Mariana Dal Chico 22/11/2019“Fique Comigo” de Ayòbámi Adébáyò foi publicado no Brasil pela editora Harper Collins Brasil que me enviou um exemplar de cortesia.
Confesso que o título do livro me enganou bastante, comecei a leitura achando que seria uma história sobre um casal, quando na verdade, o livro vai bem além do romance entre homem e mulher.
(No terço final do livro o leitor é apresentado ao verdadeiro motivo da escolha do título)
A autora insere temas pesados e os desenvolve com profundidade - maternidade, pressão social e familiar sobre a mulher, luto, traição, mentiras, falta de comunicação, violência -, faz com que o leitor consiga se colocar no lugar dos personagens para compreender suas atitudes e decisões.
Numa sociedade em que a esposa se ajoelha - literalmente - perante ao marido, a monogamia é exceção e a mulher só é considerada completa após dar um herdeiro para o marido, Yejide toma atitudes firmes para sustentar suas opniões, lutando contra suas amarras sociais. Ainda assim, a pressão por gerar um filho na protagonista é tão grande, que ela cede e sua saúde psicológica é afetada. Sua dor não é levada em consideração e o processo de perda/luto é minimizado pelos que estão à sua volta.
Ler sobre essa luta, dói. Dilacera o coração. Revolta.
Gostaria de ter visto mais de informações sobre a política do período conturbado pelo qual eles estavam passando.
Para quem faz uma leitura mais crítica/atenta, pode perceber que o narrador entrega muito do que vai acontecer no final do livro, por isso, os plot twists não me surpreenderam.
A redenção de Akin é forçada, seu relato sobre a saída do hotel em meio às manifestações me incomodou muito.
Gostei bastante da leitura, mas esperava mais. Considerando que este é o livro de estreia da autora, mal posso esperar por sua próxima obra.
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