As intermitências da morte

As intermitências da morte José Saramago




Resenhas - As Intermitências da Morte


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alex 19/01/2023

As intermitências da morte, de José Saramago (2005)
Fiquei com a nítida sensação de serem 2 histórias diferentes, unidas no mesmo livro (e como se um único texto fossem) tão somente por tratarem do tema "morte".

A 1a é bem original e inventiva, na qual se "contam" os desabores resultantes de uma greve de 8 (?) meses da Morte (ninguém morreu no período em determinado país). Daí temos a atuação da igreja, do governo, das funerárias, dos asilos e da máfia. Tudo recheado com aquele sarcasmo típico do autor.

A 2a parte caminha com a própria dita cuja - a sra dona Morte - q, ao tentar entender pq um cidadão não morre qdo deveria morrer, acaba se apaixonando por ele e abandonando suas responsabilidades.

São obras bem diferentes, sendo a 1a maravilhosa no todo e a 2a mais interessante apenas no seu final.
Lidiane 24/01/2023minha estante
Terminei hoje aqui... Eu não entendi muito esse final. Então haverá mais férias?


alex 30/01/2023minha estante
Acho q o final ficou em aberto. Uma possibilidade é entender que o amor vence a morte. Onde há amor, a morte, como normalmente a entendemos, deixa de existir. Somos eternos enquanto o amor prevalecer.




caroline 17/12/2020

Espero que sua carta de cor violeta demore a chegar!
A morte é esse tema complexo, cercado de teorias e tabus. Há sempre um certo respeito e receio quando o assunto surge em rodas de conversa.

É a única certeza que temos e ainda assim, ou talvez por causa disto, muitos buscam prolongar o distanciamento dela o máximo possível.

"uma sociedade dividida entre a esperança de viver sempre e o temor de não morrer nunca" (p. 71)

Não acho que alguma vez tenha lido algo tão original, tão criativo e tão genial sobre esse assunto.

Calhou de ser meu primeiro Saramago e de ser lido em meio à uma pandemia. Não sei bem definir se foi o pior ou o melhor momento para tal leitura. Mas sei que leria/ lerei novamente.

Ele deu o protagonismo ficcional para A vilã da vida real, trazendo consigo questionamentos e reflexões acerca dos desdobramentos da morte (ou da falta dela) em diversas esferas do cotidiano - os quais eu mesma nunca me tinha apercebido - em uma história extremamente divertida.

Se Saramago possui uma gramática própria, considero-me nela iniciada. As primeiras páginas são um pequeno desafio que, quando contornado, traz suas recompensas. Abandonar esta leitura não é uma opção.

Aos próximos audaciosos leitores, desejo-lhes uma ótima viagem!
Lucas 17/12/2020minha estante
Saramago é bom demais. Recomendo o clássico "Ensaio sobre a Cegueira", o qual li começo do ano, e que, após Dom Quixote, começarei Ensaio sobre a Lucidez que é uma espécie de continuação.


caroline 17/12/2020minha estante
sim! os dois estão na minha lista... mas mais pra frente... por agora tenho outras leituras em mente! obrigada pelas recomendações!




Lahdutra 23/10/2023

Tão humano, tão poético.
Segundo livro que leio do Saramago e que começo a leitura pensando "o cara era muito genial".

"No dia seguinte, ninguém morreu." É assim que o romance abre. O protagonista da história é a morte, que tira alguns meses de folga do trabalho. Devido a este período de “inatividade”, o mundo cai no caos e aqui, com humor extraordinário, o autor revela todas as limitações da humanidade quando esta se torna imortal.

A escrita da primeira parte é bem mais demorada e requer paciência até pegar o ritmo, mas lentamente evolui para uma história emocionante - a segunda parte, a minha preferida.

Me fez rir, sorrir, refletir.
E o final é uma utopia muito agradável.
Tão humano, tão poético.
Como todos os seus escritos.

Achei a imagem final esplêndida e não creio que a esquecerei facilmente.

"No dia seguinte ninguém morreu".
Cleber 24/10/2023minha estante
Realmente genial


Lahdutra 24/10/2023minha estante
demais!!




Clio0 03/04/2020

Poucas vezes li um livro sobre a Morte (perdão, morte) que me fizesse rir e sorrir.

