spoiler visualizarThiago Barbosa Santos 21/04/2020
Assassinatos na Rua Morgue
Edgar Allan Poe é um mestre das histórias de terror e influenciou muito no estilo policial. O livro reúne seis contos, entre eles, ASSASSINATOS NA RUA MORGUE, título da obra.
O demônio da perversidade- o narrador cumpre pena por um assassinato, um crime quase perfeito. Antes de contar sobre as motivações para cometê-lo, ele faz uma introdução usando a frenologia para explicar como o ser humano chega à prática de uma ação perversa. Não queria ter matado o homem, mas o cérebro emite o estímulo e acaba sendo inevitável. Em um livro, encontrou a solução perfeita, uma vela envenenada. Sabendo que a vítima gostava muito de ler e usava a vela para iluminar o ambiente, e que também morava em um espaço estreito e com pouca ventilação, o êxito na empreitada foi certo. A causa da morte pareceu natural, assim foi dada. E ele herdou tudo o que o homem tinha. Passou a ter uma vida perfeita, confortável financeiramente. E ninguém jamais iria descobrir aquele crime, a não ser que ele cometesse o desatino de confessar. O tempo passou e aquilo foi pensando na cabeça dele, a confissão parecia querer lhe escapar, por mais que se esforçasse para segurá-la. Aquele mesmo estímulo o levou a um dia, em praça pública, sair como um louco e pronunciar em alta voz cada palavra de confissão. Por isso, estava preso, com os pés amarrados, cumprindo pena por aquele crime que seria perfeito.
Hop-Frog ou os oito orangotangos acorrentados- um rei fanfarrão e ruim adorava rir. Por isso, mantinha sete ministros bons em contar piada para diverti-lo, além de alguns bobos. Um deles era o anão Hop-Frog, que além do nanismo, tinha uma deficiência física que muito divertia o rei. Havia uma outra anã no palácio, belíssima e muito amiga do Hop-Frog. O rei adorava embebedar o anão, mais por perversidade e por achar divertido o quanto ele sofria com aquilo. Certa vez, às vésperas de uma grande festa, embebedou Hop-Frog e o ordenou a ter uma grande ideia para diverti-lo. O rapaz não conseguiu e ele ficou furioso. A anã tentou intervir pedindo para que o rei poupasse o anão. Mas ele jogou vinho no rosto dela e a empurrou. Foi aí que o anão teve uma grande ideia. Ele propôs uma brincadeira que fazia na terra dele antes de ser raptado para servir de bobo no palácio. Na verdade, seria a grande vingança. O rei e os ministros se vestiram de orangotangos acorrentados para assustar os convidados. O rei vibrou achando que iria se divertir. Até se divertiu, pois realmente assustaram a todos. Mas na hora de descobrirem a verdade, o rei e os ministros se descobriram verdadeiramente acorrentados e sob domínio do anão, que os tinha acorrentados, os acorrentou ainda mais e tocou fogo neles, aproveitando que era altamente inflamável aquelas vestimentas. Viraram cinzas e os dois anões nunca mais foram vistos naquele castelo.
Os fatos que envolveram o caso de Mr. Valdemar- o narrador do conto é uma espécie de especialista em mesmerismo. Ele conhece o Mr. Valdemar, que foi acometido de uma grave doença e não tem mais tanto tempo de vida. Ele combinou com o enfermo que aplicar a técnica de hipnose nele quando o médico dissesse que a morte realmente estava próxima. Assim se deu. Quando os médicos disseram que Mr. Valdemar não teria mais do que 24 horas de vida, o narrador foi chamado para o quarto e concretizou a técnica. Mr. Valdemar ganhou um aspecto de morto, mas reagia a alguns estímulos inclusive respondendo que estava morto. O caso espantou ou médicos, que o visitavam diariamente, assim como o narrador e seus assistentes. Assim foi durante sete meses, até que decidiram que era preciso acordá-lo. Não foi tarefa fácil. Era algo impressionante. Ele seguia do mesmo jeito, não havia mudado nada. Quando acordaram o Sr. Valdemar, o corpo dele imediatamente entrou em estado avançado de putrefação, tornando-se um líquido repugnante. É como se o hipnotismo tivesse interrompido a morte durante os sete meses.
