laauraisa 02/04/2024
Fabuloso!
A trama da obra é impecável.
A maneira como os assuntos são abordados tendem a prender a atenção de quem consome o conteúdo, proporcinando reflexões profundas sobre vida e, além de tudo, sobre quem somos. Afinal, apresenta-nos que o esquecimento se fará presente, independente de quem és ou foi. Drama, melancolia, angústia, loucura e sofrimento descrevem bem Hamlet.
"? Asseguro que vou tratá-los como merecem!
? Por Deus, não, homem! ? Hamlet gargalhou poderosamente, girando sobre os calcanhares e quase caindo. ? Se começarmos a tratar todos como eles efetivamente merecem, estaremos a vesgastar cada miserável deste mundo com um chicote, não é verdade?"
"Sem plateia, de que servem a dissimulação e a farsa ao artista?
Em mesma medida, para quem fingir e a quem enganar se estamos a sós conosco?
Se somos confrontados, postos a nu em nossa essência, naquilo que realmente somos?"
"? Para que isso, Hamlet? Já esqueceu que sou sua mãe?
? Como poderia? Bem sei que sois a rainha, a esposa do irmão de seu marido e, desgraçadamente, minha mãe."
"? Ah, Hamlet, meu querido, rachaste meu coração em dois...
? Pois jogue fora a pior parte dele e viva mais pura com a outra metade."
"Mais dor, maior e inescapável melancolia. Talvez a pergunta mais adequada, e por isso mesmo mais assustadora, fosse: valera a pena?"
"? Mentiras, verdades, quem se importa, milorde? Tudo morre, tanto eu quanto o senhor."
Sempre ouvi falar muito bem dessa obra e, enfim, resolvi lê-la. Tem tantas frases que se encaixam em contextos atuais que é meio surpreendente lembrar que foi escrito tanto tempo atrás.
A mentira - sua mãe, aquela que um dia fora casada com o antigo rei e o traiu de diversas maneiras. Seu tio, aquele que se afogou em uma tristeza irreal para ocultar seus terríveis atos. Seus antigos amigos, Rosencrantz e Guildenstern, que venderam a sua lealdade ao príncipe, todos os anos de amizade compartilhados para servir aqueles que os traira primeiro.
A farsa - a angústia forjada pela mãe e o tio em uma tentativa desesperada de não deixar seus atos criminosos transparecerem ao público.
O amor - a maneira com que Hamlet admirava seu pai, o antigo rei. Ofélia, a sua amada que, porventura, veio a partir. A culpa que ele que assumiu carregar até o dia em que partisse por ter proporcionado um destino tão desastroso aos irmãos, filhos do antigo conselheiro real, Polônio, Laerte e Ofélia. A mulher que ele amou e aquele que sempre desejara a amizade.
"[...] Sua preocupação apenas aumentava à medida que tomava conhecimento dos últimos acontecimentos na Corte, mas sem sombra de dúvida nada mais destroçara sua alma do que a informação de que Ofélia estava morta."
" ? Francamente, não me importo. Tudo o que realmente me dói a alma é o infortúnio ao qual arrastei a minha amada. Ofélia e Laerte não mereciam o destino que reservei para ambos. Eu a amava de maneira sincera e verdadeira, e dele sempre cortejei a amizade."
A dor - apresentando a maneira com que Hamlet sentiu a morte de seu pai. Toda a loucura que se alastrou pelo sentimento de vazio e injustiça proporcionados pelos acontecimentos anteriores. A amargura e a angústia que sentia ao perambular pelos corredores diariamente.
A obra é repleta de sentimentos, muitos deles sendo complicados de lidar e conviver. Um dia tudo se vai, sem se importar com o que fostes ou fizeste em vida. Mentira ou verdade, nada é eterno. Tudo resultará no esquecimento.