Nesse livro, Saramago traz três pontos de vistas: da humanidade sobre a morte, da morte sobre a humanidade, e da vida em si.

No primeiro momento somos inundados com todo o sarcasmo que o autor reúne sobre os homens e suas máquinas sociais - a política, a Igreja, a economia. São todas finamente ironizadas e o livro já seria ótimo se parasse por aí.

Mas, o autor vai além e nos oferece a própria visão da morte sobre as humanos cuja vida ela ceifa. Talvez o justo não seria dizer humanos, mas humanidade.

Por fim, temos uma leve leitura do que é a vida.

Isso é tudo o que posso dizer sobre esse livro. Pegue e leia.
Lelouch_ph 25/08/2021minha estante
Essa resenha agora me fez sentir ainda mais vontade de ler esse livro.


Felipe.Camargo 06/01/2022minha estante
Uma obra-prima! Livro genial!




jota 11/01/2012

Quando a morte saiu de férias
Num reinado europeu sem nome, a morte tira férias e ninguém mais morre, nem aqueles que estavam desenganados pelos médicos, ou como diz Saramago, "estavam para esticar o pernil".

De início a imortalidade causa uma enorme euforia entre a população. Mas aos pouco se revela um grave problema. Como ficam então os idosos que nunca morrem? O que fazer com os planos de saúde, com as aposentadorias, as companhias de seguros de vida, os empregados dos cemitérios, quantas casas de repouso não serão necessárias agora, etc., etc.? Todas as pessoas a entrar para o mercado de trabalho terão como profissão a lhes esperar unicamente cuidar de idosos, que se multiplicam exponencialmente?

O cardeal reclama: "Se acabasse a morte não poderia haver ressurreição, e não havendo ressurreição, então não teria sentido haver igreja." E por aí vai. Saramago brinca seriamente com todas essas questões e aquele seu humor inteligente, mais sorriso do que gargalhada, que estava bastante presente em Caim, está de volta aqui. Para alegria de seus leitores.

Mais adiante a população do reino acha um jeitinho (português?) para driblar a intermitência da morte: os parentes levavam aqueles que estavam para morrer para além das fronteiras do país, onde a morte continuava matando normalmente.

Com o tempo surge até uma tal de máphia (assim mesmo, para não ser confundida com a outra, a máfia), uma organização que fazia o serviço clandestino de levar as pessoas para morrer nos países vizinhos. Mas isso acabou criando problemas diplomáticos com os reinos (ou países) fronteiriços. E também um problema para o próprio reino: muitos estrangeiros que não queriam morrer agora atravessavam a fronteira e vinham se estabelecer no país. Ah, mas o problema das pensões continuava a ser um dos mais graves a exigir solução...

E eis que depois de muitas peripécias e patetices das autoridades do reino, incluindo as religiosas, após sete meses de intermitência, a morte decide voltar a matar, usar a gadanha (foice). Na primeira leva, depois do intervalo fúnebre, sua lista contempla mais de duzentas pessoas do reino que irão morrer nas próximas horas. Todas receberão uma carta na cor violeta (para nós, roxa mesmo) comunicando o fato.

Mas uma dessas cartas volta - a morte cometeu um engano: aqui entra o curioso caso do violoncelista (e seu admirável cão) marcado para morrer aos quarenta e nove anos, mas que já havia completado cinquenta durante o recesso mortuário. E agora? A morte segue o músico e seu cachorro, praticamente vai morar com ele enquanto decide se ceifa ou não sua vida...

Esse é outro dos melhores momentos da história, toma vários capítulos do livro e nos deixa na torcida para que a morte decida poupá-lo. Poupará?

Então chega-se ao final, e o livro termina como começou. Otimamente.

Lido entre 07 e 11.01.2012
Paulo Sousa 14/12/2021minha estante
Que livro!


jota 14/12/2021minha estante
What a book! Brincadeira, hein...




