Denise.Marreiros 11/04/2020Esse é um livro de memórias escrito por uma sobrevivente do campo de concentração de Birkenau - Auschwitz. Olga nos conta que as pessoas acabam esquecendo, pela grandiosidade de Auschwitz que o campo de Birkenau existia, e era tão próximo do campo mais famoso que muitos ignoravam sua finalidade. Enquanto um era um campo para escravos, o outro era um campo de extermínio.
Olga, uma húngara judia, era assistente cirúrgica no hospital de seu marido. Vivia uma boa vida, cercada de privilégios, com seus dois filhos e seus pais. Talvez seus privilégios a tenham deixado alheia aos horrores que a guerra trazia. Ela não acreditava mesmo diante de tantos relatos que aquilo pudesse realmente estar acontecendo. Até que aconteceu com ela e sua família.
Seu marido seria enviado por oficiais da SS a um campo de concentração e ela enganada pelos mesmos oficiais, não pensou duas vezes, e decidiu segui-lo de livre e espontânea vontade, levando consigo toda a sua família. Esse foi seu primeiro erro. Mas viriam outros ainda mais duros.
É difícil num primeiro momento não julga-la, mas é preciso ser imparcial nesse momento pois hoje temos total consciência de tudo o que aconteceu, ela naquela época só podia acreditar naqueles que ela julgou serem pessoas de bem, os alemães.
Esse é um relato verdadeiro e doloroso de uma mulher que perdeu tudo e que viveu as maiores atrocidades que um ser humano poderia viver. Uma mulher que teve o infortúnio de presenciar as crueldades cometidas pelos maiores algozes de Hitler: Dr. Mengele, Irma Grese e Josef Kramer.
Uma sobrevivente que não perdeu sua dignidade, que definhou diante da fome e da miséria infringida por pessoas que tinham prazer em sua degradação. Alguém que tem muito a nos contar, e que nos conta com o único objetivo de não deixarmos que sua história se repita. Há momentos em seu relato que é preciso ter estômago, momentos em que precisamos nos despir de nossas crenças para podermos visualizar suas descrições detalhadas, jamais se enganem, os fornos que dão nome ao livro não eram decorativos e eram usados 24hs por dia.