O gato preto- o narrador do conto nos traz para a história confessando aos poucos as barbaridades que cometeu. Ele tinha um gato preto, o Pluto, lindo. Era uma de suas paixões. Dono e animal tinham uma conexão grande. Com o passar do tempo, ele começou a beber muito e ficar agressivo. Certo dia, totalmente embriagado, percebeu que o gato o evitava e ficou furioso. Pegou-o com violência e o bichinho, assustado, o machucou. Em transe de raiva, pegou um canivete e arrancou o globo ocular do gato. No outro dia, são e arrependido, acabou percebendo que o gato já tinha assimilado o golpe e já não sofria, levava a vida, mesmo com aquele buraco. Não suportou a presença do gato e o enforcou no quintal de casa. Dias depois, um incêndio destruiu totalmente a casa dele. Foi com a esposa morar em outra residência bem menor. Tempos depois, achou um gato branco na rua. Logo simpatizou com ele e o levou para casa. A esposa se apaixonou pelo bicho, mas aos poucos, o narrador foi tomando repulsa pelo gato, principalmente por reparar que o gato não tinha um dos olhos. E no pelo, tinha uma marca em forma de uma forca. Numa manhã, o casal desceu para o porão para fazer uma limpeza. O gato foi junto, passou na frente e quase desequilibrou o narrador, que por pouco não caiu escada abaixo. Furioso, ele ia largando uma machadada na cabeça do gato. Foi impedido pela esposa. Ainda mais transtornado, meteu o machado na cabeça dela, que morreu imediatamente. Para esconder o crime, emparedou a esposa e depois foi atrás do gato para dar cabo dele. Não o achou. Quatro dias depois, a polícia foi vasculhar a casa. Ele estava confiante, não havia como achar vestígios daquele crime. A parede estava perfeita, não parecia ter sido mexida. Até que, quando chegaram ao porão, ouviram o gemido vindo de dentro da parede. Era assustador aquilo. Quando abriram a parede, encontraram o cadáver em decomposição. O gemido era do gato, com olhos de fogo, que estava lá dentro.
Nunca aposte sua cabeça com o diabo- neste conto, Edgar Allan Poe escreve uma história que tem uma moral. Tobby Dammit é amigo falecido do narrador, que conta como se deu essa trágica morte. Este teve uma vida desgraçada desde pequeno. A mãe o batia muito. O narrador conhecia toda aquela realidade. Quando adulto, tornou-se incorrigível. Adorava apostas, e sempre dizia a frase de que apostaria a cabeça com o diabo que conseguia fazer tal coisa ou outra. Ou até mesmo para provar o que dizia. Passou a usar cada vez mais essa expressão. Certa vez, apostou com o amigo que conseguiria pular uma roleta. Neste meio tempo, apareceu um homem, já senhor, com o rosto meio escondido, montado em um cavalo. Ao dar o salto, caiu de costas no chão já sem a cabeça, que não poderia ser encontrada em parte alguma. O senhor saiu em disparada com o cavalo, parecendo carregar algo.
Assassinatos na Rua Morgue- o último conto é o carro-chefe do livro. Nele, conseguimos perceber nitidamente como Edgar Allan Poe inspirou os grandes gênios da literatura policial, como ele praticamente inaugurou esse estilo. Monsieur Dupin é um francês que pertenceu a uma família bastante tradicional e de posses, mas com o tempo, isso tudo ruiu e ele vivia modestamente. Conheceu um amigo estrangeiro, logo decidiram morar juntos para dividir as despesas. Esse amigo é o narrador da história. Os dois funcionam como Sherlock Holmes e Doutor Watson. Dupin tem uma perspicácia extremamente apurada, acima da média mesmo, e demonstrou isso diversas vezes. Certo dia, Paris entra em polvorosa com o brutal assassinato de mãe e filha na Rua Morgue. O crime hediondo parecia sem solução para a polícia. Simplesmente não havia pistas. Ouviram diversas testemunhas, cada uma deu a sua versão, todas iam por um mesmo caminho. A história, em detalhes, com base nos relatos, foi publicada no jornal de maior circulação. Mas nem sinal de um caminho mais concreto. Um dos homens que serviu de testemunha chegou a ser detido simplesmente porque foi a última pessoa a estar com as vítimas antes do bárbaro crime. O assunto despertou a curiosidade de Dupin, que resolveu por conta própria investigar. Em pouco tempo, conseguiu desvendar o mistério. O crime foi praticado por um Orangotango selvagem que havia sido capturado por um marinheiro e escapou. As pistas que fizeram Dupin chegar a esse desfecho são geniais. Ele conseguia pegar detalhes, muitos por dedução, que ninguém alcançava.