Lu_Augusto 21/10/2023

Todo livro do Saramago que leio eu começo comentando a leitura do mesmo jeito: ele é um gênio da literatura!
Como ele consegue criar obras tão incríveis sobre assuntos que são de certo modo "comuns"? É por isso que é considerado excepcional.
Quem imaginaria que a ideia da morte parar por alguns dias resultaria numa discussão filosófica tão profunda, mas sem deixar de lado o deboche, típico do autor. A história envolve política, filosofia, comédia e nos prende do começo ao fim, com um final que me surpreendeu positivamente, adorei esse final!
Marcos 22/10/2023minha estante
Muito bom mesmo. Aquele tipo de livro que recomendo para todos, utilizei ele nas aulas que lecionei.
Excelente.


Lu_Augusto 22/10/2023minha estante
Ele desperta excelentes discussões filosóficas sobre o que é a morte e o que é a vida




Coruja 10/06/2020

Li esse livro pela primeira vez quando ainda estava na faculdade, acho que logo na época em que ele foi publicado por aqui. Não sei dizer exatamente o que me fez ir atrás do Saramago ou desse título - desconfio que tenha sido por indicação de alguém (talvez a Régis que é muito fã do autor?) -, mas lembro de ter brigado bastante no início com o estilo “estou nem aí para pontuações” do Saramago, mas persistido por achar a história fascinante.

Curioso é que, antes de iniciar minha releitura, eu poderia jurar que sabia tudo do enredo. Não demorei a descobrir, contudo, que minha memória me pregara uma peça e nada do que eu achava me lembrar acontecia ou então o que eu acreditava ser a causa de tudo era na verdade um efeito. Em outras palavras, foi como pegar esse livro para ler pela primeira vez. Exceto pela parte do estilo, porque, de fato, Saramago é inconfundível e inesquecível em sua recusa a usar estruturas linguísticas consagradas. Lê-lo em voz alta, seguindo a (falta de) pontuação exata é um desafio.

Não nego, eu saí colocando vírgulas e marcações de diálogo na minha edição. Sei que Saramago tem suas razões, que a dificuldade inicial vale à pena, e sua desconstrução da língua faz parte do seu charme, mas necessito de vírgulas e travessões, certo?

“No dia seguinte ninguém morreu” - é com essa frase que se inicia As Intermitências da Morte. Ninguém sabe o que causou o estranho acontecimento: fato é que, nas fronteiras do país, durante sete meses, ninguém morre, mesmo quando seria clinicamente impossível permanecer vivo. À primeira vista, um lugar em que ninguém morre pode parecer idílico, um presente divino, mas a suposta imortalidade se prova bem mais problemática do que se imaginaria.

A previdência social caminha a passos largos para a falência: hospitais e lares de idosos se veem às voltas com a superlotação; famílias tentam lidar com os cuidados que devem ser dispensados a seus entes queridos (ou não), muitos presos num limbo de dor e sofrimento; empresas funerárias se desesperam. O governo embarca numa grande campanha de propaganda sobre os deveres da sociedade para com esses moribundos, vivos-quase-mortos, enquanto por baixo dos panos negocia com a máphia (sim, com “ph”) um contrabando de pacientes para os países fronteiriços - onde se continua a morrer normalmente.

Com exceção de uma família de agricultores quase no começo do livro, quase não vemos o impacto individual trágico da suspensão da morte: Saramago concentra toda a nossa atenção no coletivo, ao ponto de nenhum personagem ter nome próprio, todos chamados pela sua função. O cardeal, o primeiro-ministro, o rei, o diretor de televisão, os vigilantes, o presidente da associação funerária, e assim por diante. Ao trazer o foco da estória para o macro, ele constrói um romance que poderia se esperar bem doloroso numa sátira ferina, hilária em partes, incômoda boa parte do tempo.

Mas, vejam só, As Intermitências da Morte é algo como dois contos em um. Ao longo de toda a primeira metade observamos como a sociedade interage com a morte como um fenômeno natural (ou não natural, no caso de sua ausência). Na segunda metade, a morte (e ela faz questão de frisar que deve se escrever com letra minúscula) entra em cena como uma entidade antropomórfica, explicando o motivo de sua paralisação como uma espécie de experimento para a humanidade, que sempre maldiz seu nome. Não apenas isso: ela decide modificar seu procedimento padrão, enviando cartas para aqueles que estão em sua lista, avisando-os que seu tempo termina em sete dias.

