Natália Tomazeli 14/09/2020Mais uma decepção da TAG Inéditos para minha lista"As coisas horríveis ficavam mais fáceis de digerir quando se tirava a emoção."
Eu me considero uma pessoa bem teimosa, de verdade. Apesar de não ter tido um histórico positivo com os livros do programa da TAG Inéditos (já li dois) não quis desisti porque ainda sim acreditei que pudesse ser uma questão de azar que eu tive. Inclusive eu tenho outros livros aqui em casa dessa assinatura (não foram comprados por mim porque sou teimosa mas não idiota) além desse.
"A Boa Filha" pelo que eu sei, foi o primeiro livro da "TAG Inéditos". Eu sempre tive curiosidade com essa autora porque ouvia todo mundo dizer que ela é ótima então quando me surgiu a oportunidade de trocar esse aqui no Skoob eu aproveitei pra conhecer a autora e ver se era tudo isso que diziam. Bom, infelizmente, pra mim, não...
Peguei esse livro pra ler antes da pandemia existir e ele parecia eletrizante naquela época. Mas depois de umas 200 e poucas páginas aconteceu um cena que me deu um gatilho imenso que me desencadeou uma crise de ansiedade horrível e acabei abandonando o livro. Então já fica aqui o aviso pra quem é sensível. A autora na verdade no geral escreve livros bem fortes no quesito de "sangue", vamos dizer assim.
Mas enfim, por algum motivo, resolvi voltar a ler o livro, afinal ia/vou mandar ele embora então pensei "vou acabar logo pra não ter mais um abandonado na lista" e foi aí que eu errei feio, errei rude... Me arrependo muito de ter voltado com a leitura e vou falar porque:
Primeiro lugar, esse é um livro sem uma história em si. O livro já começa com o crime central realizado e o desfecho concluido. Ok. Depois o outro que surge é tão ínfimo e óbvio que não prende, não aguça a curiosidade. Inclusive o Rusty (acho que é esse o nome do pai delas) diz algo como "ah esse crime é x coisa" e aí no final ele tava certo e eu fiquei totalmente "ata '-'".
Aquela coisa eletrizante do início se perde e dá lugar pra uma trama arrastada e cheia de descrições. Acho que é depois que passa o choque inicial de tudo o que acontece com a família, na verdade.
Aí a gente vai acompanhando a vida dos personagens que nunca se resolve por causa de um recurso que pra mim é bem manjado: A falta de uma conversa entre eles.
Ninguém se conversa nesse livro, gente. Com uma simples conversa eles resolveriam metade das situações que tem no livro.
Tudo bem a autora querer se focar no desenvolvimento de personagem. Muitos autores que eu já li fazem isso e fica ótimo. Mas aqui eu achei que não foi o suficiente ´pra sustentar a bomba que ela jogou no início aí a leitura se tornou difícil pra mim.
Segundo lugar foi uma coisa no final totalmente inverossímil. Mas assim totalmente MESMO. Essa é pra ser uma resenha sem spoiler então não vou falar exatamente o que é mas é um bagulho fisiologicamente impossível de sustentar, medicamente impossível de ser mantido em segredo, sabe? Do jeito que foi escrito ali pelo menos, não. Chegou a ficar muito forçação de barra a autora ter inserido algo grotescamente impossível assim, então depois disso eu não consegui mais, gente, desculpa... Eu preferia um final aberto a essa patacoada. Aí depois veio o plot mas eu ainda tava tão revoltada com tamanho absurdo que não consegui nem me surpreender com ele, apesar de eu de fato não ter adivinhado ele durante a leitura. Aí gente, isso aqui não é um livro de fantasia onde um mago leva uma flechada no peito e sobrevive através de uma magia. Não é pra ser assim, então não tem cabimento a autora inserir algo assim na história.
Não tive como realmente achar o livro minimamente bom. Não valeu a pena a leitura e não tenho a pretensão de ler mais nada dela por agora. Entendi até quem gostou mas a junção de fatores ruins não deu pra fazer com que eu gostasse de nada. O livro me incomodou de um jeito não tipo "vamos sair da zona de conforto, refletir" mas sim de um jeito "nossa tá tudo muito incorreto, sem coerência, credibilidade, desconexo com as ideias iniciais propostas".
Não vou ficar citando o quanto é difícil pra mim ser surpreendida por mistérios em thrillers pq aqui nem sei se é o caso exatamente, afinal a autora escreve bem e até me enganou pelo cansaço muitas vezes (afinal são quase 500 páginas cheias de descrições), mas muita coisa não deixa de ser bem óbvia afinal já tinha sido citada anteriormente, enfim... Podia ter lido alguma outra história do gênero. Até da própria Karin Slaughter (ao invés de ter escolhido esse como primeira leitura dela).
"Tinha aprendido isso no passado: no momento que baixasse a guarda, o mundo despencaria em um abismo distante, mas familiar."