Feliz451 31/01/2024
Grief is Not a Contest...
Estou sentindo que essa aqui vai ser uma daquelas resenhas difíceis, então vou tentar manter o foco e não divagar muito aqui. Ah, e tá lotado de spoiler tá? Se você quer ler o livro na mais completa escuridão, só veja minha resenha depois de terminar a leitura! Enfim, vamos lá:
Eu queria ter AMADO esse livro. De verdade, de corpo e alma. Vim com o coração completamente aberto para fazer exatamente isso desde o momento que descobri sobre ele no TikTok. Tipo, uma história de amor que se passa na Primeira Guerra Mundial e é narrada pelos deuses gregos? Como essa história não chama a atenção de alguém, sabe? Já fui fisgado daí e queria muito aproveitar logo essa história. Infelizmente para mim, a premissa foi melhor do que a execução.
De início me bateu um certo receio por ele só estar disponível em inglês, já que não tenho tanta experiência lendo livros no idioma, mas apesar de umas dificuldades aqui e ali consegui ler tranquilamente. E se um dia ele for traduzido e publicado aqui no Brasil, eu não me importaria de fazer uma releitura, só para chegar nas partes que valem a pena mais uma vez.
Por mais que o romance entre Hazel e James comece meio do nada, com eles se apaixonando basicamente na primeira dança que compartilharam juntos, o fato de que a própria Afrodite diz que deu um "empurrãozinho" para eles pode justificar isso. E sinceramente? Não me incomodei nem um pouco com essa paixão que surge do nada, pois as interações dos dois logo nesses primeiros capítulos já é muito boa. Se o livro tivesse ficado 100% neles, não acho que ia ter alguns dos problemas que tem.
O problema é que no fim do primeiro ato, lá pelos 20% do livro talvez, o casal é separado por um acaso do destino e é aí que somos apresentados aos outros núcleos da narrativa. De início, Aubrey foi um personagem que não gostei por conta de sua personalidade convencida, mas ele aos pouquinho foi conseguindo me amolecer, assim como fez com a Collete. Falando nela, ela para mim podia ter muito mais destaque dentro da história, já que por muitas vezes ela só parece estar lá acompanhando a Hazel. Dito isso, o romance dela com o Aubrey é sim ao meu ver não tão bem desenvolvido quando o outro casal e poderia muito ter tido mais algumas páginas, já que muitas coisas acontecem muito de repente e sem muitas explicações.
Dito isso, o livro aqui tem uma drástica queda no seu ritmo e as narrativas parecem não se movimentar praticamente nada até mais ou menos uns 50% do livro. Os capítulos do Aubrey são muitas vezes narrados pelo Apolo, que para mim foi o mais fraco de todos os narradores. Eu sei que o Aubrey tem todo o lance dele com a música, mas não senti que esses capítulos ficaram tão legais de se ler. Os do Ares também são meio fracos em alguns quesitos, os que aparecem até aqui pelo menos.
As coisas voltam aos trilhos quando temos os capítulos do encontro em Paris do casal principal que são com certeza as partes que mais derreteram o meu coração e me conquistaram, e que na minha opinião fazem o livro valer muito a pena. O plot dos assassinatos que o Aubrey se envolve é interessante, mas por mais que a autora mostre o quanto se empenhou em pesquisar o quão precária era a situação que os soldados negros sofreram nesse período da guerra, em umas 20 páginas depois que o livro acaba virando livros artigos e filmes que usou, senti que ficou uma coisa muito jogada no meio da história e que não foi tão aprofundada.
O ritmo dos capítulos seguidos ao encontro não são muito bons, apesar de termos algumas batalhas interessantes narradas pelo Ares, as únicas em todo o livro, que peça muito nesses trechos. Temos uma complicação no meio da história que separa os casais, e devo dizer que aqui foi o único momento onde Collete e Aubrey foram melhor explorados que Hazel e James.
Uma coisa que me incomodou muito foi a "covardia" da autora de seguir com um acontecimento na reta final do livro. Acredito que não faz muito sentido Hades ter simplesmente se compadecido e "revivido" um dos personagens que morre próximo do final do livro. A cena de morte deixa bem claro que o personagem tinha morrido, há um capítulo inteiro seguindo isso com Hades no pós vida, e mesmo assim esse personagem aparece vivo e sem maiores complicações além de algumas cicatrizes?? Desculpa, mas numa guerra em que milhões de pessoas morreram, e com outros personagens que também tiveram fins injustos e repentinos no livro, qual o motivo que leva o senhor do submundo a deixar um de seus residentes irem embora? Não fez o menor sentindo para mim e me incomodou demais, já que acredito que a história teria sido melhor se esse personagem permanecendo morto.
Existem ainda alguns furos de roteiro que não irei comentar com detalhes mas que com certeza contribuíram para a nota cair. Por fim, os deuses gregos tiveram excelentes narrações, mas a personalidade deles, a representação e a razão que motivo o início de toda a história pareceu meio boba para mim, apesar de ter gostado muito de como ela terminou, principalmente da última frase dela: "But this is a kiss for the ages".
O que quero dizer com a resenha desnecessariamente grande é que é um bom livro, vai te deixar preso nele e doido para saber o que vai acontecer nos próximos capítulos, mas ele tá longe de ser perfeito, sendo longo demais e com alguns plots que não servem de muita coisa para a narrativa. Dito isso, é um livro que recomendo para todos, já que ela conseguiu como poucas despertar em um os mais diversos sentimentos durante a leitura!