Oceano 08/01/2009
apenas uns trechos...
"Só uma vez fui verdadeiramente amado. Simpatias as tive, sempre e de todos. Nem ao mais casual tenho sido grosseiro ou brusco. Algumas simpatias que tive com pelo menos um auxílio meu poderia ter convertido em amor ou afeto. Nunca tive paciência ou sequer atenção de espírito para empregar esse esforço. A princípio, ao observar isso, percebi que tanto nos desconhecemos que descobri em minha alma uma razão de timidez.Mas depois descobri que havia um tédio das emoções, uma impaciência de me ligar a qualquer sentimento contínuo, sobretudo se houvesse de lhe atrelar um esforço prosseguido. A minha fraqueza da vontade começou sempre com a fraqueza de ter vontade. Assim como se sucederam as inteligências e as emoções, na vontade mesmo. Tenho uma sensação de tédio, como se o destino tivesse me imposto uma obrigação de amar. Um tédio, de um horroroso dever e de uma horrorosa reciprocidade, me faça dado com uma ironia de um privilégio que eu teria que maçar. De tédio, como se não bastasse a monotonia da vida ainda tinha que me sobrepor a monotonia de um sentimento definido".