Bia Sousa 20/09/2018SURPREENDENTEEm Um Banquete Para Hitler, conheceremos Magda Ritter, uma jovem que teve a sua vida devastada pelo nazismo, mas o terror que ela viveu era diário, o horror lhe era servido.
“Eu não era uma adivinha, mas me perguntei quão grave minha situação poderia se tornar como uma trabalhadora no Reich.”
Devido ataques aéreos no período da Segunda Guerra Mundial, os pais de Magda decide mandá-la para a casa dos seus tios, simplesmente para ter mais segurança para a filha querida. Assim que chegou na casa dos seus tios, acabou ganhando uma condição para morar lá, Magda teria que trabalhar, mas como se sabe, nesse período não era nada fácil conseguir um emprego sem estar associado ao Pardido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães.
Magda se vê pressionada pela tia e acaba se associando a Liga do Reich, e em poucos dias ela foi chamada para trabalhar, era algo secreto, mas ela não imaginava que emprego era esse.
“Algumas pessoas não conseguem sentir cheiro de cianeto. É uma característica genética. Você tem sorte de conseguir; caso contrário, teria que encontrar outro trabalho.” Fiquei chocada com o meu infortúnio. Se eu tivesse mentido sobre o cheiro, poderia ter sido designada como cuidadora da cozinha ou outra tarefa menos perigosa. Em vez disso, através da minha ignorância sobre venenos, tinha garantido meu emprego como provadora.”
Nossa protagonista iria trabalhar diretamente com Hitler, ela seria uma das provadoras, uma pessoa de confiança de Adolf Hitler. Como muitos já sabem, Hitler desconfiava de tudo e de todos, e seu maior medo era morrer envenenado. Sim, esse medo também passou a acompanhar Magda, a morte lhe era servida todos os dias.
Com o tempo, ela acaba se acostumando com o trabalho e passa a ter mais contato com algumas pessoas que trabalham para o Führer, ali ela passa a perceber que nem todos se simpatiza por Hitler, mas a grande maioria o idolatrava e acreditava que apenas ele traria a salvação da nação.
“Você e outras experimentam a comida do Führer. Seu corpo é oferecido em sacrifício ao Reich no caso de a comida estar envenenada.”
Depois de uma tentativa de envenenamento que Magda descobriu, ela passou a ser uma pessoa querida por Hitler, mesmo ele não sabendo que a grande vontade dela era matá-lo com as próprias mãos.
Sobre o que acontece com Hitler muitos já sabem, mas o que me encantou nesse livro foi ver como era a vida do Führer e de quem vivia ao seu redor. Comida, lazer e outras regalias era tido de sobra, enquanto muitas pessoas passavam fome e não conseguiam dormir devido aos bombardeios, durante a leitura pude perceber o quão Hitler era maquiavélico, apesar de na minha opinião ser muito inteligente (pena que utilizou a sua inteligência para o mal).
“Estremeci. Minha vida pode acabar aqui. Nem mesmo os bombardeios em Berlim tinham me obrigado a enfrentar minha mortalidade de maneira tão brutal. A ideia de que eu poderia morrer por Hitler me atordoou.”
O horror vivido por Magda e o medo que ela sentia diariamente me tocou por diversas vezes (em vários momentos da leitura tive que dar um tempo para digerir os acontecimentos). Mortes, ameaças, abuso de poder, e o que mais me chocou foram como as pessoas eram tratadas e as cenas de estupros.
Além disso, acompanharemos o romance de Magda e Karl, que me emocionou demais, mas já adianto que o núcleo principal do livro não se diz respeito ao romance. Ah, esse é o primeiro livro que tem a Eva (esposa de Hitler) como personagem, gostei muito de conhecer ela.
“Como todos na Alemanha podiam olhar para o outro lado? Me perguntei se aqueles que viviam nas cidades ou em fazendas nos arredores dos campos conseguiam sentir o cheiro de carne queimada. Será que olhavam para os céus quando os flocos cinza caíam sobre eles? Como podiam não saber o que estava acontecendo e, se o sabiam, por que não se importavam? Onde estavam as pessoas que precisavam se mobilizar com indignação e horror contra o que o nosso governo estava fazendo?”
A história contada nesse livro foi inspirada na de Margot Wölk, que apenas aos 95 anos decidiu contar os horrores que viveu e sobre ter trabalhado para Adolf Hitler.
Em diversos momentos da leitura me via fazendo várias pesquisas sobre esse período horroroso que foi Nazismo, então se você gosta de livros que se passam nesse período, que seja ficcional, mas ao mesmo tempo tem um fundamento real, esse livro é ideal para você, e como vocês já devem imaginar, eu amei demais essa leitura.
Por Bia Sousa
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