CALINE 05/05/2021Lindo demaisEu estava atrás de um romance. Uma história de amor intensa, apaixonada e sensual também. Depois de pesquisar bastante escolhi Correndo Descalça e o que eu encontrei foi uma leitura que eu queria, mas nem sabia. Estranho, né? Pois é. Esse livro tem uma história de amor, mas as coisas acontecem em um ritmo mais lento, mais contido e cheio de beleza.
Sobre o enredo:
A história de Samuel e Josie começa com uma amizade improvável e através da música clássica e da literatura os vínculos criados são fortalecidos. Ela só tem 13 anos e ele tem 18. Ela é branca e mórmon, ele é navajo, cheio de mágoas e meio descrente de Deus.
É importante deixar muito claro que autora teve todo o cuidado com esse ponto da diferença de idade, a relação deles durante esse período nunca passou de alguns dedos entrelaçados. Samuel, apesar de problemático em alguns momentos, foi construído com muito caráter e consciência sobre o que era certo e errado.
A narrativa da autora é deliciosa e a construção da história tem um ritmo próprio que vai alimentando nosso coração de sentimentos lindos e em vários momentos me deixou com friozinho na barriga. Foi muito interessante acompanhar o início de uma amizade tão improvável. Eles foram opostos que se completaram perfeitamente.
Infelizmente dois pontos não me agradaram e foram os responsáveis pelo livro não ter ganhado 5 estrelas. O primeiro é que a autora quis dar bastante visibilidade a etnia de Samuel e ela fez isso através das lendas e histórias que ele compartilhava com Josie e que na maioria das vezes não tinha nada a ver com o momento e acabava "quebrando" o clima. Eu gostei de saber mais sobre os navajos, mas era mais interessante quando ele usava as lendas pra falar indiretamente sobre algo que eles estavam vivendo no momento. O outro ponto foi a quantidade diminuta de diálogos, principalmente entre Samuel e Josie. O Samuel é um personagem muito interessante e eu me senti privada de saber mais como ele se sentia. Talvez isso tenha acontecido por causa da personalidade silenciosa dele, nesse caso a autora poderia ter feito a narrativa intercalando entre os personagens principais.
Sobre os personagens:
Samuel é um dos personagens masculinos mais incríveis que eu encontrei. Eu senti falta de mais diálogos dele, mas seus silêncios falavam muito e apesar de ser muito calado quando resolvia falar ele era direto tanto no queria saber quanto no que queria que a outra pessoa soubesse. Ele era extremamente respeitoso com a Josie e nunca ultrapassou nenhum limite. Os momentos mais intensos deles foram nos dados em pequenas quantidades e a gente ficou apenas na imaginação de como ele agiria em momentos mais apaixonados (eu queria muito ter lido sobre esses momentos).
A Josie era uma garota muito ligada à família e suas perdas e responsabilidades fizeram com que ela amadurecesse rápido demais. Ao 13 ela parecia ter 18, pelo menos emocionalmente e psicologicamente. Confesso ter ficado chateada com o pai e os irmãos por terem "esquecido" que ela era apenas uma garota quando perdeu a mãe e terem permitido que ela assumisse a responsabilidade de cuidar de todo mundo e abrir mão da própria vida.
Apesar da interação física entre os dois se limitar a alguns poucos beijos eu sempre ficava super empolgada quando acontecia (acho que a autora fez de propósito pra gente ficar na vontade de mais).
Concluindo
Correndo Descalça me deu muitos friozinhos na barriga, me fez suspirar e ansiar por mais. É um livro que fala muito sobre fé e Deus, inclusive parece um romance cristão. Terminei a leitura com uma sensação gostosa no peito, querendo ter muito mais dessa história tão linda, doce, delicada e cheia de amor. Esse livro foi a leitura que eu precisava, mas não sabia e aqueceu meu coração.