Aline 12/01/2019Originalmente postado no blog I LOVE MY BOOKSEm Southampton, o corpo sem vida de um homem de meia idade foi encontrado em uma casa velha e abandonada, em um ponto de prostituição. Nota-se que foi um caso de assassinato de grande brutalidade, e não demoram para descobrir que que vítima era um pai de família e um nome importante dentro de sua igreja. O que um homem de bons costumes estaria fazendo naquele bairro?
A polícia recebeu um telefonema de uma mulher desesperada por ter recebido um coração na porta da sua casa pertencente à vítima, que logo descobre-se ser marido da destinatária. A mesma está disposta a atrapalhar o trabalho dos policiais por não conseguir aceitar o fato que seu companheiro de anos, um homem de respeito, estaria em um bairro tão pecaminoso.
A detetive-inspetora Helen Grace irá assumir esse caso e tentar descobrir quem é esse assassino cruel. Seus instintos dizem que esse não será o único crime e ela se mostra certa quando outros homens começam aparecer mortos com uma característica em comum que mostra como o assassino escolhe suas vítimas e seu Modus Operandi: todos são homens casados com interesse em prostituição e todos tiveram o coração arrancado do peito.
Em paralelo, teremos um caso secundário onde uma prostituta foi assassinada. A responsável por essa investigação é Charlie, uma policial que foi a principal parceira de Helen em seu ultimo caso, o qual causou a afastamento temporário de ambas anteriormente. Porém esse assassinato não terá tanto destaque na obra, apenas servindo de uma maneira de ligar Charlie à investigação do brutal Serial Killer que Helen Grace precisa pegar.
Da Morte Ninguém Escapa é um livro com edição bem trabalhada, possuindo uma arte em sua capa que combina muito com a trama da obra. Composto por parágrafos curtos e com uma fonte grande que ajudam o livro fluir mais rapidamente.
Helen Grace é uma das piores detetives que já tive o prazer — ou desprazer — de conhecer em obras de Thriller Policial. Ela é uma mulher impulsiva e muito estressada, tratando seus companheiros de trabalho e familiares em luto com irritabilidade e grosseria, sem a capacidade de controlar seus "nervos", assim gerando problemas de relacionamento com muitas pessoas.
Na minha opinião, a mesma não sabe conduzir uma investigação de assassinato, sendo irresponsável com algumas informações confidenciais e levando a sua intuição a frente de tudo. Ela traçou um perfil do assassino com informações como sexo e profissão baseado em suposições, e ao conversar e interrogar as famílias das vitimas, releva esse perfil de opinião pessoal dela sem ter conversado com sua equipe anteriormente.
É totalmente natural que um caso de investigação de assassinato ande um pouco mais devagar do que o esperado, mas a superior de Helen, Harwood, ameaçava-a tirar do caso por conta do atraso na investigação. Durante a leitura ficou claro o quanto as duas tinham uma espécie de rixa, e o ódio entre elas não era algo escasso. Sendo assim inevitável perceber que Harwood queria tirar Helen sua posição no caso apenas por sua má relação com ela e arrumou o primeiro motivo que encontrou.
Confesso que para mim o detetive principal ter problemas em manter sua posição na investigação é um clichê no gênero, mas que causa uma certa emoção e adrenalina no livro. Porém, eu os apoio quando eles existem por motivos coerentes e não por uma simples demora no decorrer da investigação. Levando em conta a personalidade da detetive-inspetora e, para mim, sua irresponsabilidade na condução da busca pelo assassino, Harwood possuía motivos coerentes para querer tomar tal atitude, sem precisar partir para algo tão banal. Porém ela também não estava sendo muito sensata em querer prejudicar Helen por seus motivos pessoais.
