Fernanda631 29/08/2023
Um Acordo e Nada Mais (Clube dos Sobreviventes #2)
Um Acordo e Nada Mais (Clube dos Sobreviventes #2) foi escrito por Mary Balogh.
Depois O Pretendente contar com a participação de Vincent Hunt, em Um Acordo e Nada Mais temos sua história de amor com a jovem Sophia Fry.
No auge da sua impetuosa juventude, Vincent partiu para a guerra, mas sua carreira militar teve um período breve, pois uma fatalidade o deixou cego, o forçando a renunciar várias coisas que amava e o completava. Ele é mais um membro do Clube dos Sobreviventes, um grupo de pessoas que se tornaram amigos, unidos pelas dores que a guerra trouxe a cada um.
Inesperadamente, em meio à sua adaptação ao mundo que se tornou escuro para ele, Vincent acaba por receber o título de Visconde, tornando-se alvo de jovens à procura de um bom partido. Somado a isso, o excessivo cuidado que sua família toma com ele, arrumando-lhe jovens de boas famílias para casar, e a pressão de ter que interagir socialmente, o faz fugir em busca de paz, e nada melhor, de acordo com ele, do que refugiar-se no local onde cresceu, pois ali, acredita ele, não seria importunado.
Mesmo ficando cego após um acidente envolvendo verificar o motivo que um canhão não funcionou, Vincent tinha tudo para se amargurar pelo resto da vida. Porém o visconde é uma pessoa de personalidade divertida e uma ótima companhia. Na época do seu acidente, ele se deixou levar pela sua mãe e irmãs cuidarem da sua vida, mas agora está determinado a mostrá-las que ele não necessita mais de tantos cuidados assim.
A comunidade faz questão de o receber com festa, e entre os moradores, há uma família específica que está pronta para preparar uma armadilha para ele e prendê-lo nos laços do matrimônio. Mas uma tímida jovem o ajuda a escapar.
Sophia Fry, desde a morte do seu pai, praticamente tornou-se invisível nas casas em que a acolheram depois disso. Não que ela tivesse uma vida fácil antes, mas ser jogada da casa de uma parente para outra, sendo ignorada e desvalorizada, assim como a autoestima destroçada, a fez se sentir como uma ratinha ou mosca, que observa tudo no canto de um cômodo, mas nunca sendo vista. Após a morte do pai, ela foi morar com familiares, estes últimos sempre a tratando com desprezo e maus tratos.
Sophia é uma jovem que foi negligenciada pela família, pelos parentes e por todos aqueles que deveriam cuidar dela. Mesmo com toda essa vida sofrida, Sophie é uma moça de bom coração e gentil.
Quando ela conhece Vincent, uma pequena chama surge dentro dela, pois mesmo sem trocar uma palavra com ele, Sophia sente uma inexplicável conexão, e é isso que a faz ir ao socorro dele e livrá-lo da armadilha preparada pelos tios e a prima, e como consequência disso, ela é expulsa, praticamente só com a gasta e velha roupa do corpo.
Vincent, ao tomar conhecimento do destino da jovem cuja voz lhe trouxe um estranho alento, e com quem se sentiu à vontade para trocar confidências, decide ir ao encontro dela e faz uma inesperada proposta: os dois se unirem em matrimônio para ir em busca dos sonhos de ambos. Essa proposta seria apenas um acordo entre os dois, mas os sentimentos vão florescendo a cada descoberta que fazem um do outro. E logo, não era apenas só um acordo.
O que começou com um acordo de casamento entre Sophia e Vincent, logo evoluiu para uma amizade entre os dois e daí já sabemos para onde se encaminhou essa relação. Os dois sempre estiveram bastante confortáveis na presença um do outro, principalmente da parte de Vincent, que estava acostumado às pessoas o tratarem como um inválido por conta de sua cegueira.
A narrativa é singela, sem grandes reviravoltas, ela destaca o relacionamento de duas pessoas que, em comum, compartilham o anseio de serem elas mesmas, de dar voz ao que sentem. E cada detalhe disso se percebe em cada linha, em cada parte do transcorrer da história, e foi isso que me fez devorar o livro em apenas um dia, pois me cativou em cada capítulo.
Mary trabalhou não somente a cegueira de Vincent, mas os ataques de pânico que ele ocasionalmente tinha. Mesmo com a narração em terceira pessoa, você consegue sentir a angústia, desespero e impotência do visconde nesses momentos.
Sophia e Vincent são ótimos personagens. Você percebe o crescimento dos dois ao longo do livro; Sophia e sua autoestima, Vincent e sua liberdade. Desde o início do relacionamento, Sophia sempre buscou formas de ajudar o visconde a ter sua autonomia de volta, seja inventando histórias junto dele ou pensando em melhorias no acesso do jovem à sua própria casa.