Giovanni

Giovanni James Baldwin




Resenhas - Giovanni


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malucpinheiro 28/10/2023

Segundo o próprio autor, este livro não é exatamente um livro sobre homossexualidade, mas sobre o que acontece quando se tem medo de amar alguém. Dizer que O quarto de Giovanni é um clássico da literatura gay é reduzir, por um lado, um livro que fala de todos nós, da nossa ambiguidade contraditória confusa e humana. Da nossa necessidade, do nosso medo, esse desejo ambivalente que é Amar. Por outro lado, não podemos deixar de considerar que esta temática nesse livro consiste numa revolução importantíssima, especialmente contextualizando o momento de sua publicação. Através de uma profunda reflexão sobre os conflitos subjetivos e ambivalências sexuais, Baldwin nos presenteia com verdadeiras discussões filosóficas amplas, e reflete sobre o preço de fugir de si mesmo.

O que, afinal, é um homem? Um homem é diferente de um touro, mas ainda assim tem algo animal. O homem não é um ser natural, completamente pré-determinado pelos comandos biológicos. Por isso, são tão vastas as possibilidades de ser e estar no mundo. Daí, envoltos na questão do quê/quem somos nós, podemos discutir referenciais de padrões de comportamento, expectativas sociais, questões de gênero e sexualidade. O que devemos ser? O que é, afinal, proibido? Neste tão vasto mundo que não adianta me chamar Raimundo para me adequar a ele, só uma rima, sem solução. Mais vastos são os corações! (Parafraseando o poeta Carlos Drummond de Andrade, e seu Poema de Sete Faces).

Como psicóloga, o texto me levou a um encadeamento poético de conceitos Freudianos e Lacanianos. Inconsciente, repressão e recalque, Complexo de Édipo, pulsões e desejos ambivalentes. Os constantes espelhos e esse homem fragmentado que busca no olhar do Outro uma completude, um dizer de si, me remeteram imediatamente a Lacan. Lembrei-me também dos Sonhos e Delírios em Gradiva, aquele estudo de Freud, que nos leva a reflexão sobre a incapacidade de amar.

O prefácio me fez refletir sobre O sol também se levanta, do Hemmingway, lido antes dos 15 anos, lembrava da inquietação quanto aquela impotência que condenava os personagens.

Quanto amor se perde e é desperdiçado pelo medo de amar. Medo que a vulnerabilidade provoca, medo decorrente de traumas e feridas antigas. O ser-si-mesmo depende essencialmente dessa disponibilidade a vulnerabilidade. É preciso estar disposto a condição de vulnerabilidade para poder ser autêntico, e somente assim, autêntico e vulnerável, que o amor se torna possível.

Se navegar é preciso, e viver não é preciso. (Fernando Pessoa). Encontrar a si mesmo é uma necessidade. Uma bússola! A peculiaridade da expressão de querer se encontrar, que revela esse algo em nós desconhecido, que ?trai uma suspeita incômoda de que alguma coisa está fora do lugar? (p.47), que não é natural e pronto, mas a ser encontrado (ou construído?). Que nos faz cruzar os mais profundos e distantes oceanos, de águas que tanto simbolizam, em nossa cultura, as emoções, os sentimentos e o inconsciente. Esse paradoxo inexorável que partimos em busca ou em fuga, e acabamos, de fato, encontrando o que sempre esteve ali de alguma forma.
Alê | @alexandrejjr 28/10/2023minha estante
Parabéns pelo belo texto, Malu! Foi uma delícia de ler os teus apontamentos e conexões sobre o romance.




Andressa 28/10/2023

O quarto de Giovanni foi um encontro surpreendente. Uma narrativa em primeira pessoa que costura todos os conflitos possíveis de uma pessoa diante de sua própria sexualidade. Sexualidade essa que era negada, perseguida e punida.
James proporciona uma viagem no tempo e nela ensina tanto?
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chicoolinda 20/10/2023

Definitivamente quero ler mais obras do James Baldwin.

Desde o início da narrativa já é apresentando que se trata de uma tragédia, e o motivo pelo qual ocorreu fica subentendido até chegamos o ato final.
Gosto muito da forma como ele descreve paris, em como que torna a cidade responsável pela sua ruína, e por tudo que ele veio a se tornar.
Demorei até demais nessa leitura apesar de curta, tanto que quando cheguei no final não lembrava de algumas coisas do início.
Vale muito pena a leitura pela forma como o james escreve, tem muito drama por parte dos personagens e isso tem tudo haver pelo local e época no qual tão inseridos então pra quem gosta.
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Paula Marilia 23/09/2023

O amargor do que é oculto
Senti um gosto amargo durante toda essa leitura. David é um personagem torturante - para mim, para ele, para Giovanni... Covarde, egoísta, irresponsável e grosseiro. Mas, também, um pobre coitado transitando a esmo pela vida. Por tanto tempo, envolveu as pessoas em suas tramas confusas e ignorantes sobre seus desejos, e, quando descobriu, já era tarde demais. De qualquer forma, não acredito que ele teria feito algo, se tivesse tempo. Foi difícil não se contorcer com seus julgamentos, escárnios e repressões com si mesmo e com aqueles em sua volta.

