Nath 15/06/2023"um milhão de garotas dariam a vida por esse emprego"Bem diferente do filme, pra minha surpresa. Gostei disso.
É possível odiar muito mais a Miranda nesse livro, assim como é possível simpatizar um pouco mais com as pessoas no entorno da Andy. E o final, que satisfatório, sinceramente. Até hoje não consigo aceitar o final que deram pro filme hahaha
Mas vamos por partes.
A leitura empaca um pouco no meio do livro e cheguei a ter a impressão de que ele poderia ser um pouco menor, mas em geral, achei que fluiu bem.
Fiquei positivamente surpresa com o fato de que a Andy não tem amigos e namorado tão superficiais ao ponto de claramente amarem o emprego dela enquanto estão sendo presenteados, ao passo de logo o odiarem quando isso acaba. No entanto, o preço disso no livro é a pouca construção que temos dos personagens.
Achei bem difícil me importar com outros personagens além de Andy, Emily e Miranda, pois a trama é totalmente centralizada nelas dentro do ambiente da revista, o que de fato da a impressão de que a Andy vivia pra aquilo. Se a intenção da autora era essa (imagino que sim) funcionou bem, pois vários momentos eu basicamente esqueci da existência do Alex, por exemplo.
Gostei muito de como no livro fica muito mais evidente o nível de toxicidade do emprego da Andy e como isso não fica obscurecido pelo glamour dos eventos e das grifes como acontece no filme.
Por outro lado, me incomodou muito a naturalização do ponto de vista das pessoas de que a Andy estava fazendo escolhas levianas, como se nada fosse tão pesado pra ela como realmente era.
Embora como eu comentei antes, os personagens do livro não sejam tão mesquinhos quanto os do filme, me choca o quão naturalizada é a ideia de que a Andy estava passando por um emprego abusivo por culpa dela mesma.
Não sei se isso se dá pela época em que o livro foi escrito ou pelo contexto social da autora, mas eu achei realmente um absurdo o namorado, a família e os amigos da pessoa verem que ela está claramente à beira do burnout, perdendo peso freneticamente, tendo crises de ansiedade e praticamente não tendo vida fora do escritório e tudo se resumir a "você não se importa comigo, você só tem tempo pra Miranda".
Ninguém parou pra pensar que a Andy precisava ser acolhida e não julgada. O mercado de trabalho é cruel, principalmente com as mulheres, principalmente no meio da moda, principalmente quando se é jovem e inexperiente.
Infelizmente chefes como a Miranda são mais comuns do que imaginamos e infelizmente na maior parte das vezes as pessoas não podem simplesmente pedir demissão porque não tem mais tempo para os amigos.
Gostei muito mais do desfecho do livro e principalmente da postura da Andy no final dele do que do filme, mas ainda acho que algumas discussões são necessárias no entorno dessa história.
De toda forma, sigo amando a Andy e irei defende-la sempre que tiver oportunidade.