Lina DC 10/09/2018CONTÊM SPOILERSTudo deveria ter terminado da forma como o esperado e os nossos protagonistas estariam vivendo felizes e infelizes para sempre, certo? Errado.
Após Tedros e Agatha finalmente ficarem juntos e Sophie encontrar seu espaço como nova diretora do Mal, o grupo deveria estar comemorando o início de suas histórias, mas a impressão é de que tudo está dando errado. Em Camelot, Agatha e Tedros estão tendo dificuldades como casal e como líderes. Tudo começou na coroação de Tedros quando o príncipe não conseguiu erguer a Excalibur e Guinevere e Lancelot precisaram manter-se escondidos. Desde então, Tedros se mantem afastado de todos, inclusive de sua noiva. Agatha está se sentindo solitária. Sozinha em Camelot e tendo que preparar o casamento do século (algo que não combina em nada com ela) e ainda por cima, sendo deixada de lado pelo amado. Agatha sabe que pode ajudar Tedros, se os dois trabalharem juntos, mas não sabe como alcançá-lo. Além disso, Lady Gremlaine supervisiona ambos e faz questão de que eles cumpram seus compromissos à risca.
"Ele gritou aquelas palavras de novo e de novo, a voz falhando enquanto o arrastavam para dentro do castelo, até que tudo o que ainda restava da Grande Esperança de Camelot era um garotinho soluçando, a coroa caída sobre os olhos, as mãos balançando violentamente no escuro." (p. 34)
Sophie está transformando a Escola do Mal em um templo de adoração (a ela própria, é claro). A forma como ela conduz a Escola está desagradando a muitos, pois suas preocupações como sempre, são fúteis e os ensinamentos são vazios. Mas mais do que isso, observamos a personagem obcecada pelo baile que está chegando e desesperada para se envolver nos preparativos do casamento da melhor amiga (que por sinal, não manda notícias há muito tempo!).
Porém, todas as preocupações pessoais precisam ser deixadas de lado quando começam a perceber que as missões dos alunos do quarto ano estão falhando e mais do que isso, os reinos estão sofrendo com pequenos ataques e sumiços inexplicáveis. Com a ajuda do conhecido coven, Merlin e tantos outros personagens, esse grupo inusitado de jovens precisará estudar com afinco a origem de Camelot e descobrir como uma lenda local, envolvendo uma cobra, um leão e uma águia podem mudar radicalmente mais uma vez os contos de fadas.
O tema central do livro foi muito bem desenvolvido em cima de uma fábula que faz o leitor refletir. Enquanto que pequenas dicas vão sendo apresentas no decorrer das páginas, somos levados a uma grande aventura, saindo de Camelot, passando por Avalon e Jaunt Jolie e finalmente retornando ao ponto de partida, onde uma grande reviravolta irá mudar tudo nas últimas páginas do livro.
Novos personagens serão acrescentados a série, como Nicola, uma jovem leitora que veio do mesmo vilarejo que Sophie e Agatha. A garota é inteligente e perspicaz e tem uma paixonite por outro personagem que vem sofrendo por não ser correspondido. Quem sabe agora ele não consiga o seu final feliz? Observamos também a presença de personagens conhecidos como Robin Hood (em uma versão bem diferente) e Rhian, um jovem que será colocado a prova para demonstrar sua lealdade. O autor também traz personagens já conhecidos do público como Merlin, Hort, a reitora Clarissa Dove, Beatrix, Dot , Hester e Anadil, cada um trazendo mais complexidade a história.
No quesito romântico da trama, a história deixou um pouco a desejar. Agatha e Tedros repetem os mesmos erros dos livros anteriores, assim como Sophie, que fica perdidamente apaixonada pelo primeiro galã que aparece e força a barra para o seu "felizes para sempre" mesmo sendo da equipe do mal.
O livro tem ilustrações belíssimas e um trabalho cuidadoso da Editora Gutenberg. Foram encontrados alguns errinhos de digitação, mas eles não interferem na compreensão do texto.
"Mas as meninas não estavam olhando para Hort. Estavam olhando para além dele, para uma torre prateada que se elevava na baía... uma janela aberta iluminada pela lua.. uma caneta de aço, afiada, rabiscando tinta por uma página... O Storian. Escrevendo. Um novo conto de fadas havia começado." (p. 89)