Supostamente, a morte deseja dar tempo para que seus clientes coloquem seus negócios em dia. O resultado não é bem o que ela tinha em mente, mas isso é deixado de lado quando uma de suas cartas retornam misteriosamente ao remetente e ela descobre uma falha em seu sistema, algo que a levará a conhecer e se apaixonar pelo violoncelista.

As Intermitências da Morte é um livro engenhoso, lúcido, surpreendente, criativo. Saramago o publicou aos 83 anos, já com uma extensa bibliografia atrás de si, algo que certamente põe em perspectiva aqueles dias em que reclamamos da vida, da idade, do trabalho… É, enfim, um livro de muitos significados, cíclico, de crítica e consolo, de riso e lágrimas. Foi um daqueles volumes que vim a (re)encontrar na hora certa e que tinha algo a me dizer pessoalmente: comecei essa releitura no dia do enterro de uma tia querida, que faleceu em decorrência do covid e da qual não pude me despedir. Livros às vezes têm esse dom de dizer aquilo que precisamos ouvir no momento.

site: https://owlsroof.blogspot.com/2020/06/as-intermitencias-da-morte-uma-satira.html
Raphaela Rezende 21/06/2020minha estante
Eu amo demais esse livro, acho genial como ele é engraçado, surpreendente e muito crítico. Li quando estudava epidemiologia e políticas públicas, então foi o momento perfeito.


Coruja 09/09/2020minha estante
Acho bacana como certos livros são lidos "na hora certa" para nos tocar. É sempre legal quando acontece essa conjunção de fatores - torna o livro inesquecível porque ela se transforma em parte da nossa própria história. Saramago foi uma surpresa pra mim desde a minha primeira leitura, exatamente pelo humor e pela lucidez de sua crítica.




Polly 02/10/2019

As Intermitências da Morte e a escrita peculiarmente incrível de Saramago (#090)
Não foi a primeira vez que tentei ler Saramago, mas diferentemente da primeira, nessa eu consegui chegar ao final. O que me fez não terminar da primeira vez? Acho que a fase nebulosa (emocionalmente falando) que eu estava tendo na época foi o principal fator determinante para isso, fora que eu estava lendo um livro emprestado, demorando horrores para devolver para o dono, algo que não me sinto à vontade em fazer. No entanto, teve um outro fator, que também dificultou minha vida dessa vez, que é a peculiaridade do autor para pontuar e organizar o texto bem da maneira dele. Dá trabalho e até você pegar o jeito, custa bastante. E, se você for uma pessoa metódica como eu, sabe o quanto é difícil ler livro não divididos em capítulos, imagina se nem parágrafos ele tem? Pessoas metódicas piram com Saramago! Sério.

Mas, tirando minhas peculiaridades como leitora (e pessoa estranha), Saramago é bom? Se analisar só por esse livro, já que ele é o único que li até agora, Saramago é M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O! Talvez ele destrua sua saúde mental (que a pessoa já tem precariamente) por te fazer mergulhar em questionamentos tão profundos? Sim, talvez ele o faça. Talvez ele te jogue numa daquelas ressacas literárias monumentais por que você precisa de tempo para digerir o que tem nele? Sim, talvez ele faça isso também. Porém a escrita, a mensagem, as reflexões são tão incríveis que vale a pena arriscar. Ao final, a gente tem certeza que vai querer ler cada linha que esse homem escreveu na vida.

O livro é uma reflexão sobre a morte, essa que é a única certeza que a gente tem na vida. Ela é vista sob duas perspectivas: a primeira, é como ela é fundamental na sociedade, já que aparentemente tudo é organizado em torno de sua existência: economia, sistema de previdência, ciência, tudo. Essa parte é reveladora em mostrar o quanto tudo é relativo, sendo também a narrativa empolgante e, em algumas partes, até divertida. Já a segunda, é morte vista da perspectiva individual e é nesse ponto que o livro se torna assustador e sufocante. A ideia de uma morte personificada, esperando ansiosamente pela nossa hora, acompanhando-nos a todo lugar, quase apaixonada por nossa vida, torna o livro quase uma história de terror. Dar-se conta de que a existência é hoje e não mais um dia, revela-nos o quanto somos frágeis, e efêmeros, e breves neste lugar.