Esse é um livro sobre medo: medo de amar alguém, de agir sobre esse amor e de enfrentar o que vem quando se assume uma identidade lgbtqiapn+. Tanto medo que te faz magoar pessoas inocentes e corajosas para o amor.

Obviamente, há todo um contexto por trás. E, contudo, não duvido que esses pensamentos, sentimentos e ações ainda ocorram nos dias de hoje.

"Olho meu sexo, meu sexo perturbador e imagino como poderá redimir-se, como o poderei salvar da lâmina. Já começou a jornada para o túmulo e a jornada para a corrupção já ultrapassou a metade de sua distância. Ainda assim, a chave para a minha salvação, que não pode salvar meu corpo, está oculta em minha carne".

Baldwin, por outro lado, foi absurdamente corajoso com a publicação desse clássico incrível.
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letresenhas 21/09/2023

As the world caves in - Matt Maltese
Isso foi incrível! Incrível porque o autor teve uma coragem descomunal para lançar um livro com essa temática e tão aberto sobre ser queer em uma época em que literalmente era crime. Eu amei o plot, eu tenho sim críticas concretas sobre como alguns personagens foram desenvolvidos, mas acredito que seja anacrônico da minha parte desenvolvê-las neste texto.
Além disso, eu achei a escrita ótima, realmente parece ter mais páginas do que realmente tem e me trouxe reflexões que talvez eu demore dias para superar. Fazer o que se eu amo a melancolia e personagens melancólicos mudam minha maneira de ver a vida toda vez.

?E nós bebemos algumas garrafas, meu bem
E deixamos a nossa dor de lado
?
Os jornais dizem que é dia do juízo final
?
E aqui está, nossa última noite vivos
E à medida que a Terra vai queimando
?
Oh, garota, é com você que eu me deito? - as the world caves in
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Raony 17/09/2023

Tá nos destaques dos stories. Uma daquelas correntes-desafios que fiz lá nos primórdios do meu Instagram. Daí tinha a categoria livros LBTQIAPN+ (na época acho que a sigla ainda era menor). E eu percebi que não tinha lido quase nada nessa seara.

Demorei, mas fui atrás pra sanar essa lacuna. E eu não aprendo, né? Pesquisei pra ver quais os mais recomendados, e acho que comecei já com o melhor. Osso, viu? Agora provavelmente vou achar os outros fracos. Mas enfim. Muito bom. O narrador é detestável, né? Assim, não em si, mas em suas ações causadas pelas inseguranças e pela repressão da sua sexualidade. Que são perfeitamente compreensíveis, claro. Mas gera sofrimentos enormes em todos, absolutamente todos, os envolvidos. Como diz um clássico contemporâneo: "ninguém vai sofrer sozinho, todo mundo vai sofrer".

Não quero entrar em detalhes pra não dar spoiler, mas, em suma, todo mundo fudido ali, de maneiras diferentes, mas todos fudidos. E é incrível que, embora ele trate principalmente da sexualidade, subrepticiamente (dando orgulho ao louco de palestra) tenha muito de violência de gênero (machismo, mesmo) e racial. Nesse último ponto o destaque é que os personagens principais são todos brancos. Até a parede do quarto é branca (suja, coberta por papéis de parede). Giovanni é italiano, David e Hella estadunidenses, os outros franceses. Tem um posfácio maravilhoso, essa edição. E lá ele fala (Hélio Menezes, o autor do posfácio) dessa recepção pela comunidade negra de um autor negro, escrevendo sobre brancos. Ficaram doidos, né? Os Panteras Negras, revoltadíssimos. Daí ele conseguiu (o Baldwin, agora) a proeza de ser odiado pelo FBI, que o monitorava o tempo todo, e pelos Panteras, que o considerava isentão, sem compromisso. Foda. Um livro foda. De um cara foda.
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Alê 16/09/2023

Que livro triste...
Uma história lindíssima e na mesma medida triste. Triste pelos acontecimentos, triste pela dor de não se entender, triste pela dor de começar a se entender e temer o que se é por conta de uma sociedade que exige que vc seja de outra maneira, principalmente nos anos 50 que é o cenário dessa história onde a vida das pessoas lgbt era muito mais difícil do ainda é hoje em dia. E acima de tudo triste pelo que poderia ter sido e não foi apenas pelo medo, confusão e dor de ser diferente do esperado. Lindo! Leitura recomendadíssima!
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Francisco.Tambani 10/09/2023

?Estou em pé à janela de um casarão no sul da França enquanto a noite cai, a noite que me conduzirá à manhã mais terrível da minha vida.?
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judas2 04/09/2023

