I. de Rohan @izabelderohan 29/06/2020
Mais do mesmo e adicione visibilidade à um transtorno popular e mais feminismo visto de um jeito péssimo.
Finalmente uma heroína que corre atrás do herói e um herói que não segue o conceito de Elle Kennedy de herói: o cara que todo mundo acha que é babaquinha, mas na real não é, e pega um monte de meninas.
Vamos primeiro aos prós: Summer é uma patricinha com TDAH. E que surpresa boa uma personagem assim. Eu, sendo uma bacharelanda em Letras com TDA, fiquei muito feliz em ter uma personagem que não é a loser & tem um transtorno. Quem conhece o transtorno percebe que a autora claramente investiu seu tempo em alguma pesquisa. Eu passei, passo e experienciei várias situações que se desenrolam com a Summer durante The Chase.
Collin é o cara tímido, introvertido, misterioso e tatuado que muitas meninas e meninos ficam procurando na vida real e finalmente foi o momento de uma personagem assim, completamente diferente dos outros heróis de Elle Kennedy. Entrando nos contras... ele poderia ser mais decidido. Amor de verdade não é ter certeza de tudo, mas temos certeza que apesar do pesares queremos ficar juntos da pessoas que gostamos. Pelo menos inicialmente.
Outro contra foi que, apesar da pesquisa de Kennedy do TDAH, ela errou na parte mais simples: os efeitos negativos de remédios para TDAH. Mas, a pior parte de todas, foi a passagem sobre feminismo... A confusão de uma passagem completamente desnecessária... A personagem principal diz que não é feminista radical, sendo que este termo é uma das vertentes do feminismo, vertente esta conhecida por ser transfóbica (nota: perceba o uso do "conhecida por" e não o uso do "é"). A personagem quer dizer que ela não é radicalmente feminista, mas logo depois ela prova sua transfobia, dizendo "Eu acho que homens têm várias coisas boas para oferecer ao mundo. Os pênis deles são ótimos, por exemplo", logo, a autora cumpre a transfobia, mesmo não querendo fazer referência ao feminismo radical (a vertente). O meio dessa passagem é terrível também, Summer quer dizer que não é radicalmente feminista, por exemplo, ela não acredita que homens são demônios malignos vindos do inferno que deveriam ser expurgados da terra. Só que nós, as feministas, Elle Kennedy, também não queremos isso. Poxa, esse é um livro de 2018, tá na hora de se atualizar. Imagino os editores desse livro deixando isso passar... [p.s.: eu li o livro na língua original, inglês, então traduzi para o português, então não deve ser exatamente essa a tradução que você leu, se leu em pt e não em en]
Essa parte, o machismo, a divisão clara de gênero, são tópicos típicos da autora que precisamos ignorar para continuar a leitura. Então ignorando esses pontos, o romance entre os dois permanece tão quente quanto em seus outros livros e, digo, até melhor, já que demora bastante para eles finalmente se convencerem de que podem ficar juntos, o que eu acho que é um bom ingrediente para expectativa.
Claro que a falta de comunicação é uma grande personagem nesse livro, o que dá aquela raivinha, mas isso só deixa melhor o momento em que Fitz e Summer ficam juntos.
Eu também achei que o fato de os dois terem que dividir uma casa fosse ser mais crucial e mais interessante, mas a diferença entre Hanna e Garret, que passaram muito tempo juntos, e Summer e Collin, que moram juntos, é pouca. Queria que a autora tirasse mais vantagem dessa ideia.
Esse livro ganha mais metade de uma estrela por pelo menos tocar no ponto do feminismo e da rivalidade feminina como algo tóxico. Também por, em vários momentos, exibir um transtorno como algo sério e que não torna as pessoas burras. A química entre duas personagens "nada a ver" funciona, novamente, muito bem aqui, artifício já utilizado no primeiro livro da Universidade de Briar, mas aqui é mais explícito ainda. Eu adorei a Summer e até que gostei do Collin, apesar da indecisão irritante. Achei que fosse gosta mais dele, estava preparada para substituir o Garret como meu herói preferido de Elle Kennedy.
Se você for escolher um dos livros de Briar para ler, esse aqui é uma ótima dica, é só relevar todo o machismo e transfobia e vários outros preconceitos que agora não estou lembrando, mas, acredite, estão aqui.