Pelo menos, foram essas as reflexões que As Intermitências da Morte me causou. E em você? E se por acaso você ainda não leu, leia.

site: https://madrugadaliterarialerevida.blogspot.com/2019/10/as-intermitencias-da-morte-e-escrita.html
G.L. 02/10/2019minha estante
Saramago é demais! Ensaio sobre a cegueira me deixou numa ressaca de meses, mas é terrivelmente maravilhoso também. Recomendo muito!


Luciana 04/10/2019minha estante
Leia ?O Evangelho segundo Jesus Cristo?. ? maravilhoso!!




Beatriz Machado 09/11/2022

E se depois de 24 horas ninguém mais morresse?
Sim, o Saramago pensou nessa possibilidade.

Boa parte da sociedade tem medo da morte ou não a aceita, mas ninguém sabe o quão ela é necessária. Nesta obra, Saramago traça as consequências da ausência de morte, por exemplo: 1) Como ficariam as empresas funerárias? Cuidando dos corpinhos dos animais? Aqui a vida normal dos animais segue; 2) Como ficariam os hospitais? Amarrotados de pessoas com doenças em estágios terminais e que não morrem, elas voltariam para casa onde os parentes cuidariam, em sofrimento; 3) Como ficariam as igrejas? Afinal, sem morte não há ressureição e etc.

A morte tirou férias. Porém, em um dado momento, descobrimos que a morte tirou férias somente naquele país. De resto, o mundo inteiro tem o fluxo da vida normal. Aqui também passamos a questionar a ações das pessoas que cruzam a fronteira para morrerem. Se naquele local ninguém morre, sair dali traz a morte e, portanto, muitos doentes cruzam a linha da fronteira ou parentes levam seus queridos para lá para morrerem. Nestes casos, é suicídio (na primeira hipótese) e homicídio (na segunda hipótese)?

A temida morte retorna explicando o porquê que sumiu e anuncia seu retorno distribuindo cartas violetas para suas futuras vítimas. Porém, uma pessoa, por determinada razão, não recebe e, portanto, não morre. A partir daí, só lendo para entender mesmo porque aqui não é lugar de spoiler :p

Eu amei esse livro. É curtinho e traz reflexões sobre a morte. Eu sempre tive medo, mas depois de um tempo passei a aceitar essa dura realidade, sendo uma das únicas certezas da vida (além dos impostos). Além disso, o porquê da morte não aparecer está intimamente ligada à hipocrisia da sociedade, a sua ingratidão, na recusa da sociedade em aceitar esse fardo. Vi que há psicólogos que indicam esse livro aos pacientes resistentes à morte e vejo que também é importante para aqueles que estão em luto, a fim de passar por essa turbulência um pouco mais leve.

Simplesmente leiam Saramago!

(ps: após postagem da resenha: Saramago quis que o português de Portugal em suas obras fosse preservado, bem como a estrutura. Portanto, não se assustem com o português, estrutura, diagramação, etc. Ele quis assim mesmo)

site: https://www.instagram.com/readstriz/
anaartnic 09/11/2022minha estante
Mds, parece ser muito bom! Vou add na lista


Rosiene5 09/11/2022minha estante
Eu li esse livro há muitos anos e nunca esqueci. Digo que um livro que mudou a minha forma de pensar. Doloroso demais perder as pessoas e animais que amamos, mas essa é a nossa única certeza




Guilherme Amin 11/06/2023

Um exercício fabuloso de estilo e criatividade
Uma semana depois de concluída a leitura, e ultimado o saudável distanciamento que amorna nossas naturais inclinações a derramar elogios adverbiosos no calor do fechamento do livro, recordamos a experiência de ler "as intermitências da morte", nosso primeiro contacto com a escrita de josé saramago, como o testemunho de um exercício fabuloso de estilo e criatividade pela pena do escritor merecidamente laureado com o prémio nobel de literatura, e sem embargo de respeitosamente nos irresignarmos com o facto de o luso ter sido o primeiro e até este dia único autor de língua portuguesa a receber a referida condecoração, Como que guimarães rosa não foi galardoado antes, protestam certos críticos brasileiros, Ou então a insigne lygia fagundes telles, inconformam-se outros, Mas por que não pelo menos machado de assis, que ainda era vivo quando da criação do nobel, levantou em boa hora um distinto professor de feliz memória, sem embargo, pois, de semelhantes polémicas, temos a confessar que quedamos absolutamente apaixonados por esta obra, a despeito das previsíveis dificuldades iniciais de carácter formal com que, em geral, exasperam-se seus leitores de primeira ocasião. Ao fim e ao cabo, agora em apertada síntese, este romance nos fez pensar criticamente, rir constantemente e, ao final, derramar uma contida lágrima ante o desfecho emocionante. Obrigado, saramago!
Gustavo Kamenach 11/06/2023minha estante
Resenha brilhante, Guilherme!