O clássico mais diferente que eu li e um dos mais bem escritos. o jeito que esse homem conta a história é perfeita e não é atoa que esse livro gerou tanta polêmica. queria ver mais da relação de david e giovanni durante aqueles 2 meses no quarto, pena não terem mostrado. é muito interessante pq o david não é exatamente um protagonista "bom", mas a gente entende ele assim como o giovanni. é uma obra que fala muito sobre masculinidade e sexualidade de um jeito único
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Neylane Naually 29/08/2023

Referência
O quarto de Giovanni relata um romance instável entre um estadunidense, David, e um italiano, Giovanni, em Paris. O livro mostra uma linha muitas vezes impossível de ser cruzada entre os sentimentos e o que se deve fazer para seguir um rumo mais seguro na vida. David, ao escolher se afastar do amor que sente por Giovanni, acaba condenando os dois, acentuando a problemática da marginalização da homossexualidade e como isso impacta negativamente as relações afetivas. O enredo é bem simples e a história é curta, mas a escrita de James Baldwin é fenomenal e isso já se comprova nas primeiras páginas do livro.

Nós começamos a história já sabendo que Giovanni foi condenado à pena de morte, e aos poucos vamos descobrindo os motivos que levaram a essa sentença e como se deu todo o relacionamento dos dois. David se mostra em todo momento muito divido entre seus sentimentos homoafetivos e sua ética moral que exige que ele desemprenhe o papel de um homem heterossexual. Giovanni se entrega mesmo percebendo que talvez tudo acabe em corações partidos.

"Se não pode amar-me, eu morrerei. Antes de você vir, eu queria morrer. Já lhe contei muitas vezes. É cruel fazer-me querer viver, só para tornar minha morte mais sangrenta!"

Além da temática homoafetiva já chamativa para a época, o livro também chamou a atenção por não ter personagens negros. Baldwin, homem negro, era um autor em ascensão e marcado pela sua contribuição para a literatura afroamericana, na época o romance foi acusado de ser uma digressão. Porém, há de se considerar que Baldwin promove um questionamento acerca da percepção sobre o porquê de um autor negro ter que se ater a certos limites temáticos e não poder expandir as fronteiras da sua criação literária.

É uma obra lindíssima, triste, repleta de sensações e sentimentos e que foi escrita com muito afeto. Baldwin solidificou seu nome na literatura queer com um livro que até hoje é referência para diversos escritores e leitores ao redor do mundo.

"Alguém, seu pai ou o meu [...] devia ter dito que não são muitas as pessoas que morrem por amor. Mas multidões inteiras pereceram, e estão perecendo a toda hora e nos lugares mais estranhos, por falta dele"
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dudde 25/08/2023

Acho bastante pertinente a maneira como Baldwin lida com os problemas que aborda
é particularmente mais interessante enxergar o íntimo dessas personagens sendo alguém que não se identifica com a maioria das problemáticas de Baldwin
mais ainda dado que foi escrito num tempo anterior da popularização da interseccionalidade

no geral, muito bom livro
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clareca 14/08/2023

Dor
Esse livro narra um processo terrível e miserável de autodescobrimento e aceitação. Diz muito à respeito do medo e do prazer, da vontade e da impossibilidade, do querer e do poder.

Entretanto, o comportamento do ser enquanto indivíduo afeta todos. Ao tentar encontrar o ?meio-termo?, o equilíbrio, o protagonista é tomado por essa onda temerosa que machuca quem ama por não conseguir admitir, aceitar e conviver com o seu ?eu? mais íntimo.

Tanto Giovanni, quanto Hella, ficaram exaustos mentalmente, foram levados a uma insanidade irracional devido a uma mentira, pois nenhum nem o outro seriam o suficiente, o ideal.

Giovanni, por um lado, foi usado como um experimento, e abandonado como um objeto inanimado; não houveram considerações a respeito de seus sentimento, a quem ele era como ser humano. Ele enlouqueceu (quem não enlouqueceria estando em seu lugar também?). O motivo final nunca saberemos: foi um ato de autodestruição ou vingança? O grande pensar do livro, assim como a autosabotagem e o autodescobrimento.
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Rafa569 02/08/2023

Não fluiu para mim
Eu fui com certa expectativa, mas não fui alcançado pelo livro. Entendo o contexto histórico, mas achei extremamente datada a história, com muitos problemas de desenvolvimento dos personagens. Eu não me importei com nenhum deles, principalmente o protagonista. O único que me importei foi com o próprio Giovanni, mas mais pela tragédia do que pelo seu desenvolvimento. A relação que foi construída não é bem trabalhada ou elaborada, tudo fica no campo da imaginação e especulação (não que necessitasse de ser algo explícito, mas que pelo menos fosse mais desenvolvido o sentimento de um pelo outro). Não gostei, infelizmente
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y.as.me 01/08/2023

?Somebody," said Jacques, "your father or mine, should have told us that not many people have ever died of love. But multitudes have perished, and are perishing every hour - and in the oddest places! - for the lack of it.?
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