pri 31/08/2012
Um livro incrível no quesito 'te fazer pensar', vai ser difícil criar uma crítica a altura do que ele representa para mim, sei que a quantidade de críticas depreciando o livro tem em todos os lugares e é enorme, mas vou tentar passar o que senti ao ler.
''Eu Mato'' de Giorgio Faletti, mostra a cena da maravilhosa e luxuosa Monte Carlo, na província de Mônaco, onde a segurança e o policiamento são muito presentes na vida das pessoas (ou não). A história começa com Jean-Loup, um homem que trabalha em uma rádio, no programa que tem contato direto com o público, atendendo as ligações e conversando com as pessoas.
Até que, em uma noite, quem liga para lá não tem nada de muito normal, é uma voz distorcida, que começa com assuntos estranhos, dizendo que chegou o momento de começar a agir, daqui a pouco ele será um homem perseguido e os 'cães de caça' irão atrás das sombras. Jean-Loup não entende onde ele quer chegar e pergunta porque ligou, e o homem responde que estava só, que não gosta muito das pessoas e que quando vai para casa depois do dia de trabalho, as vezes não consegue descançar, nem dormir porque seu sofrimento nunca acaba. Jean pergunta: 'E nessas noites, o que faz para se livrar do seu sofrimento?'
- 'Eu Mato' responde a voz.
A partir daí assassinatos começam a acontecer e Frank Ottobre, um agente do FBI, e um delegado de polícia francês, tem que enfrentar o serial killer apelidado de Ninguém, já que ele dribla e engana a todos a ponto de ser uma pedra no caminho durante muito tempo. O assassino anuncia na rádio seus próximos alvos por meio de enigmas relacionando todos com uma música específica, mas as pistas que a polícia consegue entender nunca são o caminho certo, os crimes são feitos com um sentimento de maldade, raiva e sofridos às vezes, mas sempre realizados com uma inteligência e barbárie incríveis. A cada noite que passa, a cada conversa pela rádio e a cada morto, a polícia vai ficando cada vez mais desesperada por não conseguir parar uma pessoa como essa.
Para tentar resolver essa trama muitos entram na história. Giorgio Faletti tem a mania de detalhar muito os lugares, os acontecimentos, seus personagens e suas vidas, o que para a maioria das pessoas é seu maior erro, que leva a narrativa a ser chata, não acho que seja assim tão detalhista, já li livros bem piores nesse aspécto.
Eu acho que um ponto depressiativo é que as pessoas se perdem um pouco na história pois ele cria muitos núcleos, muitas emoções querendo ser passadas e acaba que não consegue passar uma que vá ao fundo, se torne o centro. Muitas vidas se juntam e nem quando descobrimos quem é o serial killer, Faletti se contenta, colocando mais outros núcleos.
São mais de 500 páginas e o que realmente me prendeu a atenção foram os 'carnavais' que é quando são narradas as mortes e os diálogos de Ninguém. O que chama a atenção, com certeza, é o jeito do autor de ver a vida e a morte, coisas tão ténues, tão sem controle, o jeito como ele descreve o homem, em suas futilidades e seus conflitos. Devo dizer que escrevi muitas partes do livro no meu caderno de rabiscos (o livro está cheio de páginas com marca textos, estrelinhas e orelhinhas).
Para quem gosta de romance policial é uma dica. Se você não curte livros grandes, nem tente. Se você gosta de questões de filosofia para pensar, tente ler. Eu tenho total consciência de que esse é um livro daqueles que ou você ama ou você odeia, não tem meio termo.