Nadia.Duarte 24/12/2022
Hilda Furacão de Roberto Drummond é um livraço. Tava pra ler faz tempo, mas minha lista de leituras é extremamente extensa. Fato é, também, pensava que guardava mais sentido deixar pra ler em terras de Ferros City, já que, parte da história se desenvolve em minha terra natal. Daí tem mó viagem da minha parte. Achava que por saber de vários elementos do livro, ainda que por alto, isto, somado à minha carteirinha de ferrense, logo, conhecia a história, sei lá se por osmose. Erro crasso! A gente só sabe do livro lendo ele, né.
Pois bem em Hilda Furacão há um entrelaçamento da aludida protagonista, que dá nome ao livro, e seu o autor, Roberto Drummond. Por certo, depois de alguns capítulos a gente percebe que o livro acaba sendo mais sobre o autor do que sobre a Hilda Furacão. Traços egocêntricos a gente vê de longe em Roberto Drummond, o que não desabona o livro, em minha opinião, mas pode gerar alguma frustração em quem chega à história pela afamada prostituta. Ou, esse tal de Roberto Drummond era do cú risco, viu.
Trata-se de um romance jornalístico, com certo toque de realismo mágico a lá Gabriel Garcia Marques, também jornalista e romancista (foi impossível não estabelecer paralelo). A narrativa em primeira pessoa do personagem-narrador-autor é muito instigante, a todo momento busca forjar uma interação com quem lê num caráter jocoso e num maravilhoso mineires. Tem horas que até parece que cê tá lá, sentada ao lado do autor e, ele te contando casos. Roberto Drummond deu nome aos bois, além de evidenciar os traços verídicos, da trama, não ocultou os nomes verdadeiros de boa parte das personalidades presentes. Se faz necessário destacar que no ofício de escriba da história (o autor se define), em muitas oportunidades perdeu a chance de não ser racista e machista.
O fluxo Ferros e Belo Horizonte foi um trem a parte, me encantou. Na história é recuperado o nome Santana dos Ferros usado à época em que a cidade era um distrito subordinado a Itabira. Fiquei catando as referências ferrences com maior entusiasmo, tive grata surpresa ao me deparar com muitos fatos desconhecidos.
O fluxo migratório Ferros para Beagá em razão de estudo é bem dos antigo, bem mais do que supunha. A novidade é que agora não só os filhos das famílias abastadas saem de Ferros para ingressar em renomadas instituições de ensino, tô euzinha aí ó.
Um livro envolvente, de leitura fluida, engraçado pra mais de metro. Partilha amor entre as cidades de Ferros e Belo Horizonte. Tem política, tem comunismo e altas histórias de amor. Aborda o golpe militar de 1964.Também tem muito exagero e fantasia. Compete ressaltar a trama é muito engraçada, mas muito engraçada mesmo.