Aline Stechitti 26/07/2013
O desabafo de um defunto?
Machado de Assis - 208 páginas - Lafonte
"Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver, dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas"
Ok, esse foi o primeiro livro que li em que o autor fica batendo papo comigo... E foi estranho... Bom, e legal também. Acho que foi mais do que legal, foi uma experiência muito impressionante.
Brás Cubas começa contando sua história a partir de seu enterro e depois conta desde que nasceu, fala de seus pais, seus amigos, amores. Sabe, eu não achei a história incrível, na verdade é uma história comum que poderia ter pertencido a qualquer homem.
A maneira como Brás Cubas narra sua vida é sempre conversando diretamente com quem lê e isso faz você querer continuar.
Brás Cubas não é um cara legal. Não é um mocinho bacana e admirável. Eu adoro isso, adoro que os personagens sejam humanos, cheios de defeitos. Na verdade todos os personagens são muito reais e dá pra acreditar na narração, não fica algo fantasioso.
Só não dei 5 estrelas porque depois da metade do livro, ficou um tanto chatinho. Até mais da metade ele é delicioso e mesmo com algumas palavras antigas, a leitura voa, pois a narração é divertida, no estilo do epitáfio do defunto-autor citado acima, mas depois pro final fica meio enjoado. Talvez seja porque eu não entendi muito bem as filosofias malucas do Quincas Borba, as conversas dele com o Brás Cubas.
Enfim, esse livro é bem pessimista, cheia de realismo e críticas. Muito, muito bom mesmo. Acredito que se tivesse lido uns anos antes teria detestado, assim como detestei "A mão e a luva". Acho que eu não estava preparada para ler Machado de Assis naquela época. É bom esperar amadurecer um pouco. ;)
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