Lira Juazeiro 09/04/2023
Um dos meus livros favoritos
Tolstoy constroi personagens de maneira exceptional e já sinto saudade de muitos dos de Anna Karenina, especialmente Kitty, o velho Principe e Levin. Anna Karenina não é a única personagem principal, não é nem a que aparece mais no livro. Levin sim, é o personagem mais presente e o meu favorito depois de Kitty. Anna Karenina, porém, foi o personagem cujo as ações influenciaram, de forma direta ou indireta, a vida de todos os outros personagens. Tive piedade de Anna sim, pois é impossível para alguém que tem empatia não ter piedade de quem sofre. Triste mais ainda por ela não ter encontrando a verdade que Levin encontrou e por ter tomado e se afogado no veneno da vaidade e egoísmo. O fato de ter tido piedade de Anna, não quer dizer que jamais tenha eu gostado da personagem. Foi, simplismente empatia e o desejo que a personagem tivesse descoberto a verdade como Levin, o que teria-lhe transformado a vida. De fato, não consegui em nem um momento gostar nem um pouquinho que seja desta pobre criatura. Desde a sua primeira aparição, quando esta ainda era estimada pelos outros como essa mulher excepcional em todos os quesitos, só conseguia ver uma pessoa falsa, que maneja suas ações premeditadamente para que os outros lhe dêem glória. Tudo que ela conversa e todas as suas interações tem esse único propósito. Ela acha-se digna e merecedora de toda admiração. Ela não aceita essa admiração de forma qualquer, tem que ser expressada com a maior veneração possível. Daí o fato dela odiar o marido, um homem justo e dedicado, mas que não age da maneira passional que o ego de Anna exige. Ela precisa de mais. Ela precisa ser o topo da sociedade. Ela precisa da extrema veneração da sua beleza e inteligência, por todos, a todo o momento. Pq Anna, depois de não se importar com o próprio filho por tanto tempo, quando se acha rejeitada por outros resolve vê-lo e desde então decide que o ama e não ama a filha? Simplismente pq o filho, já aos 9 anos de idade se não me engano, depois de tanto tempo sem vê-la, tem aquela reação extremamente emocional (passional). É aí que ela decide que ama o filho, mas não ama a filha, pois esta sendo ainda bebê, não é capaz de ter aquela reação que afaga o ego da mãe. Há muitas coisas sobre Anna, mas falaremos de Levin. Bastante similar a Anna na sua maneira passional e na forma como as emoções o afeta. Completamente diferente da mesma, nas necessidades da alma e na maneira como ver as outras pessoas. Levin não é perfeito de maneira alguma, tem muitos defeitos como todas as pessoas os têm. Mas Levin tem a necessidade de buscar ser uma pessoa melhor e encontrar seu propósito de vida para que o seu tempo na Terra seja significativo para as outras pessoas. Levin não se importa de maneira nenhuma em ser o tipo de pessoa que agrada a todos, como Anna, ao invés, busca seguir os princípios de acordo com o que considera correto. Enquanto Anna busca a admiração sem medida, mas ela se ver que esse mundo onde ela encontra a admiração é hipócrita e tão falso quanto ela e encontra assim cada vez mais rejeição. Sem conseguir a admiração sem fim que tanto busca, seu único objetivo no mundo, sua vida está acabada. Já Levin que busca a verdade incessantememte, a encontra. A vida de Levin está só começando.