spoiler visualizaralanagsm 23/04/2024
A maior prova de inteligência é não saber de tudo
Como é possível amar e odiar a racionalidade, fomentar a ciência e ao mesmo tempo detestá-la? Flores para Algernon me ensinou, ou melhor, me relembrou um fato sobre a vida já descrito pela famosa música de Belchior que diz que "amar e mudar as coisas me interessa mais": não importa quantos idiomas você domine, quantos diplomas você tem, quão culto e erudito é tudo que te envolve, o afeto é o que torna a vida tolerável. Pouco é importante se você sabe ler e escrever (privilégio que reconheci em mim durante todo o livro), se você domina métodos científicos avançados, se você aprende mais fácil e mais rápido que todos, Charlie escancarou o que deveria ser a regra, que alguém que não conhece o amor e a autoaceitação nunca vai estar tão lúcido do propósito da vida. A ciência, a racionalidade, os domínios sobre as línguas e os instrumentos, nada disso vale a pena de verdade se não há amor naquilo que te move. O que é ser inteligente, afinal de contas? é saber tudo no mundo? É revolucionar? depois de ler a gente entende que a inteligência não é uma só, e se fosse, tampouco estaria relacionada ao academicismo, ser inteligente me parece ser, na verdade, amar alguém que nos ama de volta, ter amigos verdadeiros e estar plenamente ciente de que a felicidade vem das coisas simples, que saber demais não te torna alguém na vida, só te torna solitário, e a felicidade só é real quando é compartilhada. Diria que o que Charlie Gordon mais me ensinou foi que nem sempre saber demais é sinônimo de inteligência, na maioria das vezes, inclusive, não saber de tudo é a forma mais precisa da sabedoria. É muito melhor não saber de tudo e mesmo assim estar tão certo do que realmente importa na vida.