Bia 31/05/2017Resenha publicada no blog Pausa para PitacosEu nem lembro há quanto tempo esse livro estava parado na minha estante. Ao visitar uma livraria, gosto de as vezes comprar um livro desconhecido, que tenha chamado minha atenção apenas pelo titulo e/ou capa. Acreditem: já tive surpresas maravilhosas comprando assim, deixando que de alguma forma a obra me escolhesse.
Não sei dizer ao certo o que me atraiu nesta obra. Não me lembro mais. Acredito que tenha sido o título.
Alice é uma mulher de 39 anos, tem três filhos e acabara de se divorciar de Nick. A relação entre o ex casal é totalmente tensa.
Certo dia, ao ir a academia se exercitar, ato comum em sua rotina, Alice tem um desmaio e perde toda sua memória recente. Ela só se lembra de sua vida há dez anos, quando tinha 29 anos, estava grávida de seu primeiro filho e tinha um casamento perfeito.
Alice não se lembrava de absolutamente nada, vale ressaltar. Ela não sabia o motivo de seu casamento ter acabado, não se lembrava de seus filhos, não entendia o motivo de sua relação com sua irmã, Elizabeth, parecer ter se perdido em algum ponto. E nós, leitores, também ficamos no escuro.
"Será que uma batida na cabeça realmente poderia apagar da lembrança um acontecimento tão significativo? Isso não seria ligeiramente excessivo?" Pág. 34
Junto com a protagonista vamos tentando desenrolar o passado e o presente tanto dela, quanto dos demais personagens. E o resultado disso é uma leitura delicada, reflexiva e deliciosa.
Quando comprei o livro, não conhecia a autora Liane Moriarty. Se você ainda não se recordou do nome, ela é a autora de livros de sucesso, como O Segredo do meu Marido e Pequenas Grandes Mentiras.
Mas quando o li, já sabia que se tratava de um conteúdo criado por uma grande mulher. Percebi que uma característica da autora é criar enredos com personagens femininas fortes, próximas da realidade, e os temas abordados em suas tramas são questões familiares. Assim como em Pequenas Grandes Mentiras, ela criou em As Lembranças de Alice, uma teia que foi capaz de me prender desde o início. Não temos um grande suspense, mas as problemáticas e o “desconhecido” envolvendo cada personagem, provoca curiosidade e apego ao leitor.
O ponto alto do livro com toda certeza é a construção de cada personagem. Vocês irão se deparar com crianças maravilhosas, uma um tanto rebelde; com uma vovó blogueira; com um homem maravilhoso que apesar de estar perdido e irado com sua ex/atual mulher, não consegue nos enganar. Sabemos desde o início que ainda a ama.
Elizabeth, irmã de Alice, foi minha personagem predileta. Até mais importante pra mim que a própria Alice. Assim como eu, a personagem também não pode ter filhos. Através de cartas escritas para seu terapeuta, como uma lição de casa, consegui me identificar com as situações que ela enfrenta devido a infertilidade.
É impossível não pensarmos em nossa própria vida. Nos rumos que tomamos. Me perguntei várias vezes durante a leitura: quem eu era há dez anos? Quem eu me tornei? Me orgulho disso?
E claro que voltando ao passado, com toda certeza iria me surpreender e talvez nem acreditar nos acontecimentos da minha vida nos dia atuais. A Bia de 20 anos jamais seria blogueira, não estaria separada, jamais (nunquinha) teria uma drogaria, e nunca estaria morando em sua cidade natal. Como o futuro é incerto, concordam?
Neste livro vocês irão encontrar dramas daqueles que deixam uma vontadezinha de chorar; mas também irão se divertir muito. Ri em muitas passagens, a perda de memória de Alice, apesar de trágica, é cômica em vários momentos. E tem romance!! Romance fofo e lindo.
Termino minha resenha recomendando a leitura e ressaltando que acredito que são os livros que nos escolhem.
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