Ley 09/08/2020Eis um livro que acabou comigoEsse livro esteve na minha lista de desejos há um tempo, mas acabei deixando para depois. Os comentários a respeito dele sempre foram ótimos, e ele pareceu um livro bem completo, com um enredo bem construído. Os principais comentários sobre ele que vi, foram a respeito de desastres atrás do outro, então eu deveria me preparar para isso.
Bom, acontece que talvez eu não tenha me preparado exatamente para o que estava por vir. O livro não tem uma parte necessariamente introdutória, com apresentações costumeiras. No primeiro capítulo já tem fatalidades que me deixaram de queixo caído. A partir disso, imaginei que esse seria o impulso para o desenvolvimento da história, então talvez as fatalidades acabariam ali, por enquanto.
E mais uma vez, não foi isso que aconteceu. Após essa apresentação turbulenta, o livro continua cheio de tragédias e não tem trégua. Esse foi um impacto que me deixou presa na leitura. Eu mal tive tempo para digerir uma, enquanto a outra já estava preparada.
A autora criou um universo que há um Império governado pelo povo denominado Marcial. A história nos dá a entender que houve uma guerra entre ele e outros povos, então ele ganhou e assumiu o governo. Os marciais se consideram superiores, e consequentemente subjuga os outros povos que eles derrotaram, muitos foram até mesmo transformados em escravos. Um desses povos se chama Eruditas.
Aqui há dois protagonistas e narradores. Elias nasceu entre os Marciais e foi treinado como um Máscara, que é como um soldado e executor a favor do Império. Enquanto isso, Laia é uma Erudita, vive com pouco, e tinha liberdade até virar uma escrava e ser designada para a casa de uma comandante, perto de Elias.
A história dos personagens é complicada e entendo a posição de ambos. Elias é diferente das pessoas ao seu redor e questiona seus deveres, assim como a brutalidade do Império. Contudo, ele não pode mudar muita coisa, já que é o único que pensa assim. Já Laia, tenta a todo custo alcançar seus objetivos contra o Império, mesmo que se considere fraca e seja uma escrava.
Os dilemas que os personagens apresentam são críveis, e em seus lugares eu ficaria igualmente desnorteada. Ao longo do livro o caminho deles se cruzam, e suas vidas tomam rumos inesperados. Devido a grandeza e consequência de alguns acontecimentos, em certos momentos eu já não sabia se conseguiria terminar a leitura sem ceder ao desespero.
Com um Império seletivo e com um tipo de governo totalitário, o livro tem fortes críticas políticas. Há uma imagem clara de injustiça, que infelizmente só podemos observar, mas serve para tomarmos uma consciência da grandeza disso. É importante deixar os leitores avisados que neste livro temos que ser atentos a todos os personagens. Há traições que, algumas eu já esperava, enquanto outras me pegaram desprevenida.
O livro tem um drama enorme, mas até mesmo eu que não curto o gênero, acabei envolvida devido ao contexto dele ser empregado na fantasia. E, como disse, os dilemas dos personagens é algo que compreendi. Percebi que o crescimento de Elias e Laia será na base do sofrimento mesmo, então eu estou temendo bastante o que está por vir nos próximos volumes.
A leitura foi frenética, então finalizei a obra em pouco tempo. Contudo, o livro me deixou tão abalada em alguns momentos, que torci veementemente para que tudo desse certo, por mais que as chances fossem outras.
Algo impressionante a respeito do universo criado neste livro, é a influência da mitologia árabe como parte integrante do enredo. Seres como djiins, ifrits e ghouls, são citados, assim como um pouco da descrição do lugar onde os protagonistas estão.
site:
https://www.imersaoliteraria.com.br/2020/07/resenha-uma-chama-entre-as-cinzas-livro.html