Houve algumas situações em que logo que algo importante na investigação era descoberto por algum membro responsável logo depois a equipe já estava no conhecimento da informação. Esse detalhe foi algo que relevei e não considerei um furo por pensar que o autor talvez tivesse optado por omitir algumas cenas de repasse de informação evitando repetir muitas coisas e estender a obra à paginas desnecessárias. Com exceção do meu comentário sobre Helen Grace compartilhar suas suposições com pessoas fora da investigação, já que ali ela necessitava da opinião de outros policias, e o livro não deixou a entender que ela foi atrás de outros olhares antes do compartilhamento, apenas depois.
Diferente da situação anterior, algo que precisava de explicação era o fato de muitas vezes alguns personagens — principalmente os policias — terem dados importantes e não ser mostrado ao leitor qual era a fonte ou de onde veio tais conhecimentos como endereços e informações pessoais de algumas pessoas.
Um ponto que gostei muito no livro foi o fato do assassino ter seus capítulos, onde mostrava o mesmo agindo. Isso dá ao leitor uma vantagem que os policias não tem e acho que aprofunda mais o psicopata em si. Já um problema referente a quem estava cometendo os crimes foi o fato da equipe policial comentar o tempo inteiro que estavam lidando com um assassino inteligente, engenhoso, que desafiava a polícia, entre outros. Certo, inteligente não há como negar, já que o mesmo não deixava rastros dele nas cenas de crime, porém é a sabedoria comum que encontramos em assassinos na maioria dos livros do gênero. Sei que não é muito justo comparar livros, mas nesse caso foi difícil. Já vi muitos assassinos com uma inteligencia realmente fora do comum que enganam a policia muito bem e isso era mostrado no livro, coisa que em Da Morte Ninguém Escapa não aconteceu. Eu apenas via falarem isso, mas o autor não nos apresentou um assassino "brilhante", que fuja da agilidade comum encontrada na maioria dos Thrillers policiais.
A maioria dos nomes dos personagens são comuns no Brasil, e achei uma curiosidade bem divertida, sendo o livro internacional. Algo que me deixou um pouco confusa em relação a isso foi o autor ter usado alguns sobrenomes parecidos, fazendo com que eu trocasse os personagens de vez em quando.
A narrativa do autor é bem leve, fluindo bem e facilitando a leitura para quem não está acostumado com o gênero, trazendo assim uma obra legal para quem quiser conhecer livros policiais e não sabe lidar bem com livros carregados de tenção ou cenas pesadas. A estória é contada em terceira pessoas e algumas vezes o autor colocava frases que pareciam pensamentos o que causou um certo estranhamento em mim, porém sem afetar a obra verdadeiramente. O modo como o autor desenvolveu os crimes e a investigação em si é comum, porém é algo que mantém a curiosidade de quem está lendo, fazendo com que não haja um desejo de abandonar o livro e o mesmo não seja arrastado ou massante.
Um assunto abordado no livro, que não é muito comum, foi o masoquismo como forma de aliviar os problemas e tenções do dia a dia. Contudo, por não haver um grande aprofundamento do assunto, as cenas sobre o mesmo ficaram mais estranhas do que interessantes, já que elas apenas aconteciam sem um maior trabalho de uma explicação dos sentimentos do personagem sobre aquele método de relaxamento.
Gostei muito do plot twist na estória e do modo como é feita a descoberta do responsável pelos assassinatos, mesmo que isso não tenha sido entregue de uma forma que deixasse o autor boquiaberto ou surpreso. O final em si teve vários pontos positivos e que me agradaram, com exceção de apenas um. No entanto eu não detestei ou simplesmente não gostei dessa questão, foi apenas algo que não me surpreendeu como poderia, mas foi uma finalização conveniente e aprovável.
A trama do livro é muito boa e me agradou bastante, sendo um dos pontos mais atrativos e positivos da obra, havendo um bom desenvolvimento de um modo geral. É um entretenimento bom para passar algumas horas, porém não é o melhor livro policial que se pode encontrar. É um estória que pode agradar a muitas pessoas, principalmente se alguns detalhes notados por mim passarem batidos, onde encontramos alguns pontos positivos. Uma leitura mediana, porém agradável, com suas ressalvas.
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