Guilherme Amin 11/06/2023minha estante
Muito obrigado, Gustavo! :)




Mel 03/06/2024

Um dos piores livros que já li na minha vida
Ainda sem entender o que Saramago tem que o faz tão famoso. Sinceramente, eu não consigo dizer uma coisa boa sequer desse livro! Sem capítulos, diálogos no meio do parágrafo, maçante, pedante e, o pior de tudo, a história é péssima! Não te prende, não faz sentido, não é bem desenvolvida... Enfim, uma perda de tempo!
Carol.Nogueira 03/06/2024minha estante
Eu lembro que detestei o jeito que ele escreve, sem pontuação, mas eu gostei da história ? se eu me lembro bem


Mel 03/06/2024minha estante
A escrita é péssima mesmo, mas achei a história muito sem sentido, sem objetivo. Esperava algo mais filosófico.




Liduina 29/07/2023

Sempre me surpreendendo com a escrita do Saramago. Encontramos poesia nos seus textos. E este não foi exceção. Achei maravilhoso. Final surpreendente.
liv 29/07/2023minha estante
terminei ontem. adorei! foi o primeiro livro que li dele


Liduina 30/07/2023minha estante
Liv, amei o livro.




Eloisa 24/07/2021

Dona morte e suas peripécias
E se um dia ninguém mais morresse? E se acordássemos em um primeiro de janeiro com a notícia de que ninguém morreu nem morrerá por prazo indeterminado?
Pois essa é a premissa que Saramago lança para nossa reflexão.

A estória se passa em uma sociedade aparentemente comum, mas que na virada do ano surge uma situação inexplicável, ninguém mais falece dentro das fronteiras do país. A partir daí somos levados a refletir sobre as várias sequelas do novo fato. O que seriam das instituições de saúde, que acumulam doentes em seus corredores porque não conseguem desocupar os leitos? Como fazer com o sistema previdenciário do país? E as funerárias, como sobreviverão?

Dentre as várias reflexões e desdobramentos que surgem, acabamos com a impressão de que a morte, assunto tantas vezes afastado e detestado, momento tão temido por tantos, parece ser, na realidade, essencial para a ordem social.

A partir de certo momento do livro, depois de analisar a visão macro da situação de abstinência da morte, passamos gradativamente a acompanhá-la de forma íntima. A morte como personagem quase que humana passa a enfrentar um dilema pessoal com um homem de seus 50 anos que insiste em desafiá-la por não morrer, mesmo sem saber que está praticando tal ultraje. Saramago, por fim, resolve o impasse de forma poética e inovadora, fechando muito bem o ciclo entre essas abordagens macro e micro das intermitências da senhora morte.

A solução e as impressões em relação à morte mostram muito da cosmovisão atéia de Saramago. Com isso, acredito que para aqueles que já pensam muito na eternidade e na vida após a morte, como é meu caso, o livro se torna um pouco menos impactante (apesar de que, quem tem esse costume geralmente imagina que isso ocorrerá em um local transformado e redimido, não aqui nesse mundo decaído). O encontro dessas visões e as situações inusitadas apresentadas pela narrativa fazem a leitura ser uma experiência única, como os livros do Saramago costumam ser.
Alê | @alexandrejjr 24/07/2021minha estante
Eloisa, poderia me dizer em que sentido o livro foi menos impactante pra ti? Não entendi muito bem... tu acredita na vida após a morte? Isso?


