Reginaldo Pereira 06/01/2024
História, fantasia e realidade: todas em sua plenitude
A obra acabou há alguns minutos atrás, mas a tristeza ainda persiste enquanto escrevo esta resenha. A sensação é de ter terminado um livro de 2.000, 3.000 páginas, tamanho é o peso dos acontecimentos que a autora descreveu de forma tão contundente, suave e perfeita. A sensação de ?êxtase melancólica? é o que torna um livro presente em nós pra sempre? e é esse o caso.
A história de três gerações de mulheres incríveis, cada uma diferente da outra, mas todas admiráveis, no início me fez lembrar - e muito até! - os ?Cem Anos? de Gabo. E por mais que isso possa ser um grande elogio, foi como sentir uma sensação de certo plágio! Mas isso passou muito rápido, e a história se tornou única, forte, grandiosa e, acima de tudo, verdadeira (inclusive em suas nuances de horror).
Acho que Isabel conseguiu descrever todos os sentimentos possíveis nas menos de 500 páginas que compõem esta obra: desde o amor, a família, a amizade e a paixão, até a inveja, a raiva (né, Senador Trueba!) e a vingança. E tudo isso tendo como pano de fundo a fantasia espiritual e a realidade política (cujo ápice da brutalidade é mostrado através da ditadura).
Todos os muitos personagens da família Del Valle-Trueba trazem consigo um carisma especial, mas destaco os meus preferidos como Clara (a eterna!!) e Jaime, um de seus filhos. E ainda assim uma série deles me vêm à cabeça de forma tão gostosa que se torna difícil não escolher a todos como marcantes!
Enfim, uma leitura que deixa marcas, pois nos faz refletir sobre a vida, sobre o tempo, sobre a espiritualidade que o ser humano não compreende e sobre a maldade que o homem é capaz de criar sem necessidade.
Foi uma incrível e inspiradora leitura! Tomara que começar o ano assim possa ser um bom presságio para as próximas que ainda virão! Talvez sejam obras assim que despertam futuros grandes escritores, pois, na minha humilde capacidade, não tenho vontade de parar de escrever esta resenha? mas sim ganas de seguir escrevendo! Só que pra isso, acho que precisarei de um ?caderno de anotar a vida?!