Tracinhas 20/10/2020
por Lídia Rayanne
Nessa comédia romântica somos apresentados à Melissa, uma jovem formada em Psicologia que luta para manter seu consultório e conseguir mais pacientes. Como especialista em relacionamentos, não ajuda muito o fato dela nunca ter tido um. Também não facilita sua vida financeira ter só duas pacientes, sendo uma delas uma menininha bem fofa e a outra uma herdeira esnobe que tem um histórico de impulsividade.
Mesmo assim, Melissa lida com tudo da melhor maneira possível mantendo tudo organizado e esquematizado. Ela gosta de ter tudo sob controle (de forma um tanto obsessiva), incluindo sua paixão velada por seu melhor amigo, Rafael. Ela está tão certa de que são perfeitos um para o outro que não toma nenhuma atitude para se declarar, afinal, um dia Rafa vai perceber que ela é a mulher certa para ele. Então imagina o baque que Melissa sofre quando, num jantar de amigos, Rafael conta que está noivo. O que só piora quando ela descobre que a noiva dele é aquela sua paciente irritante.
“Ouvir as palavras saindo da boca dele é como uma flechada na minha bunda. E não no coração. Porque uma flechada no coração teria me matado instantaneamente, ao passo que uma flechada na bunda não me mata, mas me causa uma dor descomunal e me obriga a conviver com isso. Além de ganhar uma cicatriz parecida com uma celulite.”
Inconformada com a revelação, Melissa decide bolar um plano para confirmar se os noivos são mesmo compatíveis. Afinal, ela precisa ter certeza de que Rafael está em boas mãos e se sua paciente não está apenas agindo por impulso mais uma vez. E se, de quebra, ela conseguir fazer com que Rafael a note de um jeito diferente, vai ser ótimo para todos, não?
Narrado em primeira pessoa e no presente, “Confissões de uma Terapeuta” me arrancou boas risadas ao mesmo tempo em que me fez refletir sobre questões sérias, como a importância de cuidar da saúde mental. Pois, mesmo sendo terapeuta, Melissa sofre de transtorno de ansiedade e TOC.
“Sabe como é se sentir obrigada a fazer uma coisa que você não quer e não precisa? Como é se sentir escrava da própria mente? Uma mente impiedosa que só parece querer o seu próprio mal? Por que eu preciso lutar contra um vilão que está dentro de mim mesma? Por que preciso conviver com ele? Eu não quero conviver com isso! E por que é tão difícil de me livrar disso? Por que eu preciso, exaustivamente, implorar todos os dias para que eu mesma me deixe em paz?”
“O fato é que nem sempre é algo racional. São os chamados rituais. Repetições que eu preciso fazer como uma válvula de escape para que a minha mente fique em paz. Meu cérebro precisa organizar as coisas ao meu redor, enquanto minha vida estiver desorganizada.”
E como a autora mostra em diversas cenas, ansiedade e TOC não são brincadeira, muito menos frescura. É um tormento para quem sofre e, por sorte, Melissa tem um grande amigo que lhe dá apoio quando entra em crise. Só que esse amigo não é o Rafa, e sim o Leo. E Leo acha que Melissa tá fazendo uma grande besteira em querer testar o relacionamento de Rafa e sua paciente.
Fofo, leve e muito engraçado, “Confissões de uma Terapeuta” ganhou um lugar especial no meu coração e não vejo a hora de conferir mais obras da autora.
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