Carolina 15/02/2021
"É preciso entrar sempre com cuidado nas escuras florestas suecas"
Gosto muito de livros que exploram os aspectos paradoxais dos personagens. Ninguém é "bom" ou "ruim" todo o tempo, esses são conceitos sempre limitados, pois são relativos e se propõe universais.
Não se trata aqui de um livro sobre pessoas terríveis, se trata de um livro sobre pessoas, e pessoas podem fazer muita coisa terrível.
É um livro que fala sobre a constituições de traumas, representações sociais do gênero (e a revolta disso), os estereótipos, mentira e verdade (que podem ser a mesma coisa), maternidade, casamento, família, inveja, infidelidade, machismo, abuso, cobiça e traição. Tem algo mais humano que isso? O ser humano é dual e complexo, é também todo o indesejável e negar isso é desresponsabilizar a humanidade.
Também observamos no livro o sofrimento psíquico dos personagens, pois sofrem com a própria inaptidão de performar os papéis sociais (ora impostos pela cultura, ora forçados por eles mesmos) e a dificuldade de lidar com os próprios traumas.
Vamos nos sentir desconfortáveis, com raiva e irritados lendo. O que é um propósito da autora. É difícil sentir empatia pelos personagens.
Ponto negativo: achei os personagens muito caricatos, as vezes estereotipados demais ou irreais.