araujonei 04/02/2018
Apenas um desabafo sem coração.
A primeira coisa a se fazer quando decidir ler O Diabo Veste Prada (2003, Lauren Weisberger) é, sem dúvidas, esquecer a sua adaptação cinematográfica. O filme parece ter usado apenas os nomes dos personagens e o título da obra, já que, tirando poucas passagens, o filme não tem muito do livro no qual se inspira.
O início da obra muito promete, com uma protagonista que tem tudo para crescer e aprender durante os muitos percalços que sabemos pelos quais enfrentará, mas não é bem isso que acontece. A personagem se perde, se diminui, e chega um momento que só queremos avançar na leitura, de tão perdida que a personagem fica. Aliás, a maioria dos personagens não parece ter muito propósito, sendo em sua maioria fúteis e deveras superficiais, o que é pior, já que enxergamos potencial para que tudo melhore, o tempo todo, mas são esperanças vãs.
Miranda Priestly demonstra ser uma pessoa que apenas vive para infernizar os outros, sem que, em momento algum, consigamos entender os motivos da personagem ser como é. Emily, que poderia ser um coringa na vida da protagonista, sai da trama praticamente como entrou: vazia. Isso sem contar em Lily, melhor amiga de Andrea. Uma pedra no sapato, a personagem adiciona a trama tanto quando 0 + 0.
Para mim, que li esse livro consideravelmente rápido, foi maçante ler, por parágrafos seguidos, como todos estavam vestidos (sim, eu sei que é um livro sobre moda!), o que me parece ter sido um desperdício de tempo e tinta.
O único personagem que parece realmente ter cérebro é o pequeno Alex, namorado de Andy. Sempre com falas inteligentes e sempre pensando no bem de todos, sem esquecer o dele próprio. É o único que tem um coração na trama.
Terminei O Diabo Veste Prada com alívio e agradeci aos deuses do cinema por terem feito um filme tão diferente do livro. O filme, é uma obra prima. O livro, passou longe, parecendo ser nada mais do que um desabafo de sua autora sobre a tão sofrida (oh!) época em que foi assistente de Anna Wintour, e teria sido muito interessante, se não fosse tão sem graça.
Uma decepção.