Queria Estar Lendo 13/11/2019
Resenha: O Instituto
O Instituto é um dos mais recentes títulos do autor Stephen King, conhecido por clássicos de terror e suspense. Aqui, ele apresenta uma história tensa, baseada no mistério e no científico, com um desenvolvimento de tirar o fôlego.
A trama segue Luke, um garoto de doze anos que é um prodígio na escola e parece ter um futuro brilhante em frente. Até que algo terrível acontece; ele é sequestrado e uma tragédia deixa sua família para trás. Quando desperta, está em um lugar estranho, rodeado por crianças assustadas e adultos bizarros. Ali, ele conhece Kalisha, que apresenta a situação: Luke está no Instituto, uma instituição que faz experimentos em crianças consideradas "paranormais".
O motivo? Ninguém sabe. Mas você permanece na Parte da Frente durante algumas semanas e então é levado para a Parte de Trás, onde uma coisa ainda mais tenebrosa acontece. Tudo o que Luke entende da sua atual situação é que ele não tem saída, pelo menos por enquanto - para sobreviver ao Instituto, ele precisa de manter são. Mas sanidade é a última coisa que vai encontrar entre as paredes daquele lugar.
"Não era como entrar na metade de um filme: era como entrar no meio da terceira temporada de uma série de televisão. E uma com um enredo complicado."
O Instituto reúne tudo que o King tem de melhor em suas histórias: tem terror, suspense, mistério e personagens extremamente reais. É uma história tensa do início ao fim, marcada pelo desconhecido e pelo terror que impera sobre ele. O fato de acompanharmos personagens tão indefesos quanto crianças torna tudo ainda mais desesperador, já que eles estão à mercê da crueldade dos adultos responsáveis por aquele lugar horrendo.
"Não estamos mais no Kansas nem na Ilha dos Prazeres, pensou Luke. É o País das Maravilhas. Alguém entrou no meu quarto no meio da noite e me jogou no buraco do coelho."
Raiva e medo é o que você mais vai sentir com o desenrolar dessa história. Acompanhar o Luke em sua jornada foi uma montanha-russa de momentos aflitos e de arrancar os cabelos, pontuados por capítulos rápidos e cheios de adrenalina, para então ficar num marasmo de tensão e desconhecimento que frustrava ao mesmo tempo em que instigava a seguir em frente na leitura.
Eu não lia 544 páginas tão rápido há muito tempo, e elas passaram com tanta velocidade que eu nem ao menos reparei no tempo avançando. King oferece essa ambientação macabra que é o Instituto, a falta de informações e as pequenas descobertas que chegam para as crianças, e nos faz parte daquela história. Você quer respostas, mas tem medo delas. Quer a liberdade, mas não sabe como consegui-la. Quer justiça e vingança, mas conhece o preço por elas.
Luke se mostrou um protagonista enérgico e altamente capaz. Por ser um prodígio, ele se destaca entre as outras crianças com suas falas elaboradas e conhecimento extenso, mas cria essa conexão com cada uma delas de maneira intensa e significativa. Sua amizade com Kalisha, Nicky, Avery, George e tantos outros é importante porque cada criança importa; seus papeis no Instituto e na narrativa são essenciais para que cada mínimo detalhe aconteça como deve acontecer.
"Ocorreu a ele de repente que era preciso ficar preso para entender de fato o que era liberdade."
Avery, em especial, me surpreendeu. O garotinho que mal chega aos dez anos é de um medo colossal a princípio - afinal de contas, é praticamente um bebê - e se aproxima de Luke em busca de ajuda, encontrando nele um pilar de confiança e de entendimento. Os dois formam uma aliança poderosa que vai além do instinto de sobrevivência ali.
Afinal de contas, essas crianças são paranormais. Elas carregam poderes que a humanidade desconhece, e que os experimentos querem entender - para quê? O desfecho surge como um tapa na cara, questionador e sádico. Inconsistente com toda a situação do Instituto e do que as crianças são forçadas a viver, mas consistente se você considerar até onde vai a crueldade humana.
Além das crianças e da ambientação nessa instalação, King também abre espaço para uma cidadezinha distante e uma conexão entre os cidadãos dela e os eventos finais do livro. Tim e a Órfã Annie, principalmente, me ajudaram a manter a sanidade nos momentos mais desesperadores, se mostrando compreensivos e presentes.
O Instituto é um livro perfeito para quem busca uma leitura intensa, cheia de energia e de adrenalina. Pode parecer um monstro gigante, mas te garanto que você não vai ver as páginas avançando; é o tipo de história em que você se conecta com todos os personagens e não quer mais largar até saber seu destino.
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