandes dificuldades de Charlie aqui foram as pessoas, compreendê-las e claro, entender a si mesmo. Os diversos sentimentos estranhos para ele foram algo que trouxeram intriga para os leitores, com pensamentos de: "Por que ele é tão sem noção? Do que vale toda essa inteligência se ele não consegue compreender o básico da conexão humana?"
Não irei mentir, eu pensei isso em alguns momentos, e é isso que torna a narrativa interessante!
A deteriorizacão de sua mente, seguida dos sintomas do falecido animal foram o que pegaram em meu emocional, mesmo não gostando do excêntrico Charlie, agora eu consegui compreender perfeitamente a sua necessidade para ser alguém.
Me pego pensando se é esta a proposta do livro... A crítica ao preconceito e acusações de inferioridade por pessoas retardadas, a romantização da necessidade de ser inteligente o bastante e a insignificância do conhecimento amplo resultando na falta de compreensão emocional