Eloisa 25/07/2021minha estante
Sim, eu sou protestante e acredito que após a morte há uma vida eterna no céu ou no inferno. Como eu gosto de ler, estudar e ouvir sobre a eternidade a ideia de nunca mais morrer e viver de uma forma redimida para sempre é algo q sempre esteve pairando a minha imaginação. Por isso, a premissa em si do livro e algumas reflexões já não eram grandes novidades.




Caio 27/02/2024

Genial
O segundo livro do Saramago que eu leio. E assim como o primeiro (Ensaio sobre a cegueira) vinha a todo instante na minha cabeça que a capacidade de descrever as reações humanas são o ponto forte do escritor, além da escrita fantástica, óbvio. Praticamente metade da história para frente, as reações não são humanas. As reflexões são profundas. As frases escritas com cuidado. Os diálogos, o narrador, tudo feito à Saramago. Você passa a entender a definição de Gênio (com G maiúsculo) quando lê um cara como este. Gostaria de saber um adjetivo que pudesse qualificar a leitura como merece. Entretanto vou ficar com o conhecido e eficiente: Cinco estrelas! Favoritado!
Pri.Kerche 28/02/2024minha estante
Boa resenha! Ensaio Sobre a Lucidez e Memorial do Convento tb são mto bons!


Caio 28/02/2024minha estante
Obrigado, Priscilla. Estão adicionados em minha lista. ?




Drighi 29/07/2021

Saramago foi um escritor que fez parte da minha grade de estudos na faculdade, mas por conta da "fama" que o autor tinha não me atrevi ler nenhuma de suas obras. No entanto, por conta do grupo de discussão literária que faço parte em minha cidade, As Intermitências da Morte foi escolhida pelo voto coletivo e senti-me, de certa forma, obrigado a ler.

Confesso que essa foi uma das obrigações mais prazerosas que já tive. Digo mais, num momento oportuno para ler sobre a morte quando ela bate às nossas portas todos os dias. José faz uma crítica às dois pilares da sociedade: religião, estado. Ele aborda de uma forma crítica a morte e como a ausência dela é a instauração de caos para as esferas citadas.

Percebe-se no decorrer da obra tanto o riso irônico quanto a comicidade como instrumentos de crítica mordaz a instituições sociais, políticas e religiosas do mundo contemporâneo. Exemplar, nesse sentido, é o diálogo entre o primeiro-ministro e o cardeal, o qual se dá
no início do relato, logo que se difunde a percepção de que ninguém mais morre no
país; eles conversam, por telefone, sobre as situações complicadas do Estado e da Igreja ante a ausência da morte.

Uma obra necessária e que recomendo a todos leitores. Termino, minha resenha, com o trecho a seguir:

“Houve uma nova pausa, que o primeiro- -ministro interrompeu, Estou quase a
chegar a casa, eminência, mas, se me dá licença, ainda gostaria de lhe pôr uma
breve questão, Diga, Que irá fazer a igreja se nunca mais ninguém morrer, Nunca mais é demasiado tempo, mesmo tratando-se da morte, senhor primeiro-ministro, Creio que não me respondeu, eminência, Devolvo-lhe a pergunta, que vai fazer o estado se nunca mais ninguém morrer, O estado tentará sobreviver, ainda que eu muito duvide de que o venha a conseguir, mas a igreja, A igreja, senhor primeiro-ministro, habituou-se de tal maneira às respostas eternas que não posso imaginá-la a dar outras, Ainda que a realidade as contradiga, Desde o princípio que nós não temos feito outra cousa que contradizer a realidade, e aqui estamos, Que irá dizer o papa, Se eu o fosse, perdoe-me deus a estulta vaidade de pensar-me tal, mandaria pôr imediatamente em circulação uma nova tese, a
da morte adiada, Sem mais explicações, À igreja nunca se lhe pediu que explicasse
fosse o que fosse, a nossa outra especialidade, além da balística, tem sido neutralizar, pela fé, o espírito curioso, Boas noites, eminência, até amanhã, Se deus quiser, senhor primeiro ministro, sempre se deus quiser, Tal como estão as cousas
neste momento, não parece que ele o possa evitar".
Meus Anos Em Livros 08/02/2022minha estante
Estou lendo atualmente e essa foi uma das passagens que eu marquei por ter me chamado muita atenção! O livro realmente está sendo excelente!




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