Leyd 27/08/2019
O fato de podermos ler pode ser definido como um pequeno milagre que acontece na nossa mente. Seus olhos captam marcas pretas em branco, descascando padrões de linhas retas e curvas que são perfeitamente transformadas em sons não ditos. Esses sons, por sua vez, são reunidos para formar significados individuais, e esses significados se juntam para formar cadeias de entendimento que são mais profundas do que as próprias palavras.
Em questão de milissegundos, as pequenas linhas pretas nesta tela se tornaram um pensamento extenso, e enquanto você lê o resto desta resenha - como espero que você o faça - o pensamento extenso forma uma narrativa. A leitura de histórias em quadrinhos por exemplo, pode ser entendida como uma forma de magia, pois o simples fato de compreender-mos que uma figura em uma folha quando repetida mais de uma vez, é a mesma figura, mesmo que as imagens sejam tecnicamente distintas, só prova à capacidade narrativa de nosso cérebro em transformar linhas e curvas estáticas em algo contínuo para gerar sentido e movimento.
Esta notável colaboração entre os neurocientistas Hana Ros e Dr. Matteo Farinella, explica o funcionamento interno do cérebro com ilustrações em preto e branco deliciosas e iluminadas que abordam tudo, desde percepção e alucinações, memória e lembrança emocional à consciência e à diferença entre a mente e o cérebro. Passeamos por uma floresta de neurônios, caímos em um laboratório de células e íons, mergulhamos no mar das ondas elétricas cerebrais até naufragar-mos na ilha da memória e por fim adentramos ao castelo assombrado da nossa consciência.
Acompanhamos o personagem sair da página e viajar literalmente pela retina de um leitor - o livro é retratado dentro do livro em forma de caminhos - para o leitor, capítulos - que são divididos em sete partes de um todo. O autor se utilizou de alegorias para conseguir chamar a atenção do leitor mais desatento, e o fato de ser leigo no assunto só melhora essa experiência !